Projeto busca conscientizar homens autores de violência doméstica
Objetivo é de conscientizar homens envolvidos na violência de gênero para que eles aprendam a reconhecer, perceber e reconstruir seus ideais
atualizado
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O Projeto RenovAÇÃO, realizado pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), tem o objetivo de conscientizar homens envolvidos na violência de gênero para que eles aprendam a reconhecer, perceber e reconstruir sobre os valores da masculinidade, promovendo responsabilização e evitando a criminalidade familiar além de incidir na diminuição da violência doméstica. Mais de 400 homens envolvidos em situação de violência doméstica já foram atendidos pelo programa desde 2019.
O grupo reflexivo e psicoeducativo previstos na Lei Maria da Penha (Lei Nº 13.984/20) para homens autores de violência doméstica, é coordenado e desenvolvido pela Subsecretaria de Atividade Psicossocial da DPDF (Suap/DPDF). Os autores envolvidos em situação de violência doméstica são encaminhados pelos Núcleos Judiciários da Mulher com a parceria de cinco circunscrições: Taguatinga, Recanto das Emas, Santa Maria, Sobradinho e Riacho Fundo.
Para Celestino Chupel, Defensor Público-Geral, a mediação com homens envolvidos em situações de violência doméstica é de extrema importância por motivos como a reeducação, interrupção do ciclo de violência, a promoção da segurança e bem-estar das vítimas e a precauçao da reincidência. “Os grupos devem ser parte de uma abordagem interdisciplinar e educação para atingir efetivamente seus objetivos. O Projeto RenovAÇÃO Homens possibilita a reflexão dos comportamentos violentos em atitudes construtivas, contribuindo para uma sociedade mais segura e igualitária, desempenhando um papel crucial e eficaz para enfrentar a violência contra as mulheres”, afirmou.
Roberta de Ávila, psicóloga, subsecretária da Suap, idealizadora e coordenadora do Programa Renovação Homens, explica que a ideia do projeto é justamente promover a consciência de gênero para que funcione como fator de proteção para a saúde mental, ocasionando assim novas formas de se relacionar, de pensar e estar no mundo. “O programa visa para além da responsabilização alcançar uma perspectiva de gênero, constituindo uma importante política de enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar. Incluir homens envolvidos em situação de violência doméstica na solução do problema é essencial. O caminhar nos grupos reflexivos e as partilhas das vivências traz um espaço de escuta e fala e de ressignificação da estrutura patriarcal, aplicando o olhar para a desconstrução da violência de gênero”, explica a psicóloga.
Um homem que participou do projeto compartilhou seu aprendizado adquirido. “Pude me tornar mais consciente das minhas ações e busco agir de forma mais respeitosa e igualitária em relação às mulheres. Atualmente aplico os conhecimentos aprendidos nas minhas interações cotidianas, promovendo um ambiente mais acolhedor, respeitoso e empático”, explicou. Os ensinamentos provocam mudanças significativas de atitudes, comportamentos e práticas na vida dos participantes. “Reconhecer os meus erros, manter o controle emocional em condições adversas, saber a importância do diálogo e o quanto ele é fundamental na solução dos problemas fez grande diferença na minha vida” agradeceu outro integrante.
Violência contra a mulher
O conceito de violência contra a mulher determinado pela Convenção de Belém do Pará (1994) aponta para amplas formas de violência contra mulher , definindo como “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado” (Art. 1°).
Grande parte das agressões cometidas às mulheres é praticada em âmbito privado. Um dos principais tipos de violência empregados contra a mulher ocorre dentro do lar, sendo esta praticada por pessoas próximas à sua convivência, como maridos/esposas ou companheiros/as, sendo também praticada de diversas maneiras, desde agressões físicas até psicológicas e verbais.
Números do feminicídio
O Brasil bateu recorde de feminicídios em 2022. Segundo o Monitor da Violência, foram 1,4 mil assassinatos.
O DF já soma 27 casos de feminicídios. Esses números já superam em quase 50% os episódios do ano passado, quando ocorreram 17 casos. Do total desses crimes, 66% aconteceram no interior das residências e 25% em ruas, praças e estacionamentos. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-DF), em 2023.
De acordo com o levantamento, o principal motivo para a realização do crime é o ciúme. Cerca de 77% das vítimas sofreram violência antes do feminicídio acontecer e 51% delas não registraram ocorrência contra o autor. A região de Brasília com mais casos é Ceilândia, com um total de seis casos.