Professor da rede pública vai palestrar na Áustria sobre baobás do DF
Festival na Áustria, com tema “O Brasil do amanhã”, vai ouvir professor sobre projeto que mistura tecnologia, ecologia e ancestralidade
atualizado
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Um professor da rede pública do Distrito Federal se prepara para palestrar em evento na Áustria sobre um projeto que mistura tecnologia, ecologia e ancestralidade em Brasília. André Lúcio Bento (foto em destaque) é um dos convidados para o 11⁰ Festival Cultural do Brasil, que começa dia 17 de setembro, no Museu Etnográfico de Viena (Weltmuseum Wien).
Professor da Secretaria de Educação há 30 anos e atualmente na Coordenação Regional de Ensino de Taguatinga, André desenvolveu um projeto no DF que cataloga baobás, árvores que carregam profundos significados, e promove interações educativas com estudantes nos lugares onde elas estão plantadas. Essas ações serão levadas até o evento da Áustria, que tem como tema “O Brasil do amanhã”.
O primeiro dos vários simbolismos do baobá é a resistência. A árvore é de uma espécie africana, e chegou ao país quando escravos trouxeram, escondidas, sementes para a região, na diáspora negra. Sagrado para algumas religiões, o baobá ainda representa a conexão entre o mundo material e imaterial, sendo considerada a árvore da vida.
“Quando um evento cultural na Europa reconhece a importância de um projeto de catalogação dos baobás de Brasília, percebo que isso se constitui numa oportunidade de levar um diálogo, no plano internacional, sobre a África, nossa herança africana e sobre educação antirracista para um público ampliado”, diz André Lúcio.
O professor criou ferramentas on-line que mostram onde estão os baobás de Brasília (veja abaixo). Atualmente, são mais de 75 espalhados pela capital. O projeto do pedagogo também conta com visitas de alunos de escolas públicas e universidades nesses pontos registrados, oportunidade em que os estudantes têm contato com a história ancestral da árvore e da cultura africana.
Atividades
A palestra “Os Baobás de Brasília: Ancestralidade Africana na Capital do Brasil” (Die “Baobás” aus Brasília: Afrikanische Abstammung in der Hauptstadt von Brasilien), de André, acontece no mesmo dia em que o evento promove diálogos com Marcus Vinícius Azevedo de Mesquita, pesquisador sobre cinema negro LGBTQIA+, Edileuza Penha, professora da Universidade de Brasília (UnB), e outros estudiosos brasileiros.
“Representar Brasília neste Festival será uma experiência muito simbólica e importante, uma vez que vivemos na capital do país com a maior população negra fora da África. E os baobás são árvores muito importantes em termos culturais, sociais, religiosos e materiais para os povos tradicionais africanos”, enfatiza André.
O projeto de catalogação dos baobás de Brasília teve início em 2019, com o plantio de duas mudas da árvore na Subsecretaria de Formação Continuada dos Profissionais da Educação. “Esse plantio teve como justificativa o que estabelece o Currículo em Movimento da rede pública do Distrito Federal, especialmente no que diz respeito ao eixo da diversidade”, comenta ele.
Atualmente, o professor está produzindo um relatório de catalogação dos baobás, documento base para solicitar ao Governo do Distrito Federal o tombamento dessa espécie como patrimônio cultural de Brasília.