Presídio no DF abriga criminosos mais perigosos do país. Veja quem são
São detentos condenados por tráfico internacional de drogas e de armas, formação de quadrilha, assassinatos, sequestros e terrorismo
atualizado
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Criados há 15 anos para combater o crime organizado por meio de um rigoroso regime de execução penal, os presídios federais brasileiros custodiam alguns dos presos mais perigosos do país. São criminosos condenados por tráfico nacional e internacional de drogas e de armas, formação de quadrilha, assassinatos, sequestros, terrorismo, tentativas de fuga e de resgate, entre outros, chegando a contabilizar penas de reclusão de até 705 anos.
Com o objetivo de justificar a migração do apenado para as unidades federais e a permanência dele nesses locais, o custodiado deve apresentar alguns pré-requisitos previstos no Decreto Presidencial Nº 6.877, de 18 de junho de 2009, como ter desempenhado função de liderança ou participado de forma relevante de organização criminosa, como também ter se envolvido na prática reiterada de delitos com violência ou grave ameaça.
Os presídios federais são localizados em Porto Velho (RO), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Mossoró (RN) e em Catanduva (PR). A construção do sexto complexo, que ficará na região Charqueadas, no Rio Grande do Sul, está em andamento.
Algumas das principais lideranças de facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) estão na unidade de segurança máxima da capital federal. Entre os líderes está Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC (foto principal).
Recentemente, o presídio também recebeu o narcotraficante Jorge Teófilo Samudio, 49 anos, conhecido como Samura. O criminoso, apontado como um dos líderes da facção criminosa carioca Comando Vermelho, foi preso em Mato Grosso do Sul no dia 29 de março.
Veja o perfil de alguns presos que estão na Penitenciária Federal de Brasília:
Luiz Carlos da Rocha, vulgo Cabeça Branca: um dos traficantes mais procurados pela Polícia Federal e pela Interpol na América do Sul. Ele comandava um esquema de tráfico internacional de drogas e foi o responsável por abastecer mensalmente regiões na Europa, África e também nos Estados Unidos.
No Brasil, o criminoso seria o principal fomentador da guerra travada entre quadrilhas rivais de criminosos no Rio de Janeiro e em São Paulo, abastecendo bandidos ligados às maiores facções do país com cocaína mais barata. Ele foi preso no âmbito da Operação Spectrum, em 2017, que investigou e capturou pessoas ligadas ao grupo criminoso de lavagem de dinheiro e tráfico de drogas liderado por ele.
Sérgio de Arruda Quinliliano Neto, o Júnior Minotauro: foi preso em fevereiro de 2019 e também está em Brasília. O narcotraficante do PCC se aliou a comparsas no Paraguai na tentativa de assumir o controle do tráfico de drogas e de armas na divisa entre Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O traficante é acusado de ser mandante de vários assassinatos, entre eles, os de um vereador e de um policial.
Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola: líder do PCC, tem 53 anos e foi preso pela primeira vez em São Paulo no final da década de 1990, por roubos a carros-fortes e bancos. Já na cadeia, foi condenado a mais de 330 anos por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio. Ele deu entrada no sistema penitenciário federal em 2019 e cumpre pena no Distrito Federal.
Jarvis Chimenes Pavão: conhecido como “chefão”, “senhor das drogas” e “pai de todos”, tentou dominar o tráfico internacional de drogas na fronteira do país. Matou lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) e iniciou uma guerra sangrenta e cinematográfica contra a facção paulista. Jarvis comandava um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens obtidos por tráfico de drogas.
Em agosto de 2020, por meio da Operação Pavo Real, da Polícia Federal, que faz referência a Pavão, principal investigado na operação, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela organização criminosa. Foram apreendidos 17 veículos de luxo, com valores individuais de mercado superiores a R$ 100 mil cada.
Pavão está preso na Penitenciária Federal de Brasília. Mesmo local em que um dos seus maiores rivais também cumpre pena, o Minotauro, Sérgio de Arruda Quintiliano. Uma das lideranças do PCC, Minotauro é suspeito de mandar matar a família de Pavão. Os crimes foram cometidos com requintes de crueldade.
Segurança máxima
Os presídios federais nunca tiveram fuga e rebelião. As unidades contam com vigilância de câmeras de monitoramento em tempo real. Também são feitas revistas visuais como rotina carcerária. Policiais penais treinados constantemente isolam presos de alta periculosidade e garantem que eles estejam desarticulados de suas ações.
Em outubro do ano passado, a Penitenciária Federal de Brasília passou a contar com novos armamentos de grosso calibre e carros blindados. Inédita no cenário da segurança carcerária do país, ocorreu a entrega dos blindados EE-11 Urutu – do mesmo modelo dos “caveirões” empregados pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro para incursões nos morros cariocas.
Com dois anos recém-completados, o presídio federal no DF é o primeiro a ter apoio dos blindados, operados pelos próprios agentes federais de execução penal.
Operações
Ao mesmo tempo em que promove a prisão e o isolamento, as forças de segurança do Brasil, como a Polícia Federal, recebem apoio da inteligência penitenciária federal para diversas operações, como a Operação Pavo Real e Operação Fast Track, que desarticularam as células jurídicas das organizações criminosas.
A Operação Alegria, também feita com apoio do Depen, apurou corrupção em presídios de Minas Gerais. A mais recente foi a Operação Onix, que prendeu responsáveis por terem atentado contra a vida de servidores federais.