Paulo Octávio, Maciel e Tony Brixi no banco dos réus. Testemunhas são ouvidas sobre crimes de corrupção e lavagem de dinheiro
De acordo com a investigação, o ex-governador José Roberto Arruda e o ex-vice Paulo Octávio, além de outros cinco denunciados, teriam usado contratos de informática para desviar dinheiro
atualizado
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Testemunhas de defesa da Operação Caixa de Pandora foram ouvidas na tarde desta sexta-feira (11/12) durante a 2ª audiência do processo que apura denúncias de corrupção em contratos de informática com a empresa Vertax Ltda. Doze pessoas prestaram depoimento na 7ª Vara Criminal de Brasília. Todas elas convocadas pela defesa dos réus.
De acordo com a investigação, o ex-governador José Roberto Arruda, o ex-vice-governador Paulo Octávio, além de outras cinco pessoas, entre elas o delator do caso, Durval Barbosa, teriam usado contratos de informática para desviar dinheiro durante a administração de Arruda. Eles respondem pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Entre os intimadas a depor como testemunha, estão servidores do GDF ou empregados que atuaram na administração pública na época das investigações.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), entre 2003 e 2009, teriam sido celebrados vários contratos entre fornecedores e o GDF, em que agentes públicos recebiam cerca de 10% a título de enriquecimento ilícito, favorecimento da empresa e uso do dinheiro para financiamento de campanha. A empresa Vertax Ltda teria sido uma das firmas usadas pelo esquema de corrupção.
O Ministério Público tem convicção de que os réus lucravam com esses contratos e atuavam para enriquecimento ilícito e financiamento de campanha
Clayton Germano, um dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) responsáveis pelas investigações da Caixa de Pandora
A audiência durou quatro horas. O empresário e ex-vice-governador Paulo Octávio acompanhou todos os depoimentos. Ele é um dos réus da Caixa de Pandora, mas nesta audiência não foi ouvido. Estava acompanhado por seu advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Também estavam presentes na sessão o empresário Francisco Tony Brixi de Sousa e o ex-secretário de Saúde José Geraldo Maciel.
Entre os depoentes ouvidos nesta sexta (11) estava o ex-deputado distrital Charles Roberto de Lima, conhecido como Dr. Charles. Além do mandato parlamentar, ele exerceu cargo de diretoria na Secretaria de Saúde do DF. Convocado pela equipe de Arruda, o médico foi questionado se alguma vez recebeu proposta para ter alguma “vantagem” no governo. Com certa irritação, a testemunha disse que “se tivesse recebido, não moraria na periferia até agora”.
Além de Arruda, Paulo Octavio (foto acima) e Durval Barbosa, são investigados nesse processo José Geraldo Maciel, ex-secretário de Saúde e ex-chefe da Casa Civil do DF, Marcelo Carvalho de Oliveira, ex-executivo do grupo PaulOOctavio, Luiz Paulo Costa Sampaio, ex-presidente da Agência de Tecnologia da Informação do GDF e o empresário Francisco Tony Brixi de Sousa.
Os promotores de Justiça do MPDFT decidiram dividir o processo em dois tipos de ação penal, uma para julgar os crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa e a outra para corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ao todo, 42 testemunhas foram convocadas pela defesa dos réus. Algumas, porém, já foram dispensadas ou desistiram de comparecer, entre elas a conselheira do Tribunal de Contas do DF Anilcéia Machado. Os depoimentos devem ser finalizados apenas na próxima semana.
Depois que todas as testemunhas de defesa forem ouvidas, começa a fase de interrogatório dos réus.