Professora testa positivo para Covid e creche do DF suspende retorno
Pais de alunos reclamam de falta de informações em relação a medidas que devem ser adotadas em casos de diagnósticos de Covid-19
atualizado
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Creches parceiras da Secretaria de Educação do Distrito Federal retomaram as atividades presenciais nesta segunda-feira (5/7). Na Asa Sul, porém, uma unidade não reabriu devido a um caso de Covid-19 entre os funcionários do local.
Em comunicado enviado a pais de alunos, a creche Casa do Candango, na 603 Sul, informou que um funcionário que teve contato com toda a equipe escolar testou positivo na sexta-feira (2/7). O Metrópoles apurou que trata-se de uma coordenadora da unidade.
“Assim, seguindo os protocolos de saúde relacionados à pandemia, nossas aulas presenciais têm retorno marcado para o dia 16/07/2021. As aulas seguirão de forma remota, transmitidas pela plataforma Google Sala de Aula”, informou a instituição, no comunicado.
Veja:
As creches estavam há um ano e quatro meses mantendo aulas remotas, devido à pandemia do novo coronavírus. Após se prepararem para a nova rotina nesta segunda, mas não conseguirem levar as crianças para as aulas, pais de alunos reclamam de falta de informações em relação a medidas que devem ser adotadas em casos de funcionários diagnosticados com Covid-19.
Uma mãe, de 32 anos, que pediu para não ser identificada, relatou à reportagem que tem um filho de 1 ano e 9 meses na instituição de ensino. Ela havia planejado retomar o trabalho em horário comercial nesta semana, mas precisou mudar a programação devido à não reabertura da creche.
“Eu sou autônoma, trabalho de casa e geralmente no fim de semana, de madrugada, então já tinha comunicado aos clientes o planejamento normal, numa rotina de horário comercial e tive que voltar atrás em relação a tudo”, comentou.
“Fora as próprias crianças, porque a Casa do Candango é integral, então tem os horários, que eles já pedem para a gente adaptar as crianças […] Você faz toda aquela adaptação de rotina, de hora do sono, das etapas que vão ser feitas na creche, da alimentação… E aí volta tudo atrás”, completou.
Na visão dela, a sensação é de “insegurança” para os pais. “Da idade do meu filho são crianças que têm 1 ano, então nasceram na pandemia. São crianças que já estão passando por uma reintrodução social, que ficaram um tempo a mais com a família e agora que estão se readaptando ao convívio social, e fica tudo muito incerto”, pontuou.
“Esse documento que eles mandaram para a gente suspendendo diz que as aulas voltam numa sexta-feira (16/7). Quer dizer, você leva a criança numa sexta, depois ela passa dois dias em casa e na segunda a gente não sabe. Ficamos nessa insegurança porque a qualquer momento a gente pode acordar e ter um documento suspendendo as aulas”, acrescentou.
“A gente não teve nenhuma informação sobre nada. Por que 15 dias? Qual a diretriz? De onde foi tirado esse protocolo?”, questionou.
Uma mulher de 39 anos, que tem uma filha de 1 ano e 10 meses na instituição, reforça a sensação de incerteza com o retorno das aulas na rede pública do DF em meio à pandemia. “Eu tinha programado tudo para voltar ao presencial nesta semana, porque a creche fica na 603 Sul e eu trabalho no Setor Bancário Sul. Deixaria a minha filha na creche e iria trabalhar. A pessoa que me ajudava aqui em casa foi dispensada, a empresa estava esperando que eu voltasse ao presencial hoje”, narrou.
“Foi agendado o retorno para esta segunda e estava tudo certo. Quando foi na sexta-feira à noite, enviaram um comunicado informando que não iriam reiniciar [as aulas] hoje. A gente entende que é protocolo para proteger todo mundo, mas a dúvida dos pais é: toda vez que alguém testar positivo essa pessoa vai ser isolada ou a creche toda vai fechar? A gente não tem nenhum posicionamento, nem da Secretaria de Educação”, destacou a mãe.
Segundo ela, os pais compreendem a necessidade de proteção da comunidade escolar. No entanto, ressaltam que faltam informações aos responsáveis.
“A diretora, os coordenadores lá, sempre foram muito atenciosos”, disse. “O que informaram para a gente é que, como a coordenadora teve contato com todo mundo, mesmo tendo os cuidados de higienização, usando máscara, e ela teve que entrar em todas as salas, preferiram que todos os funcionários entrassem em quarentena. Mas a gente precisa se programar porque a maioria dos pais, assim como eu, está em home office, e a empresa [em que trabalham] aguarda um posicionamento nosso”, comentou.
O Metrópoles procurou a escola por e-mail para um posicionamento oficial, mas não teve retorno até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto para eventual manifestação futura.
Protocolos
A Secretaria de Educação criou um guia de orientações a fim de recepcionar trabalhadores, pais e crianças. Em relação às medidas que devem ser adotadas em casos de suspeita ou confirmação de Covid-19, o guia pontua as seguintes ações:
- Os funcionários devem informar imediatamente à direção da IEP (Instituição Educacional Parceira), caso apresentem sintomas de síndrome gripal e/ou convivam com pessoas diagnosticadas com a doença.
- As pessoas que apresentarem sintomas gripais deverão ser isoladas imediatamente e encaminhadas para a unidade de saúde mais próxima para investigação e diagnóstico. Até o resultado conclusivo da investigação, os suspeitos de contaminação deverão permanecer afastados do ambiente escolar e seguir as orientações médicas.
- As pessoas que tiveram contato com outras com suspeita de contaminação deverão ser monitoradas. Os mesmos procedimentos devem ser adotados para aquelas que convivem com pessoas diagnosticadas com a doença.
- Reforçar a limpeza dos objetos e das superfícies utilizadas pelo indivíduo com suspeita de Covid-19, bem como da área de isolamento.
- Manter o acompanhamento de todos os funcionários e crianças afastados para o isolamento domiciliar (quem, quando, suspeito/confirmado, em que data, serviço de saúde, onde é acompanhado, se for o caso etc).
- Notificar a suspeita de surto imediatamente, em até 24 horas, ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – CIEVS-DF, pelo telefone (61) 99221-9439 ou e mail: noficadf@gmail.com.
As orientações, contudo, não detalham se as aulas devem ser interrompidas em casos de funcionários ou alunos diagnosticados com o novo coronavírus – como é o caso da creche Casa do Candango –, bem como por quanto tempo ficam suspensas.
O que dizem as secretarias
O Metrópoles procurou a Secretaria de Educação e questionou se, nesses casos, as creches ficam temporariamente fechadas ou se apenas os funcionários contaminados são afastados e as turmas afetadas têm aulas presenciais suspensas. A reportagem também perguntou para a Secretaria de Saúde se os educadores serão testados e quais são os protocolos para o retorno após eventual contaminação.
Em nota, as pastas disseram que “os protocolos para casos confirmados devem seguir as orientações de afastamento, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde”. “Todo caso sintomático pode procurar uma unidade básica de saúde para testagem e atendimento médico. São 10 dias de afastamento após o início dos sintomas ou do teste positivo”, informaram.”