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Professora da UnB chora após ataque com fotos pornográficas: “Brutal”

Grupo invadiu uma live da UnB sobre gênero, insultou e colocou imagens pornográficas em debate. Evento ocorreu no Dia do Orgulho LGBTQIA+

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Foto colorida de mulher dentro de kombi
1 de 1 Foto colorida de mulher dentro de kombi - Foto: Arquivo Pessoal

Um ataque em massa à palestra da Universidade de Brasília (UnB) sobre gênero no Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ chocou quem assistia ao debate. Apontando a invasão como violenta, a professora Rose May Carneiro, que faria a apresentação “Road Movies em uma perspectiva de gênero” no dia, contou que chorou logo após a ação. “Foi brutal”, lamentou a pesquisadora.

“Foi violento como entrar em casa e dar um tiro. Ali era a minha pesquisa, algo que eu tenho o maior amor e entraram de uma forma orquestrada para tentar calar”, declarou a docente. A professora destacou que a intenção era desestabilizar quando invadiram e que não teve condições emocionais de continuar com a apresentação.

“Eu não sou uma pessoa nostálgica, mas venho de uma época em que o professor era respeitado. Vi a profissão como um motivo de chacota de um grupo que veio em bando e com covardia para desestruturar”, acrescentou. Ela tinha preparado um documento com 34 slides para apresentar e seriam debatidos filmes como Thelma e Louise e Central do Brasil.

A  docente abriu um boletim de ocorrência contra os invasores, que devem ser investigados na ação. De acordo com o boletim de ocorrência, a palestra foi anunciada pelas redes sociais, com a divulgação do link para quem tivesse interesse em assistir e contribuir. “Deixamos aberto por ingenuidade, nunca tinha passado pela minha cabeça ser vítima de algo assim”.

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Invasores passavam informações erradas
Público ficou chocado com as cenas
Invasores passavam informações erradas
Vídeo com pornografia foi transmitido na palestra
Hackers atacam o computador em palestra
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A professora lembrou que demorou a perceber que se tratava de um ataque quando começou. “Eu fiquei atônita, agoniada, frustrada e sem entender”, disse. “Eu estava nervosa antes de começar, eu fico nervosa em palestras e eu estava com tanta gana para esse dia acontecer, me preparando e de repente um ataque em massa. Eu me senti uma formiguinha observando a lua, sem reação”, completou.

A professora destacou também a covardia dos invasores, que, segundo ela,  usaram nomes falsos e desenhos como imagem para seguir. “Outra surpresa foi que quando se coloca a palavra gênero soa como um palavrão para esses seres abjetos soa e vem com muita raiva”, declarou.

Mais segurança

A professora Rose May também pediu mais segurança para eventos online como esses, que pudessem controlar quem entra na sala. Na denúncia que fez à polícia, a professora apontou que a maioria dos invasores entraram com nomes de mulheres e proferiram frases como “sou lésbica, mas tenho dois filhos”, “tenho muito orgulho de ser Trans” e “essa moça é gorda porque engoliu a Rose”.

A aluna Clara Sales da Faculdade de Comunicação e membro do grupo de pesquisa Gênero, Comunicação e Sociabilidade (Gecoms) – que organizava a palestra – também ficou em choque quando viu a sala da palestra invadida.

A estudante apontou que os invasores fingiam ajudar para atrapalhar ainda mais. “Eles ficavam orientando que se apertasse ALT+F4 os microfones ficariam no mudo, mas não é verdade. Com esses comandos, quem aperta sai da sala”.

A jovem disse que ficou aflita com a situação e ficou pensando no que poderia ter sido feito para evitar o ataque em massa

O Grupo de Pesquisa Gênero, Comunicação e Sociabilidade (Gecoms) que era responsável pela exibição do filme repudiou as ações dos hackers.

“Iniciativas de promoção da igualdade de gênero são sistematicamente atacados por grupos que utilizam as redes sociais para calar vozes dissidentes, desestruturar debates construtivos e boicotar avanços em prol da justiça social e igualdade de gênero”, destacou a publicação.

O grupo reforçou a importância de um ambiente seguro on-line em que esses ataques não aconteçam. “Não nos calaremos. Continuaremos a lutar por um mundo onde todas as vozes possam ser ouvidas, respeitadas e valorizadas, independentemente de gênero, orientação sexual, cor ou corpo”.

UnB repudia

Em nota, a Universidade de Brasília (UnB) informou que tomou conhecimento do caso pela imprensa e entrou em contato com a docente para prestar apoio e orientá-la a tomar as medidas institucionais cabíveis para a apuração dos fatos.

“A UnB sempre apoiará grupos de pesquisa da instituição, tais como o GECOMS, para que possam se posicionar livremente sobre qualquer tema de pesquisa. Somos uma instituição educadora, que realiza pesquisa de excelência e defende a liberdade de cátedra”.

De acordo com a instituição, é recomendável o uso das plataformas digitais oficiais para a realização das atividades acadêmicas, uma vez que elas oferecem ferramentas para o controle dos participantes das salas virtuais.

“A UnB repudia qualquer forma de violência, agressão ou comportamento inadequado, reiterando seu compromisso com os direitos humanos, pautado pelo respeito mútuo e pela ética”, concluiu.

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