Segunda instância e HC de Lula turbinam manifestações em Brasília
Neste domingo (1º/4), STF amanheceu lotado de faixas de protesto, dando o tom do que deve ocorrer nos próximos dias
atualizado
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A semana promete ser das mais quentes em Brasília. Manifestações agendadas vão exigir trabalho reforçado dos órgãos de segurança. Em pauta, a prisão após decisão de segunda instância e o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os temas estão interligados e lançam os holofotes para o Supremo Tribunal Federal (STF), que amanheceu cercado de faixas de protesto neste domingo (1º/4). O ato chamou a atenção de quem aproveitava o feriado para fazer turismo na Praça dos Três Poderes.
Renata Lemos, de 32 anos, veio de Santiago, no Rio Grande do Sul, aproveitar a Páscoa na capital federal. “O Brasil está uma vergonha, mas acredito que, se a mentalidade do povo mudar, vai pra frente. Tem de partir de nós. Confio na melhora”, comentou a psicóloga.Um dos responsáveis pelas faixas e cartazes é Thiago Rocha, do movimento Nas Ruas. Para ele, a semana deve ter peso importante no futuro político do país. “A decisão referente ao Lula pode gerar uma insegurança jurídica e institucional. Por isso, viemos nos posicionar”, justificou.
Juristas e magistrados
O primeiro protesto, já na segunda (2), não deve contar com panelaços ou marchas pela Esplanada. Nem por isso será silencioso. Cerca de 500 juristas, entre magistrados, procuradores e outros membros do Ministério Público de todo o Brasil vão entregar aos 11 ministros do STF um abaixo-assinado em favor da manutenção da prisão em segunda instância.
“Nada justifica o fato de o STF revisar o início do cumprimento da sanção penal a partir da decisão condenatória de 2ª instância, visto que é juridicamente adequado à Constituição da República. A mudança da jurisprudência, nesse caso, implicará a liberação de inúmeros recursos, seja por crimes de corrupção, por delitos violentos, tais como estupro, roubo, homicídio etc.”, diz a nota divulgada pelos organizadores do evento.
Entre os líderes do movimento, está o ex-procurador da República Rodrigo Janot.
Contra e a favor de Lula
Já a partir da terça (3), os manifestantes devem começar a ocupar as ruas a fim de protestar contra ou a favor da liberdade do ex-presidente. Com a chamada de “Ou você vai, ou ele volta”, o Movimento Brasil Livre tem compromisso para esse fim em 72 cidades, em 20 estados e no Distrito Federal.
Em Brasília, a ação está marcada para as 17h, em frente ao STF. O evento da manifestação no Facebook contava com 240 confirmados até a tarde deste domingo (1º/4).
Simpatizantes do Vem Pra Rua devem engrossar o contingente dos antilulistas. Ele têm encontro combinado também para terça, véspera do julgamento, às 18h, no mesmo local. No Facebook, a programação tem maior aderência: 60 mil confirmações.
Neste domingo (1º/4), o grupo publicou na sua página oficial no Facebook uma brincadeira sobre a defesa do ex-presidente e o dia da mentira. “Dia do ‘esse triplex não é meu’, diz a montagem. A referência à data também aparece em uma das faixas colocadas em frente ao tribunal: “1º de abril feliz dia do STF”.
Se a terça será dos brasileiros que pedem a prisão de Lula, a quarta (4), dia do julgamento, promete ser dos seus simpatizantes. Com a hashtag #LulaLivre, a CUT e o movimento Frente Brasil Popular marcaram uma vigília em frente ao STF.
Habeas corpus
A defesa de Lula tenta fazer com que o ex-presidente recorra em liberdade da condenação em segunda instância pela Operação Lava Jato no processo do triplex do Guarujá (SP).
Se perder no Supremo, Lula pode ir para a cadeia tão logo a decisão for proferida – ele recebeu pena de 12 anos e 1 mês de prisão. Do contrário, ganha fôlego para se manter em campanha eleitoral. Segundo a última pesquisa CNT/MDA, do início de março, o petista continua à frente na preferência dos eleitores, com 18,8% dos votos.