Presos da Papuda usavam visitantes para se comunicar com PCC
Alvos de uma operação nesta terça (24), eles encaminhavam correspondências ao alto comando da organização. Advogados também são investigados
atualizado
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A operação da Polícia Civil do DF no Complexo Penitenciário da Papuda na manhã desta terça-feira (24/4) teve como alvos detentos que tinham conexão com o Primeiro Comando da Capital (PCC), mas não conseguiram desenvolver uma célula da organização criminosa no Distrito Federal, segundo a corporação. Eles se correspondiam por meio de cartas com a hierarquia do comando.
As cartas saíam com os visitantes. A PCDF também investiga a suposta participação de advogados na troca de mensagens. Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão em 11 celas de quatro estabelecimentos prisionais da capital federal, todos no Complexo Penitenciário da Papuda (CDP, CIR, PDF I e PDF II).Intitulada Prólogo (nome da primeira etapa de uma prova ciclística de longa duração), a operação é resultado de uma investigação que começou em 2000. Os internos presos preventivamente nesta terça se filiaram e viraram membros da facção criminosa nascida nos presídios paulistas e que se espalhou pelo Brasil.
O PCC tentou se instalar na capital quando o líder do grupo foi mantido sob a tutela do sistema prisional do Distrito Federal. Ele foi um dos alvos da operação deflagrada nesta terça. Em depoimento à Polícia Civil, outro detento afirmou que os líderes do PCC em São Paulo têm orientado membros da organização a evitarem Brasília, devido à dificuldade do grupo em se instalar na capital.
Entre os membros alvo da investigação, não há nenhum que faça parte da alta hierarquia da organização. Após a operação, os presos perderão benefícios que porventura tenham direito, como progressão de regime. Os detentos devem aguardar o julgamento presos. Durante a batida na Papuda, a PCDF achou cartas, canetas e armas brancas.
Os presos permanecem na Papuda, mas agora terão de responder pelo crime de organização criminosa, cuja pena é até oito anos de cadeia. Um deles estava prestes a receber o benefício da progressão do regime fechado para o semiaberto.
Um dos bilhetes apreendidos pela PCDF mostra que os presos tinham matrícula e eram apadrinhados por integrantes de hierarquia superior da organização criminosa. Eles eram identificados por codinomes curiosos, como “bunitão” e “diamante”. A mensagem também aponta o local de “batismo” do PCC dentro do sistema prisional.