Presidente da OAB-DF: “Presídio trará vários Marcolas para Brasília”
Délio Lins e Silva Júnior defende que prédio seja repassado ao DF, tendo como contrapartida R$ 40 milhões do Fundo Constitucional
atualizado
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Além de provocar a indignação do governador Ibaneis Rocha (MDB), a transferência do líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, para o Presídio Federal de Brasília, provocou reação imediata da seção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF) no Distrito Federal.
O presidente da entidade, Délio Lins e Silva Júnior, disse que a ida de presos como Marcola para qualquer penitenciária acarreta deslocamento das facções para as unidades da Federação. “Existe essa movimentação e crimes estão ocorrendo fora do padrão no DF. A preocupação da OAB é principalmente com a sociedade”, ressaltou.
A Ordem sugere que o governo do DF abra mão de R$ 40 milhões do Fundo Constitucional para a União construir a penitenciária federal em outro estado. A ideia, segundo ele, foi levada ao Ministério da Justiça, à Casa Civil e à Secretaria de Segurança há um mês, mas não discutida diretamente com o governador, Ibaneis Rocha.
Os R$ 40 milhões foram usados na construção do presídio, conforme informações disponíveis no Portal da Transparência. O parcelamento ou não desse valor dependeria da negociação direta entre o DF e o governo federal, caso eles acatem a sugestão da OAB.
Délio expôs os motivos pelos quais acredita que o presídio não deve continuar no DF. “Em um raio de 15 a 20 quilômetros, temos as cúpulas de todos os Poderes e representações diplomáticas. Por isso, o DF é diferenciado. Um atentado aqui traria consequências maiores ao país do que similar em outro lugar”, ressaltou.
O presidente da OAB-DF prometeu encaminhar novos ofícios a órgãos federais para evitar que o Presídio Federal de Brasília permaneça na capital. Em um provável acordo, segundo Délio, o prédio da penitenciária federal, que fica ao lado da Papuda, seria entregue ao Governo do Distrito Federal para reforçar o sistema penitenciário do DF.
“O fato de Marcola estar aqui serviu de estopim. Nossa briga é contra o presídio federal, que trará vários Marcolas para o DF”, destacou. Délio falou sobre o assunto ao lado da presidente da recém-criada Comissão de Acompanhamento do Sistema Penitenciário do Distrito Federal, Cláudia Duarte.
Nesta sexta-feira (22/3), além de Marcola, que vem de Rondônia, outros três integrantes do PCC serão transferidos para Brasília: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal. A chegada deles ocorre no mesmo dia em que a Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) fazem operação contra a expansão da facção criminosa no DF.