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População negra ocupa quase 80% dos empregos domésticos, diz pesquisa

No último ano, de cada três negros de 14 anos ou mais, aproximadamente dois estavam inseridos no mercado de trabalho no Distrito Federal

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1 de 1 Imagem colorida de representação de candidaturas de negros - Metrópoles - Foto: Yanka Romão/Metrópoles

O mercado de trabalho no Distrito Federal em 2023 reforçou o protagonismo da população negra, que compõe a maior parte da força de trabalho na região. Dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF) mostram que 60,8% das pessoas ocupadas se autodeclararam pretas ou pardas.

Por outro lado, desafios importantes permanecem, conforme mostra o estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), nessa terça-feira (19/11).

O boletim aponta que a população negra está mais presente em profissões de maior vulnerabilidade, como emprego doméstico (quase 80% dos postos) e trabalho autônomo (66,8%).

O emprego no setor público ainda corresponde a 17% das oportunidades para negros. Na sequência, as inserções em que os negros estavam sobrerrepresentados incluíam o trabalho autônomo (66,8%) e o emprego assalariado no setor privado, tanto com carteira assinada (65,4%) quanto sem (61,9%).

No último ano, os rendimentos médios reais de negros e não negros correspondiam a R$ 3.569 e R$ 6.221 respectivamente. Em relação a 2022, houve aumento de 1,4% para a população negra e de 9,0% para a parcela não negra, elevando as diferenças de remunerações entre ambos os grupos de cor.

Segundo o IPEDF, historicamente, a população negra ocupada ganha salários inferiores aos recebidos pelos não negros, sobretudo devido à maior concentração dessa população em inserções com maior grau de vulnerabilidade e que pagam remunerações menores.

A diretora de Estatística e Pesquisas Socioeconômicas do IPEDF, Francisca Lucena, enfatizou a necessidade de políticas públicas que ampliem a equidade no mercado de trabalho.

“Destacamos a importância do acesso da população negra a posições ocupacionais com maior remuneração e acesso a direitos trabalhistas. Políticas públicas que viabilizem a permanência da população negra na trajetória educacional e em atividades de qualificação profissional são importantes estratégias para ampliar ainda mais o protagonismo da população negra no mercado de trabalho do Distrito Federal”, destacou.

Inserção no mercado de trabalho

Nos últimos 12 meses, a cada três negros de 14 anos ou mais, aproximadamente dois estavam inseridos no mercado de trabalho, o que corresponde a uma taxa de participação de 66%. Para não negros, esse índice era de 62,2%.

Entre residentes do Distrito Federal com idade recrutável para o mundo do trabalho, 64,5% eram economicamente ativos. Nesse grupo, os negros também representavam a maioria (40%) em relação aos não negros (24,5%).

Por outro lado, do total da população em idade ativa regional, 35,5% estavam fora do mercado de trabalho, distribuídos entre 20,6% negros e 14,9% não negros.

Setores como construção civil, comércio e indústria de transformação lideram em participação de trabalhadores negros, com índices de 74,7%, 66,5% e 64,4%, respectivamente.

Apesar disso, o setor de serviços continua como o principal espaço de atuação, absorvendo 71,5% dessa população, seguido pelo comércio e reparação (17,4%) e pela construção (6,1%).

Desemprego

A taxa de desemprego da população negra atingiu 17,9% em 2023, o que significa um aumento em relação ao ano anterior. Essa taxa é superior à dos não negros, que ficou em 13,5%.

Contudo, o tempo médio de busca por trabalho entre negros caiu de 12 para 11 meses, mostrando maior eficiência na recolocação desse grupo no mercado.

 

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