“Por que o mataram, meu Deus?”, questiona mãe de motorista de app
Maurício Cuquejo, 29 anos, foi achado morto com diversas perfurações no corpo na região rural da Granja do Torto
atualizado
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Mãe do motorista de aplicativo Maurício Cuquejo Sodré, 29 anos, encontrado morto na manhã desta quinta-feira (23/01/2020), na região da Granja do Torto, Maria do Socorro Sodré (foto em destaque) disse que ficou sabendo do sumiço por meio da namorada do filho. De acordo com Maria, Natália ligou para a família perguntando se tinham notícias de Maurício, uma vez que o rapaz não tinha chegado em casa até as 6h.
Como não tinham notícias, imediatamente os parentes ligaram para a seguradora do carro, recém-adquirido, e acionaram ainda o aplicativo para saber da localização de Maurício. O corpo do motorista de app, que era hemofílico e tinha um problema na perna, segundo a mãe, foi achado nesta manhã numa região rural.
“A última vez que o vi foi na segunda-feira. Ele sempre vai lá em casa lavar o carro dele. Fiquei sabendo dessa situação pela namorada dele. Era um homem independente, formado em gastronomia. Por que o mataram, meu Deus? Já tinham roubado”, questionou Maria do Socorro, que foi ao local do crime.
Maurício era formado em gastronomia. Maria do Socorro conta ainda que emprestou dinheiro ao filho para adquirir o veículo, que, segundo a mulher, era o “xodó” do rapaz. “Não gostava de ser subordinado a ninguém, por isso não atuava na área. Eu emprestei dinheiro para ele comprar o carro. Ele estava trabalhando há oito meses de Uber. Queria montar uma lanchonete, e agora estou enterrando um filho. Estou anestesiada”, desabafou a mãe da vítima.
Por volta das 13h30, a perícia da Polícia Civil do DF estava na área onde o corpo foi achado. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) esteve na região, aproximadamente às 7h, e localizou o carro de Maurício, um Renault Logan de cor branca.
A vítima levou diversos golpes. Maurício foi achado de bruços dentro de uma poça de água. O veículo dele foi encontrado em outra vala. Havia também duas facas no local do crime.
Há uma câmera de segurança perto do local, porém o equipamento está desligado. Os criminosos deixaram o carro, mas o celular, a carteira e os documentos da vítima não foram achados.
Maurício, segundo a mãe, era seletivo com os passageiros que pegava. De acordo com Maria do Socorro, ele já chegou a ir embora de certas corridas por desconfiar das pessoas. “Ele deu uma bobeira, porque sempre selecionava os passageiros que pegava. Ele era medroso demais, ele vacilou”, afirmou a mãe.
Investigação
De acordo com o delegado Laércio Rossetto, chefe da 2ª DP (Asa Norte), a polícia trabalha com duas possibilidades: latrocínio (roubo seguido de morte) ou homicídio. “Ele era motorista de aplicativo e estava fazendo uma corrida pela região. Morava em Santa Maria. O corpo, provavelmente, estava dentro do porta-mala mala do veículo”, pontuou o investigador.
A polícia já sabe que Maurício ficou uma hora parado às margens da BR-020, após receber o chamado para a corrida. Ainda segundo o delegado, quem matou o rapaz tinha mesmo essa intenção, devido à brutalidade do crime. “O corpo tinha várias perfurações. O carro era novo e pertencia à vítima, ressaltou.
Irmão de Maurício, Marcus Sodré, 23, também foi ao local do crime. Ele disse que a relação entre os dois era bem próxima. “Estava cheio de planos, de expectativa, queria até comprar uns livros de economia para entender mais sobre o assunto. Era uma pessoa muito tranquila. Toda segunda, ele ia lá em casa para lavar o carro dele. A última vez que o vi foi na terça, quando foi deixar uns documentos lá”, contou o jovem.
Marcus suspeita que Maurício “agonizou bastante antes de morrer”. Este é o segundo caso de morte de um motorista de aplicativo em 2020 no Distrito Federal. No dia 18 de janeiro, o corpo de Aldenys da Silva, também de 29 anos, foi localizado às margens da BR-070, na entrada de Brazlândia. Ele estava desaparecido desde 3 de janeiro.