Políticos e juristas lamentam morte de Luiz Carlos Sigmaringa Seixas
O advogado perdeu a batalha para um câncer nesta terça-feira (25/12). Ele chegou a fazer um transplante de medula há alguns dias
atualizado
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A morte do advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixas, 74 anos, nesta terça-feira (25/12), causou reação imediata no meio político e jurídico neste Natal. O ex-deputado federal perdeu a batalha para um câncer. Ele chegou a fazer um transplante de medula há alguns dias no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo mas não resistiu às complicações do procedimento.
O carioca Sigmaringa Seixas tornou-se um advogado conhecido e respeitado por atuar em causas humanistas. Defendeu estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e sindicalistas. Também militou ao lado de petistas durante muitos anos. Ele foi deputado federal constituinte e acabou reeleito por duas vezes. Ele deixa a esposa, Marina, e dois filhos.
Além de se pronunciar pelas redes sociais, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), em nota oficial, declarou luto por três dias no Distrito Federal.
“Seu jeito especial de ser, sua integridade moral e seu exemplo permanecerão presentes em todos nós e serão permanentes lembrados por aqueles que escreverão a história política de Brasília”, disse.
Formado em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Sigmaringa foi deputado federal pelo DF entre 1987 e 1995 e também entre 2003 e 2007. O ex-parlamentar era filho de Antônio Carlos Sigmaringa Seixas, que presidiu a Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF) nos anos 1970 e morreu em janeiro de 2016.
“Lamento imensamente a morte do grande advogado e homem público, Sigmaringa Seixas, um lutador pela democracia brasileira. Meus sentimentos de pesar à família e aos amigos”, disse o presidente da República, Michel Temer (MDB).
O corpo de Sigmaringa Seixas será trazido de São Paulo para Brasília. O velório terá início às 8h, no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, e o enterro será às 16h30 desta quarta-feira (26).
Quem era
Sigmaringa Seixas tornou-se um célebre advogado durante a ditadura militar, quando defendeu vítimas de abusos. Muito próximo ao bispo Dom Evaristo Arns, igualmente defensor dos direitos humanos, Seixas ajudou a montar o relatório Brasil: Nunca Mais, que compilou dados sobre a tortura aplicada aos opositores do regime.
Sigmaringa, além de atuar na esfera dos direitos humanos, era um militante radical da necessidade de diálogo entre grupos antagônicos. Próximo aos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele tentou, em vão, organizar um encontro de ambos ao longo do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Sua proximidade com o PSDB era antiga e remontava a um convite do então governador de São Paulo Mario Covas que, em 1991, chamou Seixas para construir o PSDB no Distrito Federal. Ele ficou na sigla até depois das eleições de 1994 – quando se candidatou ao Senado e perdeu. Na sequência, discordou da filiação de José Roberto Arruda à legenda e deixou o ninho tucano.
Sigmaringa filiou-se ao PT, mas ainda assim manteve os laços de proximidade com o PSDB. Ele chegou a ser padrinho do filho de Pedro Parente, ex-ministro-chefe da Casa Civil de FHC e presidente da Petrobras no governo de Michel Temer.
Em sua conta pessoal no Facebook, Rafael Parente, seu afilhado, contou que visitou Seixas no hospital antes do falecimento. “Ontem (24/12) foi a nossa última conversa, na UTI. Ele, mesmo frágil, fazia perguntas e piadas, como de costume”, narrou.
Com perfil conciliador, ele articulou em 1998 o apoio de José Serra (PSDB), então ministro da Saúde, à candidatura de Cristovam Buarque ao governo. Seixas era seu vice. No mesmo pleito, o presidente tucano FHC apoiou o opositor de Cristovam e vencedor das eleições, Joaquim Roriz.
Seixas chegou a ser cotado para assumir uma vaga como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2006, com a aposentadoria do ministro Carlos Velloso. No seu lugar, entretanto, acabou escolhido Ricardo Lewandowski.
Ele manteve, de qualquer forma, a amizade com Lula e ficou parcialmente responsável por sua defesa no processo que levou o ex-presidente à cadeia. Segundo relatos do jornal Folha de S. Paulo, foi ele quem arrumou a cama do ex-presidente na primeira noite que Lula passou na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, no dia 7 de abril.
Confira a repercussão:
Ibaneis Rocha, advogado, ex-presidente da OAB-DF e governador eleito do DF:
“Advogado atuante de causas humanistas, político marcante em um momento decisivo para o DF e o Brasil, ajudou a escrever a Constituição do país e desempenhou papel importante para ampliação das liberdades civis e dos direitos e garantias fundamentais do cidadão. Acima de tudo, morreu um amigo, que irá fazer falta.”
Rodrigo Rollemberg, governador do DF:
“Brasília chora e lamenta a morte de um dos maiores nomes de sua história, o ex-deputado federal Luiz Carlos Sigmaringa Seixas. Amigo de toda hora, honrado, honesto e intransigente defensor da democracia.”
Claudio Lamachia, presidente nacional da OAB
“Teve uma atuação memorável tanto na defesa dos direitos humanos como também na dedicação a advocacia.”
Délio Lins e Silva Júnior, presidente eleito da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Distrito Federal (OAB-DF):
“Perda muito grande, não só para os advogados, mas para o mundo. Um ser humano que vai fazer muita falta para o país.”
Paulo Sérgio Domingues, ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe):
“Um grande ser humano, advogado e político que lutou pela liberdade, pela democracia e pelas causas sociais no Brasil. Vai fazer muita falta. Sigmaringa teve uma bela história de grande defensor das liberdades e dos menos favorecidos. Um incansável democrata e humanista.”
Hélio Doyle, ex-chefe da Casa Civil do GDF:
“Era um amigo de verdade. Para mim, seu maior trabalho foi juntar sigilosamente, durante seis anos, as informações sobre as torturas nos anos de ditadura e que estão publicadas no livro Tortura nunca mais. Todos os que o conheceram estão muito tristes hoje”.
Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF):
“Sigmaringa Seixas tinha compromisso com a Justiça e o bem-estar social. Deixou sua marca como homem público, deputado constituinte e advogado primoroso, sempre pronto a lutar pelos Direitos Humanos, pela Democracia e pela Liberdade em nosso País, trabalhando com humildade pelo bem comum, sem buscar os holofotes. Entre as características de sua personalidade, estavam a discrição e a vocação para o outro. Um Homem de Bem! Uma grande perda para o Direito, a Advocacia e o Brasil. Minha solidariedade à Marina, filhos, familiares e amigos”.
Sigmaringa era pessoa de gigantescas qualidades, sobretudo a de fazer e manter amizades. Sua morte é uma imensa perda para todos seus amigos: nosso mundo ficou menor. @BlogdoNoblat
— Cristovam Buarque (@Sen_Cristovam) 25 de dezembro de 2018
Jofran Frejat, ex-deputado federal e ex-secretário de Saúde do Distrito Federal:
“Dia de luto. Fomos companheiros na constituinte. Eu era presidente da sub-comissão da União, Distrito Federal e Territórios e ele foi o relator. Uma pena!”.
Lamento imensamente a morte do grande advogado e homem público, Sigmaringa Seixas, um lutador pela democracia brasileira. Meus sentimentos de pesar à familia e amigos.
— Michel Temer (@MichelTemer) 25 de dezembro de 2018
Lamento a morte de Sigmaringa Seixas. Fomos colegas quando ele era deputado e eu senador. Ajudou muito na redemocratização do Brasil. Condolências à família.
— Fernando Henrique Cardoso (@FHC) 25 de dezembro de 2018
Com tristeza imensa acabei de saber da morte de nosso grande e querido companheiro Sigmaringa Seixas. Lutador incansável pela justiça e pela democracia em nosso país. Vai fazer muita, muita falta Sig! Solidariedade à família e amigos
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 25 de dezembro de 2018
Meu padrinho faleceu esta manhã. Nossa última prosa foi ontem e, por sorte, acompanhei esse final ao lado dos filhos, no hospital. Sei que ele está em paz. Descansou. Dessa vez, sou eu quem diz: que Deus o abençoe, padrinho lindo. https://t.co/NCR72sPTiG
— Rafael Parente (@Rafael_Parente) 25 de dezembro de 2018
Com tristeza recebo a notícia do falecimento do advogado e ex Deputado Federal Luiz Carlos Sigmaringa Seixas. Homem que deixou um legado de lutas nas causas humanistas. Que Deus lhe dê muita luz.
— Reginaldo Sardinha (@sardinhadf) 25 de dezembro de 2018
Meus sentimentos a todos familiares e amigos de Sigmaringa Seixas, que nos deixou neste Natal. Deputado federal constituinte por mais de dois mandatos pelo PT e um incansável advogado defensor de nossos companheiros, um amigo certo das horas incertas.https://t.co/KEwrnXLIU7
— Eduardo Suplicy (@esuplicy) 25 de dezembro de 2018
Morre, aos 74 anos, o advogado Luiz Carlos Sigmaringa Seixashttps://t.co/yelOd2jLpi #RIP
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) 25 de dezembro de 2018
Minha solidariedade aos familiares e amigos do ex deputado federal Luiz Carlos Sigmaringa Seixas. Brasília perde uma das suas grandes lideranças políticas.
— Leandro Grass (@leandrograss) 25 de dezembro de 2018
Sigmaringa foi um grande amigo e companheiro. Fez história na luta das liberdades democráticas e dos direitos humanos. Seguiremos firmes defendendo seus ideais de uma sociedade mais justa e igualitária. Sentiremos sua falta!
— Erika Kokay (@erikakokay) 25 de dezembro de 2018
Sigmaringa Seixas. Um grande advogado, um mestre na arte da conciliação e da tolerância, um agregador por natureza e vocação. Um democrata na acepção da palavra. Fará muita falta ao Brasil e a nós, seus amigos.
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) 25 de dezembro de 2018