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Secretário chama emenda de “burrocracia” e tem que se desculpar à CLDF

Thiago Jarjour, do Trabalho, fez comentário no WhatsApp após deputados aprovarem texto que aumenta burocracia para startups

atualizado

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Thiago Jarjour foi um dos principais aliados de Rollemberg
1 de 1 Thiago Jarjour foi um dos principais aliados de Rollemberg - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Mais uma polêmica envolvendo o uso do aplicativo WhatsApp pela cúpula do Governo do Distrito Federal. Um dia após o diretor de Comunicação da Polícia Civil, Miguel Lucena, ser afastado do cargo por postagem machista em grupo usado pela corporação para divulgar informações a jornalistas, o secretário-adjunto de Trabalho, da Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh), Thiago Jarjour, foi “enquadrado” pela Câmara Legislativa também por fazer um comentário considerado inapropriado em outro grupo do aplicativo.

Jarjour chamou de “burrocracia” emenda parlamentar apresentada ao Projeto de Lei 1.564/2017. De autoria do Executivo, a proposta cria políticas de incentivo ao empreendedorismo no Distrito Federal. Ao passar pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura, na última semana, o PL recebeu emenda do deputado Bispo Renato Andrade (PR), que, na avaliação do secretário, ampliou a burocracia para a liberação de recursos a projetos na área de tecnologia.

O comentário do secretário-adjunto foi feito em um grupo de Whatsapp formado para debater o projeto de lei: participavam gestores e assessores do governo, além de deputados e assessores parlamentares. Revoltados com a declaração de Jarjour, que ocorreu em um momento acalorado da discussão sobre o PL e sua alteração na Câmara, os distritais decidiram “convidar” o secretário-adjunto a prestar esclarecimentos antes de a proposta ir à votação em plenário.

Desculpas
Na fim da manhã desta terça-feira (16/5), o convite foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, último colegiado a avaliar o PL. Jarjour soube da decisão e se antecipou, apresentando-se à CCJ ainda durante a reunião desta manhã. “Eu propus que ele fosse convidado. O secretário-adjunto ficou sabendo e veio pedir desculpas. Foi um gesto nobre”, considerou a ex-presidente da CLDF e integrante da CCJ, deputada Celina Leão (PPS).

Ela lembra que é direito dos parlamentares modificarem as propostas em tramitação no Legislativo, visando à correção ou melhoria. “A maioria dos projetos do Executivo precisam ser arrumados e nem por isso os chamamos de burros. Quando o secretário coloca assim, acaba atacando a instituição (CLDF). Ele precisa estar preparado para o debate”, comentou.

“Eu sei da necessidade que esses empreendedores têm de receber esse dinheiro. E, com o aumento das etapas para liberar os recursos, vão demorar ainda mais”, justificou-se Thiago Jarjour. “Eu estou aqui colocando panos quentes, porque acho que discussões são necessárias. Eu não quis criar uma afronta à Câmara Legislativa. Alguém vazou essa conversa propositalmente, fiquei sabendo, peguei meu carro e vim publicamente pedir desculpas”, disse, ao se retratar com os parlamentares.

Anna Clea Maduro/CLDF
Deputados durante reunião da CCJ, que decidiu “convidar” secretário-adjunto do Trabalho a explicar uso do termo “burrocracia” para definir emenda a PL do Executivo

 

Ao sair da CCJ, o secretário-adjunto foi direto ao gabinete de Bispo Renato Andrade, autor da emenda classificada de “burrocracia”, com o objetivo de pedir desculpas pessoalmente. Com o caso encerrado na Comissão de Constituição de Justiça, o PL 1.564/2017 ficou pronto para ser votado no plenário da CLDF, o que pode acontecer ainda nesta terça.

Entre outras entidades, a proposta deve beneficiar 47 pequenas empresas incluídas no programa Startups Brasília, contempladas pelo edital da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) para receber até R$ 150 mil: as startups aguardam desde o fim do ano passado pela liberação da verba.

Veja vídeo com a retratação do secretário:

 

Outra polêmica
Essa não foi a primeira vez que declarações do adjunto do Trabalho causaram polêmica. Em dezembro do ano passado, Thiago Jarjour usou seu perfil em uma rede social para apoiar policiais militares que entraram em confronto com trabalhadores durante protesto contra a aprovação da PEC 55/2016, de restrição a cargos públicos, no Senado.

Absurdo Total! Depois a polícia que é vilã. Vagabundo vândalo pra mim não merece respeito não (sic). Spray de pimenta e gás lacrimogêneo é (sic) refresco para essa turma

Manifestação de Jarjour, em 2016, sobre confronto da PM e trabalhadores contra a PEC dos gastos públicos

Como seu perfil na rede social é aberto, logo os comentários dos internautas se multiplicaram. Muitos aprovaram as palavras de Jarjour, inclusive pedindo ainda mais violência na ação policial. Mas teve quem condenasse a atitude do secretário, acusando-o de incitar a violência e de não defender os direitos dos cidadãos.

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