Produção sustentável de cacau da Amazônia traz expositores ao DF
Segmento que tem como marcas a sustentabilidade, agricultura familiar e geração de emprego promove diálogo entre Amazônia e centro do país
atualizado
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O universo da produção de cacau na Amazônia envolve aspectos que vão desde a agricultura familiar dos donos de pequenas propriedades até os números bilionários de uma cadeia produtiva de possibilidades que externam o chocolate. Aliando sustentabilidade, economia e turismo, o segmento se prepara para um diálogo com o centro do país, em Brasília.
O cacau é um fruto nativo brasileiro, país que, segundo dados da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), é o único produtor que possui no território todos os elos da cadeia produtiva, desde o produtor até o consumidor final, gerando mais de R$ 21 bilhões em receita anualmente. Pesquisadores, empresários, empreendedores, produtores e consumidores vão se reunir no Distrito Federal entre 20 e 24 de setembro para um evento focado nesse mercado.
Será a primeira edição em Brasília do Chocolat Festival, maior evento de chocolate e cacau na América Latina, que acumula mais de 30 edições em estados brasileiros e em Portugal. O evento acontece no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, promovendo debates e fomentando a economia direta e indireta.
Um dos exemplos de sustentabilidade desse mercado vem da Ilha do Combu, no Pará, onde Izete Costa, mais conhecida como Dona Nena (foto em destaque), produz cacau há mais de 40 anos, sem derrubar árvores nativas ou usar fertilizantes. Dona da marca Filha do Combu, a empresa é uma das presenças confirmadas em Brasília.
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“Aqui a gente tem o cacau nativo, trazido pelas correntes da maré, que se adaptou bem na cabeceira dos igarapés e foi se reproduzindo naturalmente. A gente vende chocolate, mas também vende toda essa história, toda essa trajetória”, diz Nena.
Pará
Foi o Pará que recebeu a última edição do Chocolat Festival, idealizado e organizado pelo CEO Marco Lessa. O evento ocorreu entre 17 e 20 de agosto, e o Metrópoles foi convidado para conhecer a região amazônica, onde literalmente nasce o mercado, e o evento, que leva toda a riqueza do cacau para a ponta, do admirador e consumidor, ao pesquisador e empresário.
“O balanço final foi surpreendente, com mais de 100 mil visitantes nesta edição em Belém do Pará, chegando a 50 marcas de chocolate de origem. As vendas foram espetaculares para os expositores e dois pontos são bem relevantes: o surgimento de muitos produtos derivados do cacau, demonstrando que o cacau não é só chocolate, faz o estímulo ao turismo, por exemplo, e a satisfação do público. As pessoas comprando, felizes, conhecendo um pouco mais dessa cultura, que deve tanto orgulhar o Brasil, o Pará e a Amazônia.”
O incentivo ao pequeno empresário, que traz boas práticas agrícolas e leva a cultura do cacau para fora com sustentabilidade, é um dos focos do evento. “A gente constrói, antes de mais nada, uma perspectiva de crescimento. Quando ele planta o cacau, consorciando com outras culturas, ele planta, naturalmente, numa perspectiva de um produto agrícola”, lembra Marco Lessa.
O empreendedor também ressalta que, a partir do momento em que o pequeno produtor percebe que pode aprimorar a qualidade da amêndoa, vender melhor, desenvolver um coproduto na própria fazenda, desenvolver chocolate, por exemplo, ele deixa de ser apenas um produtor e passa a ser um empreendedor rural.
“Então, eu acho que o evento dá a oportunidade de ele sonhar junto conosco e, com isso, abrir os horizontes para o mercado local, regional, estadual, nacional e internacional. Temos muitas provas disso. São inúmeros produtores que tinham uma pequena propriedade de 5, 7, 8, 10 hectares e hoje têm um resultado muito maior do que tinham antes em função dessa agregação de valor.”
Brasília
Um pouco desse cenário chega a Brasília para ampliar ainda mais as ramificações dessa produção. “A gente não quer só levar o cacau e o chocolate brasileiro, mas mostrar às nossas lideranças políticas que o cacau é o símbolo da sustentabilidade do país. Ele tem um impacto social, um impacto ambiental, um impacto econômico. É a cultura agrícola que mais emprega, são 600 mil empregos diretos”, contabiliza o CEO.
A programação do Chocolat Festival inclui atividades como o Show Cooking, com chefs preparando receitas ao vivo; o Fórum do Cacau, que trará debates sobre a cacauicultura e sua sustentabilidade; o Chocoday, com palestrantes abordando tendências do mundo do chocolate; o Atelier do Chocolate, onde esculturas serão produzidas em tempo real; e o Kids Cooking, com atividades recreativas e minicursos voltados para crianças.