Primeiro surdo-cego a se formar na UnB fará mestrado na universidade
Egresso do curso de Língua de Sinais Brasileira, Iury Moraes será estudante da Faculdade de Educação
atualizado
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O primeiro aluno surdo-cego a se formar na Universidade de Brasília (UnB), Iury Moraes, 28 anos, retorna à unidade de ensino superior. Graduado no curso de Língua de Sinais Brasileira – Português como Segunda Língua, em 2016, ele volta para cursar o mestrado profissional em Educação.
A intenção é desenvolver um projeto de pesquisa sobre o ensino de português como segunda língua para surdo-cegos e outros grupos de pessoas com deficiências.
Após ser o primeiro surdo-cego a se formar na UnB, ele será o primeiro da pós-graduação.
“Eu sinto que o mestrado vai ser maravilhoso, organizar os estudos, a metodologia da pesquisa. Também é preciso ter foco, participar dos debates, discutir propostas, vai ser muito especial”, diz Iury.
Quando a notícia da aprovação saiu, a festa foi grande na casa do jovem. “Quando soube, eu celebrei, fiquei muito feliz. Compramos pizzas, abrimos uma champagne. Eu gostei muito”, lembra o estudante. “É muito importante um surdo-cego ocupar esse espaço, abre uma nova possibilidade”, completa.
As aulas estão previstas para começar em 6 de junho de forma 100% presencial. “É preciso construir uma equipe de apoio, porque ele vai precisar de guia-intérprete”, explica a mãe do estudante, Elenregina Moraes. “Ele será orientado por uma professora que sabe língua de sinais, o que já é um grande avanço”, avalia ela.
Acessibilidade
A Política de Acessibilidade da UnB foi instituída em 2019, e estabelece medidas que devem ser adotadas no âmbito acadêmico e administrativo – entre elas, a própria adaptação de processos seletivos para ingresso de discentes com deficiência.
Para ingressar no mestrado, o processo seletivo foi adaptado para as necessidades de Iury. Guias-intérpretes fizeram a tradução da prova escrita para a Língua Brasileira de Sinais, Iury respondeu as questões em Libras e os intérpretes transcreveram as respostas para a língua portuguesa. Na prova oral, a equipe de guias-intérpretes também atuou na mediação entre o candidato e a banca avaliadora.
Depois que concluiu o curso de Língua de Sinais Brasileira – Português como Segunda Língua, Iury ingressou em outra graduação: Letras – Português do Brasil como Segunda Língua (licenciatura), no Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas do Instituto de Letras.
No entanto, ele decidiu trancar o curso para se dedicar ao mestrado, tendo em vista seu objetivo maior: ser professor.
Os planos para o futuro ainda incluem apoiar projetos, trabalhar com audiodescrição e Libras. E para as pessoas com deficiência que gostariam de trilhar a carreira acadêmica, Iury encoraja: “Para todo esse grupo, eu quero falar: o mestrado é uma experiência diferente e precisa de acessibilidade. Eu já fiz outros vestibulares. Com acessibilidade? Não, muito ruins! Eu tive que lutar para conseguir”, conta o estudante. “Não podemos desistir nunca. Precisamos sonhar sempre, profundamente, para que esses sonhos se tornem realidade, é um direito nosso”, conclui.
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