Presos por matar policial penal estão isolados de outros detentos
Familiares estão indignados com a proximidade dos criminosos com a vítima. Policial penal via os algozes como amigos há mais de 10 anos
atualizado
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Os dois presos acusados de matar o policial penal de Goiás José Françualdo Leite Nobrega estão isolados de outros detentos na Unidade Prisional de Corumbá de Goiás. Manelito Lima Júnior e Daniel Amorim Rosa de Oliveira foram presos no sábado (6/1) pela morte do policial.
De acordo com presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Goiás, Maxsuell Miranda das Neves, trata-se de um procedimento natural. “Os presos ainda estão sendo ouvidos pela Polícia Civil e depois serão ouvidos pelo judiciário”, explicou.
O presidente lamentou a notícia. “A categoria está de luto pela morte do nosso irmão. Françualdo era um excelente profissional e muito querido pela tropa. O que fizeram foi uma covardia muito grande, porque ele deu emprego para algumas pessoas e acabou covardemente assassinado por elas.”
Para os familiares, a maior indignação com o crime é a proximidade dos suspeitos com a vítima, com amizade há mais de 10 anos. Um deles, inclusive, todos os anos planejava o aniversário do policial penal. Quando a vítima completou 36 anos, em 2022, foi Manelito quem planejou também a comemoração junto com a esposa da vítima – que faz aniversário em dezembro. Veja a imagem:
Antes de matar o amigo a sangue frio com quatro tiros, sendo um nas costas e três no peito, Manelito estava novamente traçando planos para a comemoração da data especial. “Eles eram carne e unha”, disse um familiar que preferiu não ser identificado. “Os dois estavam em todas as festas juntos, eram amigos mesmo. Sempre foi alguém acima de qualquer suspeita”, declarou.
A confiança era tanta que José Françualdo deixava Manelito como responsável pelas finanças de uma loja de aluguel de material de construção. Manelito frequentava o seio familiar da vítima e compareceu ao aniversário de 8 anos da sobrinha do policial penal.
O corpo do servidor foi encontrado nesse sábado (6/1) e estava desaparecido havia mais de um mês. Ele foi assassinado com quatro tiros: um nas costas e três no peito. O corpo encontrava-se em avançado estado de decomposição.
“Eles estavam dentro da casa dele, já trabalhavam com ele há mais de 10 anos”, disse ao Metrópoles um parente da vítima, que preferiu não ser identificado. “Fazer isso por dinheiro foi uma covardia tremenda“, declarou.
Veja o momento da prisão de um dos suspeitos:
Além de Manelito, outro funcionário da loja também foi detido. O segundo suspeito é Daniel Amorim Rosa de Oliveira. A terceira detida é Marinalda Mendes Vieira. O papel de cada um no crime bárbaro ainda não foi detalhado pela Polícia Civil de Goiás (PCGO).
Sumiço em novembro
O servidor estava desaparecido desde 27 de novembro de 2023. As informações foram confirmadas pelos parentes do policial.
“Acreditamos sinceramente que o Aldo [apelido do policial] tenha morrido por causa de dinheiro, pois Manelito e o Daniel guardavam a espécie, por volta de R$ 150 mil, e esse valor ele descobriu que estava sendo roubado”, detalhou o familiar. “Aí ele deu uma ‘pressão’ neles, e ficou combinado de acertarem as contas no fim do mês, exatamente quando morreu”, afirmou o parente.
Morador de Águas Lindas (GO), José Françualdo trabalhava no presídio de Santo Antônio do Descoberto (GO), no Entorno do Distrito Federal.
Veja o passo a passo dos acontecimentos:
- Antes do desaparecimento, o policial informou ao irmão que iria ao Distrito Federal buscar R$ 40 mil.
- O servidor público foi visto pessoalmente por parentes pela última vez na tarde de segunda-feira (27/11).
- Na terça (28/11), José Françualdo se dirigiu à capital federal.
- O último contato dele com parentes por mensagens via WhatsApp aconteceu na tarde do dia 28 de novembro.
- Por volta das 18h51, imagens de câmeras de segurança na DF-130, sentido Rajadinha, em Planaltina (GO), mostram o veículo do policial.
- Horas depois, o veículo foi encontrado carbonizado na área do Núcleo Rural Três Conquistas, no Paranoá (DF).
- Na quarta-feira (29/11), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) confirmou se tratar da caminhonete do servidor público.