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Professor de escola da Asa Norte é afastado após denúncias de assédio

O docente é acusado de trancar estudantes em sala, fazer piadas de cunho sexual, tecer comentários homofóbicos e xenofóbicos, além de humilhar adolescentes

atualizado

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Mão segurando lápis e escrevendo em caderno e portão de escola ao fundo
1 de 1 Mão segurando lápis e escrevendo em caderno e portão de escola ao fundo - Foto: Raimundo Sampaio/Especial para o Metrópoles

A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) afastou um professor da rede pública de ensino suspeito de assediar alunos do Centro Educacional Asa Norte (Cean). A informação foi confirmada ao Metrópoles pelo chefe da pasta, Rafael Parente, nesta quarta-feira (05/06/2019). Um processo administrativo foi instaurado para investigar o caso.

O docente é acusado de trancar estudantes em sala, fazer piadas de cunho sexual, tecer comentários homofóbicos e xenofóbicos, além de humilhar adolescentes. Os abusos foram relatados aos pais dos jovens na noite de terça-feira (04/06/2019), em reunião convocada pelos próprios alunos. O educador foi convidado para a assembleia, mas não compareceu.

A ata da reunião foi disponibilizada aos pais presentes. Por meio de um deles, que preferiu não se identificar, a reportagem teve acesso ao documento. Na assembleia, também foram registradas reclamações de perseguição. Os problemas se resumem ao “não cumprimento do currículo, piadas de mau gosto com tom sexual, assédio moral e relação aluno-professor desrespeitosa”.

Veja:

Arte/Material cedido ao Metrópoles

Essa não é a primeira vez que reclamações sobre o comportamento do docente de filosofia são levadas à direção do Cean. De acordo com as denúncias descritas na ata, “os casos de desrespeito e constrangimento aos alunos são muitos”.

Maria das Graças Machado, diretora da instituição, conta que o servidor começou a dar aulas no local neste ano. Apesar de já ter conversado com o docente e com os estudantes outras vezes, ela ressalta que os problemas continuaram.

A diretora conta que a equipe fica “de mãos atadas” diante dos casos. “O Serviço de Orientação Educacional (SOE) e a coordenação pedagógica tem feito o apoio aos alunos e aos familiares, mas, enquanto ele não era afastado, não tínhamos o que fazer. A única coisa possível era mediar a situação, ajudar os estudantes e tentar acalmá-los”, diz Maria das Graças.

Por esse motivo, o colégio já estudava enviar um pedido de afastamento do docente à Regional de Ensino do DF, o que não será mais necessário, tendo em vista que o secretário adiantou-se e anunciou a suspensão das atividades do educador.

Para preservar a identidade dos estudantes que fizeram a denúncia, o nome do professor e dos alunos não serão revelados nesta reportagem.

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Comentários sexuais

“Sempre saio da aula dele muito estressada. O sentimento é de extremo desconforto”, desabafa uma aluna de 16 anos. Ela relata que o professor constantemente faz comentários com conotação sexual. “Não tem nenhuma aula em que ele não chegue a um assunto sobre sexo. Não é de uma forma maliciosa, mas ele fica zombando”, explica.

Outro estudante, de 18 anos, conta que, certa vez, o professor pediu para um colega que estava com um pirulito “tirar o pau da boca”. “Ele poderia simplesmente dizer para os alunos que é proibido comer doces em sala de aula”, reclama o jovem.

Segundo o rapaz, o docente também teria perguntado se outro menino preferia “sentar no duro ou no mole”. Ele conta que, em outra situação, estava de mãos dadas com uma amiga em sala de aula e o professor teria pedido para que eles se afastassem, com a frase: “Começa na mão e você sabe onde termina”. “Isso é muito constrangedor. Afeta muito os alunos psicologicamente.”

O estudante também reclama que, durante as aulas, o docente explica o conteúdo com comentários preconceituosos. “Ele fica o tempo todo desumanizando as pessoas, fazendo piadinhas de duplo sentido. Uma vez perguntou se a gente não achava que pessoas cegas são retardadas.”

Sala trancada

Os alunos relatam ainda que o docente costuma trancar a sala de aula com os estudantes do lado de dentro. “Ele fecha a porta e guarda a chave no próprio bolso. Isso deixou alguns pais bem preocupados, pela questão da segurança dos filhos”, conta um garoto, de 17 anos. De acordo com a ata da assembleia, a mãe de um aluno denunciou o professor à Ouvidoria por esse motivo.

A ata da reunião atestou que “alguns alunos passam mal na aula do professor”. A preocupação com a saúde mental dos estudantes também foi citada pelos pais na assembleia. Segundo o documento, eles estão “apreensivos e indignados”.

Sargento afastado

Nessa terça-feira (04/05/2019), um outro caso de assédio – este sexual – no Centro Educacional 03 de Sobradinho resultou no afastamento de um sargento da Polícia Militar do DF. A unidade é uma das quatro escolas militarizadas da capital do país.

O praça teria trocado mensagens com uma estudante e, em um dos textos enviados à garota, mandado “um beijo no cantinho da boca”. A Corregedoria da corporação abriu procedimento para apurar o caso e Polícia Civil do DF instaurou inquérito.

Em sua defesa, o militar alegou ter enviado a mensagem para a pessoa errada. Segundo sua versão, ele queria mandar a frase para uma mulher, mas confundiu as janelas dos contatos no WhatsApp e enviou para a adolescente. Nessa terça-feira (04/06/2019), o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF), Fabio Félix (PSol), foi a Sobradinho conversar com a garota e com a direção unidade de ensino.

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