Preso, advogado que perseguiu e atropelou mulher no DF vira réu
Justiça recebeu denúncia do Ministério Público do DF, que denunciou Paulo Ricardo Milhomem por tentativa de homicídio qualificado
atualizado
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A Justiça do DF tornou réu por tentativa de homicídio qualificado o advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem, que atropelou a também advogada e servidora pública Tatiana Machado Matsunaga, 40 anos. O juiz Frederico Ernesto Cardoso Maciel deu prazo de 10 dias para o réu responder à acusação.
Segundo o magistrado, “a denúncia descreveu de forma clara e precisa a conduta imputada, propiciando o pleno exercício da ampla defesa, cumprindo assim, a norma inserta no artigo 41 do CPP”. “De igual sorte, não se vislumbra nenhuma causa que justifique a rejeição prematura da peça de ingresso, nos moldes do artigo 395 do Código de Processo Penal.”
“Embora por razões de internamento hospitalar da vítima não conste o laudo de exame de corpo de delito dela nos autos, os elementos probatórios juntados aos autos, em especial o vídeo dos fatos, possuem elementos suficientes da materialidade para garantir o exercício da ampla defesa e do contraditório pelo réu. Assim, cite-se o réu para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias, por advogado que constituir, ficando advertido de que na ausência de resposta no prazo indicado, ser-lhe-á nomeado defensor dativo para o exercício da defesa técnica”, disse o juiz, na decisão.
Veja:
Justiça torna réu o advogado que atropelou mulher no DF by Metropoles on Scribd
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou o homem de acordo com as conclusões do inquérito da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que indiciou Paulo Ricardo por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil. Quem analisou o caso foi a procuradora Yara Veloso Teixeira, da Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri. A denúncia foi publicada nessa terça-feira (7/9) e o recebimento dela, nesta quinta (9/9).
Também nessa terça, a Justiça negou o terceiro pedido de Paulo Ricardo para sair da cadeia.
Segundo o pai da vítima, Luiz Sérgio Machado, Tatiana segue internada na UTI de um hospital particular desde o dia do crime. “A torcida da família, de médicos, de todos é que ela venha a acordar”, disse ao Metrópoles.
“Felizmente a Justiça acatou a acusação contra esse ser que fez de tudo para matar a nossa filha. E graças a Deus esse processo vai andar. Não é de hoje para amanhã, mas vai andar”, acrescentou ele.
O crime
O caso aconteceu em 25 de agosto, quando Paulo Ricardo atingiu e passou com o carro por cima de Tatiana após uma briga de trânsito no Lago Sul. O momento em que a advogada e servidora da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa) é atropelada foi registrado por câmeras de segurança. O condutor do veículo não prestou socorro à vítima, mas se apresentou à delegacia acompanhado de um advogado. Em seguida, foi preso em flagrante.
No dia do crime, Paulo Ricardo seguiu a advogada desde a quadra QI 15, no Lago Sul, até a casa da mulher, na QI 19. Quando Tatiana chegou em frente de casa e saltou do veículo, Paulo Ricardo a atropelou com um Fiat Idea. Ainda havia um menino de 8 anos dentro do carro, filho da vítima.
Veja:
No dia seguinte ao atropelamento, a juíza Paula Afoncina Barros Ramalho converteu o flagrante em prisão preventiva e manteve o motorista na cadeia. Para a magistrada, as circunstâncias indicam, em primeiro juízo, a especial periculosidade do agente e “fornecem base empírica idônea à conclusão de que sua liberdade afetará a ordem pública”.
Durante a audiência de custódia, o acusado afirmou que não teve intenção de “lesionar” a vítima. No pedido de habeas curpus negado nessa terça, a defesa de Paulo Ricardo afirmou que ele é o provedor do sustento da filha, portadora de enfermidade severa e, portanto, não poderia ficar afastado do lar.