Posses no Congresso: polícias do DF têm 1º teste após fim da intervenção
Posse de deputados e senadores será primeiro grande evento sob novo comando da Secretaria de Segurança Pública após atos de 8 de janeiro
atualizado
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As forças policiais do Distrito Federal começam o mês de fevereiro com o primeiro grande teste após a intervenção federal. Nesta quarta-feira (1º/2), estão marcadas as posses dos deputados e senadores eleitos em 2022. O esquema de segurança deverá provar que consegue dar tranquilidade aos grandes eventos políticos após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
O comando da Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF) volta, também nesta quarta, para o GDF. Sandro Avelar, escolhido pelo Executivo local e aprovado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, estará à frente das operações para proteção dos parlamentares e dos envolvidos nas posses.
O esquema de segurança contará com o fechamento da Esplanada dos Ministérios para trânsito de veículos, reforço nos efetivos das delegacias e monitoramento de imagens de câmeras, drones e informações enviadas ao Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), que terá representação de órgãos como a Polícia Federal e a Força Nacional.
No Ciob, mais de 30 instituições vão observar a movimentação em tempo real. Representantes das instituições como Câmara dos Deputados, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estão entre os observadores.
A Polícia Militar (PMDF) vai reforçar o policiamento. Tropas de choque, cavalaria, operações aéreas, policiamento com cães e operações especiais estarão atuando em apoio. Na Praça dos Três Poderes, haverá acesso restrito aos políticos e convidados das cerimônias.
Clima de tensão
De acordo com um relatório produzido por Ricardo Cappelli — nome que ficou à frente da segurança do DF durante o período de intervenção —, diversas falhas no planejamento levaram aos acontecimentos do dia 8 de janeiro. Na ocasião, extremistas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
O documento avalia que o então comandante da PM, Fábio Augusto Vieira, perdeu o controle das tropas e que os batalhões da segurança da capital federal não foram acionados para conter o avanço dos extremistas.
Cappelli ainda criticou a viagem de Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública da capital federal. Torres embarcou para os Estados Unidos quatro dias antes do início das férias oficiais e estava fora do país quando as invasões e depredações começaram.
Torres e Fábio Augusto estão presos à pedido do STF e aguardam julgamento da Corte. Ibaneis Rocha (MDB), governador eleito do DF, e o ex-secretário-executivo da SSP/DF, Fernando de Sousa Oliveira, também são investigados pelos atos antidemocráticos. O Supremo avalia se houve omissão por parte deles.
Ibaneis, inclusive, foi afastado do cargo por 90 dias. Celina Leão, a vice, assumiu o comando do Executivo local.
Trocas e mais prisões
Os acontecimentos do dia 8 culminaram na exoneração de Torres e do então comandante-geral da PMDF, Fábio Vieira. Como interventor, Cappelli escolheu o coronel Klepter Rosa para assumir a corporação. Sandro Avelar foi o escolhido para assumir a pasta da Segurança Pública.
Cappelli também exonerou nomes da cúpula da SSP que haviam sido escolhidos por Torres.
Nos presídios do DF, mais de 900 pessoas permanecem presas por participação nos atos antidemocráticos. Todas foram ouvidas em audiência de custódia. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já denunciou 479 pessoas. Os nomes agora em análise na Justiça para virarem réus foram detidos no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
As acusações vão são de associação criminosa e incitação ao crime equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais.
Agora, espera-se que as forças policiais e comandos demonstrem que conseguem lidar com grandes eventos políticos no DF. Nos próximos dias, deve haver mais prisões de envolvidos no ocorrido, além de andamento nos casos das figuras públicas investigadas.