Distritais aproveitam janela partidária para negociar e conquistar mais espaço, de olho nas eleições de 2018
Até 18 de março parlamentares podem mudar de legenda sem restrições. Deputados da Rede se anteciparam e trocaram de partido antes
atualizado
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Os primeiros 14 dias de abertura da janela partidária começam a provocar mudanças na representação das legendas na Câmara Legislativa. Dois distritais se filiaram a outras siglas e três confirmaram que estão de malas prontas para zarpar das agremiações pelas quais foram eleitos. Somados ao trio que migrou para a então recém-criada Rede, em outubro de 2015, já são oito os parlamentares que optaram pela mudança.
Desde que a janela se abriu, em 18 de fevereiro, Celina Leão trocou o PDT pelo PPS e Liliane Roriz migrou do PRTB para o PTB. Três colegas — Cristiano Araújo (PTB), Juarezão (PRTB) e Robério Negreiros (PMDB) — estão de saída das legendas pelas quais se elegeram, mas ainda analisam propostas de diversos partidos.No jogo do poder, em que os partidos querem ter representatividade na Casa (e ganhar acesso a cargos e a recursos de emendas), é preciso seduzir os parlamentares. No caso de Celina, por exemplo, o desembarque no PPS tem motivo certo: a garantia de uma candidatura à Câmara dos Deputados ou até mesmo ao GDF em 2018.
As eleições majoritárias, aliás, são a direção para onde se volta a bússola distrital neste momento em que se abriu a possibilidade de mudança. E, mesmo com a previsão de tempo favorável, faz-se necessário traçar a rota com cuidado para evitar tempestades futuras.
“A situação do DF diante da janela partidária é diferente das outras unidades da Federação, pois não haverá eleição no DF em 2016. O foco é em 2018. Cada distrital analisa qual partido renderá mais tempo de televisão e quais vantagens se pode ter com a troca de legenda”, explica o cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB).
Ainda de acordo com o especialista, o elevado percentual de renovação na CLDF a cada eleição leva os distritais a se movimentarem por cargos mais altos — e influência dentro da estrutura das legendas. “O mínimo que qualquer deputado quer é a reeleição. Na Câmara Legislativa, a renovação a cada período é de 50%. Por isso, a ansiedade é muito grande”, afirma.
Ansiedade
Cristiano Araújo é um dos deputados que tentam controlar a ansiedade para chegar ao fim da janela com a certeza de ter se reencontrado no mapa partidário. Ele recebeu propostas de diversas legendas e negocia com PSD, PSDB, PT e DEM. A intenção é oxigenar o mandato e ter mais voz dentro da sigla que escolher. É o mesmo caso de Juarezão e do peemedebista Robério Negreiros.
Por falar em PMDB, o partido que perderá Negreiros se esforça para não ficar sem Rafael Prudente e Wellington Luiz, que andavam insatisfeitos com a legenda.
Quem não enfrenta problemas é a Rede Sustentabilidade, que vai se manter intacta. Cláudio Abrantes não pretende ir para o PDT, mesmo após convite. E Luzia de Paula, que chegou a ser sondada pelo PSB, promete continuar na legenda.
Chico Leite, líder da Rede na Câmara, deixou o PT em setembro de 2015 e sempre defendeu que o partido tem que ser independente. Ele compõe o trio que se filiou à nova agremiação no ano passado. E a migração não foi à toa: ele trabalha para disputar o Senado ou o GDF em 2018.
Exceção
No mar em que se movimentam os distritais, negociando saídas e permanências, há uma única parlamentar que navega à margem desse troca-troca. Telma Rufino foi expulsa do PPL em agosto e segue sem legenda. E não vai usar o prazo aberto pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 113/2015 de 30 dias para escolher uma. Telma tampouco corre o risco de perder o mandato, pois o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal rejeitou ação do PPL para reaver o mandato da parlamentar.
Confira a situação dos deputados distritais: