#VazaJato: Deltan sugere que Moro protegeria Flávio Bolsonaro por STF
Reportagem do site The Intercept Brasil revela que coordenador da Lava Jato estaria preocupado com repercussões políticas do caso Queiroz
atualizado
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O procurador Deltan Dallagnol, em novas mensagens vazadas sobre a operação Lava Jato, teria sugerido a colegas do Ministério Público Federal (MPF) que Sergio Moro, ex-juiz da força-tarefa e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, protegeria o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no caso Queiroz, por supostamente desejar ser indicado a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). As informações fazem parte da série de reportagens do site The Intercept Brasil, chamada de #VazaJato.
Dallagnol, em conversas via Telegram, teria mostrado preocupação com possíveis repercussões políticas da investigação sobre o esquema de funcionários fantasmas e movimentações financeiras atípicas envolvendo Fabrício Queiroz, policial militar e assessor parlamentar de Flávio quando ele era deputado estadual. O procurador opina que Flávio “certamente” seria implicado na investigação.
Na segunda (15/07/2019), o presidente do STF, Dias Toffoli, suspendeu investigações iniciadas sem aprovação judicial com uso de dados do Coaf (Conselho de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Economia, que identificou os pagamentos suspeitos a Queiroz.
Leia as conversas vazadas pelo Intercept Brasil:
Diálogos
Em dezembro de 2018, no grupo de chat chamado Filhos do Januario 3, Dallagnol compartilhou uma reportagem do Uol sobre um depósito de R$ 24 mil feito por Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. “É óbvio o q aconteceu… E agora, José?”, escreveu o procurador. “Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”, indagou. “Agora, o quanto ele vai bancar a pauta Moro Anticorrupção se o filho dele vai sentir a pauta na pele?”, continuou.
Em outro diálogo divulgado pelo Intercept, Dallagnol fala com Roberson Pozzobon, outro procurador da Lava Jato. Na conversa, Dallagnol se mostra preocupado com possíveis condenações de Flávio. Pozzobon concorda: “O silêncio no caso acho que é mais eloquente”.
O Intercept Brasil afirma ter procurado a Lava Jato e os procuradores citados na reportagem, mas não ter recebido resposta até a publicação da reportagem, no começo da tarde deste domingo (21/07/2019).