Professora do “look do massacre” se explica nas redes: “Humor ácido”
Segundo a educadora, foto foi “sem noção” e “totalmente inapropriada”, mas fazia parte de uma brincadeira com “humor ácido”
atualizado
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A professora Lorena Santos, 28 anos, usou as redes sociais para se justificar sobre suas postagens com um “look especial” para o “dia do massacre”. Segundo a educadora, a foto foi “sem noção” e “totalmente inapropriada”, mas fazia parte de uma brincadeira com “humor ácido” diante de uma situação de caos, como são as ameaças a escolas.
Veja o vídeo:
➡️Professora do “look do massacre” se explica nas redes: “Humor ácido”
Segundo a educadora, foto foi “sem noção” e “totalmente inapropriada”, mas fazia parte de uma brincadeira com “humor ácido”.
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— Metrópoles (@Metropoles) April 22, 2023
No dia 20 de abril, a servidora, que dá aula no Centro de Ensino Fundamental (CEF) Zilda Arns, no Itapoã, postou foto com um “look especial” para o “dia do massacre”. Na publicação, ela acrescenta: “Se eu morrer hoje, estarei belíssima pelo menos”. A data faz alusão ao fatídico massacre cometido em Columbine, nos Estados Unidos, em 1999. Nesse atentado, dois alunos mataram outros 12 estudantes e uma professora do colégio.
“Então assim, a minha forma de lidar com o caos e as tragédias da minha vida é assim. Não vou mentir, muita gente me acompanha exatamente por este motivo. Porque gostam de ver esse tipo de coisa, de humor, de felicidade, apesar das dificuldades e dos traumas. Então, não vou mentir falando que não sou assim. Sou sim, daquele jeito, aquele tipo de situação, aquele tipo de humor é de mim, e ultrapassa o limite”, disse a professora.
A mulher pediu desculpas pela forma que falou: “Estou passando por todas as consequências, estou encarando tudo. Eu acho que as consequências têm que ser proporcionais”. Para Lorena, as acusações de que estaria incentivando os ataques não fazem sentindo porque “está na linha de frente” e não faria sentindo promover algo contra ela mesma.
“Usar uma roupa confortável”
Em outro stories, ela comenta que a situação de medo é do cotidiano do professor. “Já que a gente se vê de mãos atadas, a gente faz o que dá pra fazer. Não foi diferente com essas ameaças. Já que não dá mais para gritar por segurança, o que que a gente pode fazer? Usar uma roupa confortável, não usar salto…”.
Ela continua: “Nesse sentido, eu postei fazendo um paralelo àquela brincadeira que a gente faz: ‘Se a gente sofrer um acidente, pelo menos a minha calcinha não pode estar furada’. […] A gente não tem o que fazer mais, a não ser se preocupar com uma coisa banal como a roupa. A gente fica tão indignado que não tem o que fazer que a última coisa que me resta é agir como sempre ajo diante de situações de traumas e perigos. É um tipo de humor ácido”.
“Para enfatizar que estou na linha de frente, sou também uma possível vítima dos ataques, das ameaças e ataques. Nós, professores, não tivemos o privilégio de escolha de não irmos à escola. Os alunos tiveram essa escolha de não irem para escola”, diz a servidora.
PCDF abre investigação
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu, na manhã dessa quinta-feira (20/4), investigação para apurar a conduta da professora Lorena Santos.
Em tese, a conduta pode tipificar a contravenção penal de “provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto”. A pena para a ação é prisão simples, de 15 dias a seis meses, ou pagamento de multa.
Após a polêmica, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) também se manifestou e informou que abrirá procedimento de apuração. A pasta reforçou que “repudia qualquer tipo de postagem que ressalte a violência” e enfatizou ter compromisso e empenho na busca pela cultura de paz no ambiente escolar.
Em nota, o órgão comunicou que “a direção do CEF Doutora Zilda Arns do Itapoã tomou conhecimento do caso por meio das redes sociais e imediatamente pediu para que a professora excluísse a publicação”.
Ao Metrópoles, Lorena afirmou que “de forma alguma quis gerar polêmica” e acrescentou que expressou uma “posição perante as ameaças, de forma irônica”. “Somos tão vulneráveis e parecemos piadas perante o Estado. Mas já retirei a imagem. Não foi a intenção gerar polêmica”, respondeu a professora.