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Professores protestam após troca de coordenadores regionais de ensino

Em apenas um dia, governo fez 18 substituições de titulares e auxiliares. Para docentes, faltou diálogo com comunidade escolar

atualizado

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1 de 1 professores com cartazes - Foto: material cedido ao Metrópoles

O Governo do Distrito Federal (GDF) trocou coordenadores e auxiliares das Coordenações Regionais de Ensino (CREs) de três regiões administrativas nessa quinta-feira (11/2). Na primeira edição do dia, o Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) registrou mudanças nas regionais do Paranoá e de Santa Maria. Uma edição extra foi publicada à noite e trouxe substituições nos cargos em Ceilândia. Ao todo, 18 pessoas das equipes dessas cidades foram afastadas só nessa quinta.

Professores de escolas públicas ouvidos pelo Metrópoles alegam que o governo não consultou a comunidade escolar antes de fazer as trocas e protestam contra o que dizem ser um processo pouco democrático.

Os diretores de escolas do Paranoá organizaram um ato (foto em destaque) nessa quinta, após tomarem conhecimento de que o então coordenador de ensino da Região Administrativa, Isac Aguiar de Castro, tinha sido exonerado do cargo. Em seu lugar, assume Ranieri Carneiro Falcão.

Dos 33 diretores de escolas públicas da cidade, 31 deles participaram do ato contra a mudança de gestão. Ainda assim, os que conversaram com a reportagem pediram para não ter os nomes revelados, a fim de evitar represálias. No geral, a indignação dos educadores é com a falta de diálogo com a comunidade.

“Nós só pedimos que sejamos ouvidos”, disse uma educadora. Uma diretora reclamou do que chamou de barganha nas CREs. “Estão querendo fazer da educação, mais uma vez, moeda de barganha, moeda de troca. Tiraram um coordenador filho da nossa cidade, que conhece os nossos problemas”, lamentou.

Para outra diretora que participou da manifestação, o maior problema é o momento no qual as trocas acontecem, “no meio de uma pandemia, quando é preciso ter continuidade nas estratégias de ensino para uma retomada [das aulas], e no meio das férias escolares”.

Outras substituições

Da Regional de Ensino de Santa Maria, saiu o coordenador Augusto César da Silva Freire, que será substituído por Claudiney Formiga Cabral. Em Ceilândia, Marcos Antônio de Sousa deu lugar a Helder Ferreira Gonçalves.

Além dos três coordenadores, seus auxiliares foram substituídos, num total de 18 alterações no comando das três regionais de ensino.

Veja as trocas por região administrativa:

  • Regional do Paranoá: Coordenador de ensino e 7 auxiliares
  • Regional de Santa Maria: Coordenador de ensino e 4 auxiliares
  • Regional de Ceilândia: Coordenador de ensino e 4 auxiliares
Quebra de acordo

Segundo os educadores da rede pública, durante a campanha eleitoral, o governador Ibaneis Rocha (MDB) teria feito um acordo com a categoria, comprometendo-se a aceitar uma lista tríplice para as indicações dos coordenadores regionais de ensino.

Conforme os docentes, esse acordo vem sendo desrespeitado pela gestão do emedebista, que, além das três regionais citadas, já teria feito substituições em Sobradinho, Taguatinga e São Sebastião.

Servidores de São Sebastião protestaram em setembro de 2020, após trocas na CRE da cidade, e enviaram nota de repúdio para o secretário de Educação, Leandro Cruz, e o governador, após as exonerações. O documento foi protocolado no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do GDF.

“Entendemos que essa ação tem viés de apadrinhamento, que desconsidera as construções previamente estabelecidas para a escolha política de nossos representantes locais”, registraram os educadores.

O texto encaminhado ao GDF destacava ainda que a nova coordenadora não tinha “vínculos” com a instituição que comandaria. Na avaliação dos profissionais de educação, a troca foi desnecessária e causou insegurança. Na ocasião, o Executivo promovia alterações para acomodar aliados, no momento em que a Câmara Legislativa (CLDF) discutia a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, para investigar denúncias na Secretaria de Saúde do DF.

A diretora do Centro Educacional Darcy Ribeiro, Aldeneide Rocha, explicou que o protesto dessa quinta não foi feito contra o novo coordenador da CRE do Paranoá, mas organizado para que os servidores da Educação na cidade entendessem o motivo pelo qual as indicações da comunidade não foram respeitadas.

“Nossa maior preocupação é que a pessoa que estará à frente [da Educação do Paranoá] é alheia a nossa comunidade. Alguns diretores estão receosos, com medo de retaliações, mas acho que temos que entender o que é o correto, entender por que nosso acordo não foi respeitado, só isso”, explicou.

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Diretores de escola reclamam de falta de participação nesse processo
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Diretores de escola reclamam de falta de participação nesse processo

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Para o diretor do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), Cleber Soares, o principal objetivo para a educação no DF deveria ser o fortalecimento da gestão democrática nas escolas.

“Nossa desconfiança é que essa é uma mudança política para acomodar aliados, já pensando em 2022. E que o fundamental era discutir as questões pedagógicas, as condições de volta às aulas, e não fazer movimentos eleitorais”, disse. “É uma mudança muito ruim, que desconstrói o que foi feito no início do governo, de democracia na educação”, completou o diretor do Sinpro-DF.

Outro lado

A reportagem questionou a Secretaria de Educação (SEE) sobre o motivo das trocas nas coordenações regionais de ensino. Até a última atualização desta matéria, a pasta não tinha se pronunciado.

O Metrópoles tentou ainda, sem sucesso, contato com os novos coordenadores das regionais de ensino, pelos telefones disponíveis no site da SEE. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

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