Postos aguardam Petrobras para reajustar preço da gasolina no DF
Após ataque dos EUA a general do Irã, Sindicombustíveis afirma que aumento é possível. A dica é manter o tanque cheio
atualizado
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Postos do Distrito Federal aguardam, nesta sexta-feira (03/01/2020), anúncio da Petrobras para uma possível alteração no preço dos combustíveis. Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que busca entender o impacto do ataque dos Estados Unidos que matou general do Irã, mas que a alta é previsível.
Pela possibilidade real de aumento dos valores, é prudente que os consumidores brasilienses encham os tanques de combustível. De acordo com o presidente do Sindicombustíveis-DF, Paulo Tavares, a fala de Bolsonaro, somada à crise internacional, aumenta as chances de os preços dispararem no DF.
“Com certeza, a política externa tem impacto no Brasil inteiro. Então, deve aumentar no Distrito Federal também”, disse. Realmente, desde 2017, a Petrobras vincula seus preços ao mercado externo. Assim, o valor da gasolina e do diesel variam de acordo com a cotação mundial do petróleo. O objetivo é manter o lucro, de acordo com a dinâmica de importação e exportação do produto.
Apesar disso, Tavares informou que o sindicato ainda não sabe precisar quanto o litro da gasolina deve custar com o suposto reajuste. “A última alta ocorreu no fim de novembro porque o dólar subiu muito. Hoje, no entanto, a moeda está mais baixa. Mas, desde aquela época, o governo não diminuiu o preço do combustível”, comentou.
“Até então era previsível [a mudança de preços]: o dólar subia, o barril de petróleo subia. Agora que o dólar caiu e a gasolina continua alta, a gente não sabe qual será a política do governo”, completou.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina no DF ficou em R$ 4,545 na última semana, entre os dias 22 e 28 de dezembro. No mesmo período, o etanol custou, em média, R$ 3,428. E o diesel, R$ 3,837. Entretanto, é possível encontrar a gasolina a R$ 4,31 no Posto Petrolino (Taguatinga), por exemplo.
Tabelamento
O presidente Jair Bolsonaro tentou ligar para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e para o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda nesta sexta-feira (03/01/2020), mas, segundo o Bolsonaro, não conseguiu falar com eles.
Mesmo com os impactos no mercado brasileiro, o chefe do Executivo descartou a possibilidade de tabelar o preço do produto. Segundo ele, o assunto será discutido com a equipe econômica e o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Bolsonaro nunca foi a favor de intervir na política de preços da Petrobras. Entretanto, na manhã desta sexta-feira, ele defendeu novamente a quebra do monopólio da empresa.
“A distribuição é ainda o que mais pesa no preço e, depois, o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], que é um imposto estadual”, afirmou. De acordo com Bolsonaro, uma vez que o ICMS incide sobre bases de preços maiores, aumentos acabam agradando governadores, visto que as receitas também sobem.
Preços disparam
Os preços do petróleo entraram em choque e subiram mais de 4% depois que um ataque aéreo dos Estados Unidos matou, nessa quinta-feira (02/01/2020), o general iraniano Quassim Suleimani, chefe da Guarda Revolucionária do Irã. Com a ação, surgiu no mercado a preocupação de que a crescente tensão no Oriente Médio possa atrapalhar o fornecimento de petróleo.
Nesta sexta-feira (03/01/2020), a cotação nas bolsas da Ásia e Austrália dispararam após o anúncio do ataque. Um barril de petróleo doce leve, que recebe o nome devido às baixas concentrações de enxofre, é agora encontrado no mercado por U$S 63,84, em uma valorização de 4,3%. O Brent, um tipo de petróleo cru que é referência na Europa, tem o barril cotado no mercado asiático a U$S 69,16 — alta de 4,4%.
Os contratos futuros de petróleo, um dos ativos mais negociados nas bolsas mundiais, também tiveram alta de US$ 1,23 com a morte de Suleimani. Antes do ataque, eles eram avaliados em US$ 67,48 por barril. O mesmo aconteceu com o petróleo bruto do tipo West Texas Intermediate (WTI), que subiu US$ 1,03 e passou a valer US$ 62,21 por barril.
A notícia da operação norte-americana, somada aos altos preços do mercado global, fez crescer o receio de um desabastecimento no petróleo em nível mundial. “Uma enorme onda de incerteza chegou aos investidores”, disse o especialista de mercado Jeffrey Halley.
Problemas no fornecimento trariam grandes consequências para todos. O petróleo doce leve, por exemplo, é extremamente importante para a produção de gasolina, sendo amplamente utilizado por grandes nações como China e Estados Unidos.
No entanto, mesmo em meio ao caos do mercado, países produtores de petróleo, como a Malásia e a Indonésia, estão aproveitando a situação para lucrar.