Servidor da CLDF diz à PF que repassava salário a mulher de senador
Situação foi descoberta após operação na casa de Ciro Nogueira. Comissionado trabalha na liderança do PSD, nomeado por Cristiano Araújo
atualizado
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Um servidor da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) lotado na liderança do PSD entrou na mira da Polícia Federal após ter contracheques em seu nome apreendidos durante uma das fases da Operação Lava Jato, na casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI), em abril deste ano.
Os holerites envolviam a quantia de R$ 8,2 mil. Intimado a depor, Rogério Oldacir Rodrigues Cavalheiro teria dito que repassava parte do salário à mulher do parlamentar, a deputada federal Iracema Portella (PP-PI).
A informação foi divulgada pelo DFTV 2, nesta terça-feira (26/6). De acordo com a reportagem, o funcionário comissionado teria afirmado em depoimento que recebe R$ 11,7 mil por mês. Desse montante, ficava com R$ 4 mil e tinha o compromisso de repassar o resto (R$ 7,7 mil) à deputada.
A transferência seria referente ao fato de a parlamentar ter indicado Cavalheiro ao cargo. A nomeação seria pela cota do deputado distrital Cristiano Araújo (PSD).Cavalheiro foi nomeado em janeiro de 2017 para o cargo especial do Bloco União por Brasília – hoje transformado na liderança do PSD: um CL-15, com remuneração de R$ 16.030,44. Com os descontos, o valor líquido se aproxima ao relatado à PF.
Ainda durante a oitiva à força-tarefa da Lava Jato, Cavalheiro afirmou que teria aceitado a proposta pelo fato de o dinheiro ajudar a custear o tratamento de câncer da mãe. Ele garantiu desconhecer a ilegalidade do ato.
Deputada bate o telefone
Procurado pelo Metrópoles, o senador Ciro Nogueira não atendeu as ligações. Já a deputada Iracema Portella, que seria a responsável pelo servidor, atendeu o telefone, mas desligou ao ser questionada sobre a investigação da PF. Rogério Cavalheiro não foi localizado até a última atualização do texto.
A assessoria do deputado Cristiano Araújo confirmou: Rogério foi nomeado por ele, na liderança do PSD, mas negou que o parlamentar tinha ciência dos repasses salariais a Iracema Portella.
Em nota, ressalta que o distrital não mantém relações políticas com a deputada federal. Contudo, a assessoria não esclareceu quem seria responsável pela indicação de Rogério. “Os gabinetes têm dezenas, centenas de assessores, e não necessariamente são indicações políticas”, resumiu.