Prisão de bispo que atuou em Sobradinho causa surpresa entre fiéis
“Até que se prove o contrário, ele é inocente”, diz o padre Manuel Candela, da Nossa Senhora Imaculada Conceição, onde Dom José atuou
atualizado
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A prisão do bispo Dom José Ronaldo Ribeiro, de Formosa, no âmbito da Operação Caifás, surpreendeu os fiéis da Igreja Nossa Senhora Imaculada Conceição, em Sobradinho. O religioso trabalhou por 22 anos no local.
O padre espanhol Manuel Perez Candela é o atual pároco da igreja. Ele se mostrou atônito com a prisão de Dom José, ocorrida nessa segunda-feira (19/3). “Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava isso. Até que se prove o contrário, ele é inocente. Que investiguem”, disse.Nascido em Málaga, na Espanha, Candela chegou ao Brasil em 1993. Ele foi ordenado em 2003 e nomeado pároco da paróquia Imaculada Conceição em 2014, onde conduz, diariamente, missas às 19h. “Nós ficamos muito tristes com o ocorrido. Eu o conheci aqui em Sobradinho, ele era ótimo, humilde. Não sabia de nada disso”, acrescentou, mais uma vez em tom cauteloso.
O pároco espanhol disse que o último contato com Dom José Ronaldo foi em Cracóvia, na Polônia, durante peregrinação, em 2016. Na manhã desta terça-feira (20), o aposentado Deusvaldo Lago, 65 anos, demonstrou indignação com o caso. “As pessoas confiavam cegamente nele”, lamentou.
“Tem de pagar, se for verdade. Que o expulsem e também sua turma. Ronaldo tinha excelente conceito aqui, era um dos mais famosos e atendia todo mundo o tempo todo. Vamos ver o que as investigações vão apontar”, ponderou Deusvaldo. Ao todo, foram nove presos na operação, incluindo padres e o bispo.
Os funcionários da igreja não quiseram comentar a prisão do ex-pároco. Em poucas palavras e sem se identificar, falaram que Dom José era um grande líder. Segundo eles, a detenção pegou os fiéis de surpresa. As notícias logo se espalharam nos grupos de WhatsApp da comunidade.
“Confio plenamente nele”
A operação Caifás revelou outra face da identidade de Dom José. Em 2002, ele recebeu o título de cidadão honorário de Brasília pela Câmara Legislativa. A honraria foi concedida pelo então deputado distrital Paulo Tadeu (PT), hoje conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF).
Confira os religiosos que foram alvos de mandados de prisão ou de busca e apreensão:
O religioso também recebeu o prêmio de amigo da Academia Nacional de Polícia, do Departamento de Polícia Federal, em 2005. À reportagem, Paulo Tadeu disse confiar plenamente no religioso e classificou o caso como “muito complexo”. Ambos conviveram por muitos anos na paróquia.
“É um caso surpreendente. Não tenho conhecimento do processo e o que soube foi pela imprensa. O que posso dizer é que conheço ele é confio plenamente nele. Não é um caso fácil e espero que se resolva o mais rápido possível”, disse Paulo Tadeu.