Professores de faculdade fazem greve após fracionamento de salário
Paralisação pode ser suspendida em janeiro do ano que vem após assinatura de acordo coletivo
atualizado
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Com histórico recente de atrasos nos salários e não pagamento de contribuições trabalhistas, parte dos professores da Faculdade JK Michelangelo decidiram pelo estado de greve na instituição de ensino. A paralisação teve início em 8 de dezembro deste ano e contou com apoio do Sindicato dos Professores de Estabelecimentos Particulares de Ensino Particulares do Distrito Federal (Sinproep). Esse é o segundo movimento de paralisação realizado após a venda da instituição de ensino para outra mantenedora em agosto de 2021 por R$ 3 milhões.
De acordo com os docentes que integram a paralização, entre 18 e 22 de outubro, representantes da compradora realizaram reuniões com os professores e prometeram pagar, a partir do quinto dia útil de novembro, o salário de forma integral, bem como, ajustar os déficits dos impostos trabalhistas. Cada um recebe cerca de R$ 700 por disciplina lecionada.
Ainda segundo os professores, o pagamento na data prometida foi feito de forma fracionada, sem qualquer justificativa. Motivo pelo qual alguns docentes suspenderam as aulas por alguns dias.
Com a manutenção do quadro de fracionamento do ordenado em dezembro, uma parte maior de docentes se organizou para iniciar o movimento paredista com apoio do Sinproep.
“Conheço professores que dependiam só daquilo [Faculdade JK]. Tiveram que pegar empréstimo para comprar gás, comprar fralda para os filhos”, relata Manfredo*, um dos professores que aderiu à paralisação. “Estão ameaçando demitir os professores que participaram da reunião de indicativo de greve”, lamenta Juscelino*, outro integrante do movimento.
O que diz a compradora
O gestor do processo de transição da Faculdade JK, Jaime Oliveira, 62 anos, diz que “fica muito admirado” com a situação. “[Os professores] sempre tomaram porrada desde 2014, 2015… e só agora que nós assumimos que eles vão parar? Vão fazer greve agora que o salario está em dia?”, questiona o representante do Instituto Erich Fromm de Educação.
Em resposta ao Sinproep em 9 de dezembro, a nova gestora prometeu regularizar os pagamentos de forma integral até abril do ano que vem. No documento, também promete manter o 50% do décimo terceiro e o terço constitucional de férias.
A empresa justificou o fracionamento dos salários por conta da queda de receita, oriunda das paralisações. “No primeiro indicativo de greve, tivemos um prejuízo de R$ 30 mil porque os alunos param de pagar as mensalidades”, reclama Jaime.
A fim de colocar as contas em dia, a Ericc Fromm informou que iniciou uma política de desligamentos de funcionários com salários desproporcionais aos demais professores. Outra medida adotada pela empresa será a suspensão de contratos de trabalho como forma de evitar demissões.
Histórico de dívidas
De acordo com os docentes, no segundo semestre de 2019, a antiga dona da instituição, a Associação Rivail, atrasou o salário dos professores por seis meses, não pagou o FGTS, nem 13º e as férias dos funcionários.
Como parte da negociação de venda, o Instituto Erich Fromm de Educação assumiu todos os atuais funcionários, assim como as dívidas passivas referentes ao: INSS, FGTS, IRRF e PIS deles.
O não pagamento de alguns direitos é outra reclamação dos professores que alegam ter recebido outro indicativo da atual gestão durante as primeiras reuniões. “Ficar eu não consigo mais não. Ansiedade já está virando, depressão, pânico. É um relacionamento abusivo”, lamenta Juscelino.
Negociações com o Sinproep
Está marcada para o início de janeiro do ano que vem uma reunião com integrantes do movimento paredista, Sinproep e representantes do Instituto Ericc Fromm para discutirem um acordo coletivo. Caso seja aceito entre ambas as partes, o documento seguirá para o Ministério do Trabalho para homologação.
*Os personagens pediram para não serem identificados, por isso, os nomes citados na matéria são fictícios.