Tensão em audiência pública na CLDF: diretora-presidente da Agefis é hostilizada. Veja vídeo
O discurso da diretora da Agência de Fiscalização (Agefis), Bruna Pinheiro, em audiência pública promovida na tarde desta segunda-feira (7/12) na Câmara Legislativa, durou exatos 18 minutos. Ela abandonou o encontro que debateu as desocupações de áreas públicas e as demolições de residências pelo órgão que coordena, sufocada por vaias, acusações e xingamentos. Apesar da curta participação, especialmente […]
atualizado
Compartilhar notícia
O discurso da diretora da Agência de Fiscalização (Agefis), Bruna Pinheiro, em audiência pública promovida na tarde desta segunda-feira (7/12) na Câmara Legislativa, durou exatos 18 minutos. Ela abandonou o encontro que debateu as desocupações de áreas públicas e as demolições de residências pelo órgão que coordena, sufocada por vaias, acusações e xingamentos.
Apesar da curta participação, especialmente comparada às três horas de críticas feitas por lideranças comunitárias e deputados distritais contrários às ações da Agefis, Bruna deu o recado que queria. “Eu vim aqui para falar a verdade. Não vou dizer que vou parar as demolições, porque se eu viesse aqui para falar mentiras, eu sairia aplaudida daqui hoje”, definiu.
Bruna – responsável por ações recentes, como a desobstrução de áreas invadidas por residências na orla do Lago Paranoá e a derrubada de casas construídas em locais proibidos no Sol Nascente, em Ceilândia – tentou justificar as ações.
Neste momento, a nossa prioridade é derrubar as casas que foram construídas em área irregular. Independentemente se é pública ou privada. O parcelamento do solo só pode ser feito por uma lei aprovada nesta casa. A não ser que essa própria casa mude a lei
Bruna Pinheiro
Sob os gritos de “comunista” vindos da plateia, a chefe da Agefis insistia em dizer que não permitiria o crescimento desordenado do Distrito Federal. “Se for preciso continuar a derrubada de novas casas, nós iremos derrubá-las”, ratificou.
“A minha tinha quatro anos”, retrucou a moradora de Sobradinho Leiviane Gomes, 32 anos. Ela conta que construiu sua casa em 2012, que foi derrubada pela Agefis este ano.
William Francisco, morador do Sol Nascente, reclamou da truculência da Agefis e da falta de critérios para as derrubadas. “Até uma igreja católica foi derrubada. Tenho medo que meu centro espírita também seja atacado.”
O Bispo Renato (PR) chegou a abandonar a mesa após se desentender com o público. O parlamentar cobrou respeito a ele e aos colegas, que eram vaiados durante as declarações. “Estou representando a Câmara”, lembrou. Mas logo foi retrucado por alguém da plateia: “O povo”. E foi vaiado.
Bruna ressaltou que a prioridade do governo é demolir as edificações construídas de julho até hoje em locais irregulares. “Não significa que nós não faremos em casas anteriores. Até porque essa data (de julho) é simplesmente para a gente estabelecer prioridades”, emendou. A diretora falou por pouco tempo até ficar sufocada e deixar a audiência sem tomar conhecimento dos encaminhamentos.
Pedido ao governador
Os deputados decidiram montar uma comissão e ir até o governador nesta terça-feira (8/12) para pedir a interrupção das derrubadas. Eles já discutem obstruir a votação de projetos do Executivo que tramitam na CLDF, como explicou Ricardo Vale (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar.
Se o governador entender que não dá para parar as derrubadas por 30 dias, vamos ter de apelar para tudo. Não só a CPI, como a obstrução dos projetos que estão aqui
Ricardo Vale
A Associação dos Moradores de Vicente Pires e Região (Amovipe) defende a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “A Terracap está usando de fé pública para grilar terras que não foram desapropriadas. Por isso, usa a Agefis para desocupá-las”, acusa Gilberto Camargos, presidente da Amovipe.