Por dia, 78 motoristas são flagrados em velocidade 50% acima da máxima
O motociclista que atropelou e matou mãe e filha nesta semana estava a 150 km/h em via de 60 km/h. A velocidade é 150% maior que a máxima
atualizado
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João Batista Siqueira, motociclista de 36 anos que atropelou e matou mãe e filha na segunda-feira (10/10), em Planaltina, transitava acima de 150 km/h quando ocorreu o acidente. Uma vez que a velocidade permitida na via é de até 60 km/h, a moto que ele conduzia estava 150% mais rápida que o máximo estabelecido para o local.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, quando o veículo é flagrado trafegando acima de 50% do máximo permitido, a infração é gravíssima. A multa é de R$ 880,41, além da suspensão do direito de dirigir.
De acordo com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), de janeiro a setembro de 2022, 21.028 motoristas foram autuados dirigindo em velocidade 50% superior à velocidade máxima da via. Isso representa uma média de 78 infrações por dia.
No ano passado, o Detran autuou 28.463 condutores por esse motivo. Apenas entre janeiro e setembro de 2021, foram 22.753 autuações.
Veja quais os graus de gravidade e quais penalidades previstas conforme o CTB:
I – quando a velocidade for superior à máxima em até 20%
- Infração: média
- Penalidade: multa
II – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 20% e até 50%
- Infração: grave
- Penalidade: multa
III – quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50%
- Infração: gravíssima
- Penalidade: multa (três vezes) e suspensão do direito de dirigir
Alta velocidade
Artur Morais, professor e doutor em transporte, explica que existe esse parâmetro máximo de 50% porque “tudo que for acima disso é muito grave”. “Até determinado ponto tem um certo perigo. Mas dirigir acima de 50%, 70%, 80% da velocidade da via é assumir um grande risco”, diz.
“Quando a pessoa ultrapassa muito a velocidade da via ou diminui demais, ela está dirigindo de forma perigosa. Mas, quanto maior a velocidade, maior é o risco e a severidade do acidente. Uma pessoa atropelada por um carro a 30km/h tem boas chances de sobreviver, geralmente. Mas, se for a 80km/h, o óbito é praticamente certo”, ressalta o especialista.
Para ele, Brasília necessita de mais campanhas educativas sobre trânsito. “Falta muito. Precisamos voltar a ter isso.”
Acidentes graves
Em audiência de custódia na terça-feira (11/10), a Justiça do Distrito Federal converteu para preventiva a prisão em flagrante de João Batista Siqueira, motociclista que atropelou e matou mãe e filha em Planaltina (DF). Este foi um dentre vários acidentes com morte que abalaram o DF nos últimos anos, justamente por conta de alta velocidade.
Um dos casos mais memoráveis é o do ex-professor de educação física Paulo César Timponi, acusado de provocar uma batida na Ponte JK. A tragédia matou três mulheres, em 6 de outubro de 2007. Ele fugiu sem prestar socorro às vítimas. Segundo a perícia, o homem dirigia um Golf a 130 km/h quando atingiu o Corolla em que estavam as vítimas: Antônia Maria de Vasconcelos, Altair Barreto de Paiva e Cíntia dos Santos Cysneiros, além do motorista e marido de Antônia, Luiz Cláudio Vasconcelos.
As mulheres foram arremessadas para fora do veículo e morreram na hora. No carro de Timponi, foram encontradas uma lata de cerveja, uma garrafa de uísque e vestígios de cocaína.
O homem foi preso à época, mas o processo na Justiça se desenrola até hoje. A última decisão que consta é de 2020, em que a Justiça suspendeu o processo até que o acusado se reestabeleça em termos de saúde, uma vez que exame de insanidade mental apontou que ele sofre de Alzheimer.
Total de infrações
De acordo com o Detran-DF, de janeiro a setembro de 2022, foram registradas 826.649 autuações por transitar acima da velocidade máxima da via. No mesmo período do ano passado, o departamento contabilizou 1.282.148 infrações por desrespeito aos limites de velocidade.