Temer sanciona lei sobre punição de servidores por cortes de contas
Presidente vetou dos artigos, um deles tratava da responsabilização de gestores, que hoje pode ser feita quando há culpa
atualizado
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Antes de tomar a decisão final, Temer teve conversas com ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e também solicitou estudos do Ministério da Justiça e da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o tema. O subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, também participou das discussões em torno do projeto. Segundo apurou a reportagem, tanto o ministro Torquato Jardim como a ministra Grace Mendonça fizeram pareceres apoiando a sanção com vetos.
Embora trate de segurança jurídica e eficiência na administração pública, o projeto foi taxado pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como nocivo para a punição de agentes públicos infratores e a fiscalização de obras públicas. Os órgãos pediram o veto integral ao projeto de lei.Temer vetou alguns artigos, entre eles o 25 e trechos do 28, que foram os mais bombardeados pelo TCU. Um deles trata sobre a responsabilização de gestores, que hoje pode ser feita quando há culpa. Se houvesse aprovação deste artigo, o gestor só poderia ser responsabilizado se houvesse dolo (intenção) ou erro grosseiro.
O outro artigo criava uma ação judicial que, na visão do TCU e do Ministério Público Federal, impediria a revisão contratos, atos ou normas mesmo se, posteriormente, fossem verificadas irregularidades neles.
Em debate promovido pelo TCU na segunda-feira, a procuradora-geral da República e ministros do tribunal criticaram o projeto. “Ao criar novos parâmetros de interpretação à lei, no entendimento do Ministério Público, a proposta eleva a insegurança jurídica. Trata-se de uma lei mais benéfica para o infrator. Efeitos retroativos poderão ser invocados por interessados, inclusive os já processados e já punidos judicialmente. A insegurança jurídica poderá favorecer a impunidade de agentes públicos”, disse Raquel Dodge.
No início do mês, Temer teve uma reunião com o senador Anastasia para tratar do tema e depois recebeu quatro ministros do TCU, que haviam reiterado o apelo pelo veto integral ao projeto. Após a conversa com os membros do TCU, Torquato Jardim disse que o debate continuaria possivelmente até o limite do prazo.
“O TCU é contra, mas também tivemos mais de 20 juristas renomados que se colocaram a favor. Agora, caberá ao presidente, como grande juiz deste processo, tomar uma decisão”, completou, na ocasião.