Volta de Hermeto abre embate por composição da CPI do Feminicídio
Na Câmara Legislativa, parlamentares querem que o deputado, acusado de agressão por ex-companheira, abra mão da vaga no colegiado
atualizado
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Tão logo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) derrubou parcialmente a medida protetiva pedida pela ex-mulher de Hermeto (MDB), o distrital anunciou a volta para a Comissão Parlamentar de Inquérito contra o Feminicídio na Câmara Legislativa (CLDF). O anúncio do retorno, contudo, intensifica as discussões na Casa sobre a composição da CPI.
Nos bastidores, parlamentares se articulam para tentar convencer Hermeto a abrir mão de ser membro do colegiado até que o processo a que responde por assédio moral, perseguição e ameaças contra a ex-companheira Vanusa Lopes Ferreira seja concluído.
Na visão do emedebista, contudo, não há pressão. “Estou preparado para reassumir a posição. Tenho muito a contribuir. Em 30 anos como militar, trabalhei em várias ocorrências em prol da proteção da mulher, inclusive afastando vítimas dos maridos que batiam nelas”, disse.
Para voltar, Hermeto aguarda liberação médica. “Estou sob efeitos de remédio e em tratamento psiquiátrico. Não é vergonha reconhecer que toda essa situação me abalou”, declarou.
No início de novembro, o distrital pediu afastamento dos trabalhos por questões de saúde, dias depois de ser obrigado a manter 300 metros de distância de Vanusa. Mas, na quinta-feira (14/11/2019), o Judiciário suspendeu a proibição, sob o entendimento de que as acusações não se sustentavam.
O processo continua correndo em segredo de Justiça e obriga que ambas as partes se mantenham afastadas das respectivas residências, com pelo menos 100 metros de distância, além de proibir qualquer contato pessoal, por telefone ou virtual.
Repercussão
Nenhum dos membros titulares da comissão de inquérito comentou sobre a possível volta de Hermeto. A deputada Arlete Sampaio (PT) disse que tentará novas articulações com a Mesa Diretora. “O objetivo é garantir mais uma mulher na CPI, de preferência assumindo a frente dos trabalhos. É uma questão de coerência ao tema. Estou sempre disponível à presidência”, afirmou.
Na primeira composição, Telma Rufino (Pros) liderava a comissão. Com a saída dela, que será administradora de Arniqueiras, o posto continua sendo cotado no bloco. A indicação é para que Rodrigo Delmasso (Republicanos) assuma os trabalhos, posição que o parlamentar afirma já ter aceitado. “A pedido do líder do bloco, Martins Machado [PRB], vou assumir a vaga. Vou colocar meu nome à disposição para a presidência, já que tenho experiência. Liderei a CPI da Pedofilia, e trouxemos muitos resultados”, disse.
Caso Hermeto deixe o colegiado, uma nova cadeira entra na disputa. “A vaga foi cedida pelo bloco e, em caso de desistência, voltaria para discussão interna, com novas avaliações. Não vejo prejuízo algum da participação de Hermeto, que vai contribuir com a experiência de rua como PM”, opinou Delmasso.