Professor que morreu por Covid-19 no DF não entra em estatística
Segundo certidão de óbito, Wagner Santos estava com coronavírus. Família questiona por que caso não consta na Secretaria de Saúde
atualizado
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A família do professor de educação física Wagner Ribeiro Barbosa dos Santos (foto em destaque), 42 anos, quer saber por qual motivo o servidor temporário da Secretaria de Educação não está entre as 12 vítimas do coronavírus (Covid-19) notificadas até o momento pela Secretaria de Saúde.
Wagner morreu no último dia 31 de março e, mesmo com a certidão de óbito confirmando a Covid-19 como um dos motivos da morte, a informação não entrou nas estatísticas oficiais da Secretaria de Saúde.
Wagner, que tinha obesidade, foi internado no dia 16 de março no Hospital Regional de Sobradinho (HRS) com um quadro de pneumonia.
Ainda na unidade, com a persistência dos sintomas, foi realizado o primeiro teste para identificar a Covid-19, que deu negativo. Dias depois, um segundo exame detectou a presença do novo coronavírus e o professor foi transferido para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde o quadro se agravou e ele foi sedado.
“Não tínhamos nenhum tipo de informação. Tudo que sabíamos sobre ele era através dos outros. O médico que cuidava dele ficou de nos ligar, mas até hoje, depois da morte, ele não deu o telefonema”, conta a irmã de Wagner, Raquel Ribeiro Barbosa dos Santos.
Por conta do irmão, todos da família precisaram passar por uma quarentena, mas ninguém apresentou nenhum dos quadros relacionados à Covid-19. “Com tantos sintomas, por que eles não o isolaram?”, questiona a irmã de Wagner.
Transferido
No Hran, de acordo com Raquel, foi feito um tratamento à base de cloroquina. Ela afirma que a substância, que vem sendo defendida como opção no tratamento do coronavírus, atacou o fígado do irmão.
No dia 31 de março, após uma parada cardíaca em decorrência de uma inflamação no miocárdio e uma parada cardiorrespiratória, Wagner morreu.
“Meu questionamento é por que o hospital não o colocou nas estatísticas. Minha mãe está muito mal. É importante que eles falem sobre todos os casos. Eu tive que ir reconhecer o meu irmão dentro de um saco preto. Tivemos que enterrá-lo com o caixão fechado, a distância e com no máximo 10 pessoas. Estávamos em oito, porque não podíamos ser muitos”, lamenta Raquel.
O que diz a Secretaria de Saúde
Em nota, a Secretaria de Saúde afirmou “que o fato de ter um atestado de óbito com Covid-19 não indica que ele faleceu pelo coronavírus. É necessário um laudo cadavérico que às vezes demora mais um pouco, pois requer mais de um teste e, em alguns casos, prova e contraprova”.