Uns com joias, outros com centavos. Veja os bens de candidatos do DF
Entre ouro, imóveis e aeronaves, 784 postulantes já declararam posses. Há quem tenha milhões e um com apenas R$ 0,18 de patrimônio
atualizado
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O patrimônio dos candidatos que vão disputar as eleições de 2018 pelo Distrito Federal ultrapassa a casa do bilhão de reais, quase o triplo do apresentado pelos postulantes de 2014. Com ações, participação de capital em empresas, joias, ouro e até aeronaves, os magnatas do pleito competem com adversários que apresentaram recursos módicos, como R$ 0,18 depositados em caderneta de poupança.
Ao todo, a disputa de 2018 já soma R$ 1,4 bilhão declarados no repositório de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2014, foram R$ 500 milhões.
A conta é feita a partir das informações disponibilizadas, até agora, por 784 dos 1.228 concorrentes aos cargos de governador, senador, suplente, deputado federal e distrital. Em 2014, os dados eram de 700 postulantes.
O montante total apresentado há quatro anos não alcança nem sequer o do atual concorrente ao Senado Fernando Marques (Solidariedade). O dono da União Química, uma das maiores farmacêuticas do Brasil, tem R$ 667.953.170,44 declarados – o valor é o maior entre todos os candidatos do Brasil.
A questão financeira em 2018 mudou o perfil médio de quem sonha com cargo eletivo no Distrito Federal. Nas eleições passadas, a maior parte dos postulantes a cargos públicos era formada por servidores públicos. Hoje, o segmento que mais tem concorrentes reúne empresários, advogados e políticos de carreira.
Além de Marques, estão na lista dos 10 mais abastados no DF o candidato ao GDF e advogado Ibaneis Rocha (MDB), com R$ 94.100.602,57; e o também advogado Luis Felipe Belmonte (PSDB) – com R$ 65.773.659,50, que figura como suplente de Izalci Lucas (PSDB) ao Senado.
Em seguida, vem o empresário José Gomes (PSB), que pleiteia uma vaga na Câmara Legislativa e terá que se explicar após ser alvo de denúncia por compra de votos, conforme revelou o Metrópoles. Ele tem patrimônio de R$ 33.838.344,74.
Em quinto lugar, mais um advogado: Paulo Roque (Novo), postulante ao Senado, com R$ 33.315.962,84.
Os políticos profissionais aparecem na nona colocação, representados pelo presidente licenciado do MDB no DF, Tadeu Filippelli. Ele declarou ter R$ 10.120.520,89. Depois, vem Paulo Roriz (PSDB), com R$ 9.493.179,33; Izalci Lucas (PSDB), que declarou R$ 8.453.062,33; e o distrital Agaciel Maia (PR), com R$ 8.247.332,00.
Sem dinheiro
Enquanto o candidato mais rico tem acima de R$ 667 milhões, o menos abastado declarou módicos R$ 0,18. Segundo Osvaldo Rosa da Silva Júnior, conhecido como Junior Xukuru (PSol), esse montante é o patrimônio dele, que está na caderneta de poupança. Servidor público estadual de Goiás, ele concorrerá a uma vaga de deputado federal pelo DF. Para fazer a campanha, recebeu, de seu partido, R$ 29.605,99.
O mecânico Edison Pinto Oliveira, o Edison Ceilândia (PSol), aparece na relação logo acima de Xukuru. Ele declarou R$ 1,12, também na poupança, e disputará cadeira na Câmara dos Deputados. Já o professor Daniel Araújo (PP), que pleiteia vaga de deputado distrital, tem R$ 2,36 em bens constantes em conta-corrente, segundo declarou à Justiça Eleitoral.
Veja a lista completa:
A riqueza dos candidatos do DF by Metropoles on Scribd
Bens
Assim como as profissões se elitizaram das eleições de 2014 para as de 2018, os bens declarados pelos candidatos também mostraram diversidade e alto poder aquisitivo.
Somente de cotas ou quinhões de capital, conhecidos como participação de capital em empresas, foram apresentados ao TSE declarações que somam R$ 411,7 milhões. Fernando Marques é responsável por R$ 338,9 milhões desses bens. Marques também tem joias, quadros, fundos de investimentos e carros de luxo, entre outras posses.
Diego Barros (Novo), postulante a deputado federal, declarou ter R$ 12.717,27 em ouro. Ele tem um patrimônio de R$ 579,5 mil. Os dois únicos candidatos que têm aeronaves são do PMN: o magistrado Everardo Alves Ribeiro, disputando o Senado; e José Edmar Cordeiro, pleiteando assento na Câmara dos Deputados.
Veja a lista de bens informados à Justiça Eleitoral:
Candidatos mais ricos do DF – Detalhamento by Metropoles on Scribd
Fenômeno atual
Para o doutor em ciência política Wladimir Gramacho, da Universidade de Salamanca, na Espanha, a concentração de empresários e advogados se lançando à disputa é nova, e ocorre devido à recente legislação eleitoral, que proíbe o financiamento privado.
A lei cria uma vantagem para os mais ricos. O novo modelo sem doação de empresas privadas leva pessoas com mais recursos a terem maior condição de financiar suas próprias campanhas. Não obstante, temos empresários e advogados liderando as profissões participantes
Wladimir Gramacho, doutor em ciência política
O cientista político e mestre em governança pela George Washington University Aurélio Maduro acredita que os candidatos muito ricos se sentem mais à vontade porque, sem o financiamento privado, não deverão favores a ninguém em caso de serem eleitos.
“A partir do momento em que o ambiente está mais propício para quem consegue se autofinanciar, o candidato acaba encorajado, porque se livra de possíveis compromissos anteriores que poderiam ser cobrados”, afirmou Maduro.