Rogério Rosso: “Secretário meu que estiver em gabinete será demitido”
A participação do deputado federal conclui a maratona do portal, que contou com perguntas dos sindicatos parceiros e de jornalistas
atualizado
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O candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF) pelo PSD, Rogério Rosso, é o último sabatinado pela equipe do Metrópoles nesta terça-feira (21/8). A entrevista do deputado federal conclui a maratona do portal, que envolveu perguntas dos sindicatos parceiros e de jornalistas. O evento foi transmitido ao vivo em todas as redes sociais do site: Facebook, Twitter e YouTube.
Rosso encabeça a coligação Unidos pelo DF, composta por PSD, PRB, PPS, Solidariedade, Podemos e PSC. O candidato a vice-governador da chapa é o pastor Egmar Tavares (PRB).
Rogério Rosso, 49 anos, é candidato ao Palácio do Buriti e presidente do PSD-DF. De abril a dezembro de 2010, ele foi o governador-tampão do Distrito Federal, após a prisão de José Roberto Arruda (PR) e a renúncia do vice, Paulo Octávio (PP), em meio ao escândalo da Operação Caixa de Pandora.
Carioca e fã de rock, mudou-se para Brasília ainda criança. Viveu na Asa Sul com a família, de classe média, e estudou em escolas públicas da capital. É formado em direito, com especialização em marketing e direito tributário. Antes de entrar para a política, foi executivo nas empresas Mercedes-Benz, Catterpilar e Fiat.
Assista à sabatina:
No início do programa, Rosso criticou a ausência de Rodrigo Rollemberg nas sabatinas. “O governador do Distrito Federal não veio. Isso é injustificável. Eu lamento muito”, disse.
Polêmicas
O deputado federal foi questionado sobre possíveis pontos fracos da sua candidatura. Em relação às críticas que faz à atual gestão, da qual possui a vice-governadoria, ele disse não ter responsabilidade sobre os resultados apresentados. Rosso afirma ter se enganado com o governador durante as eleições de 2016. “Metade mais um da população acreditou nele. Nós também acreditamos”, confessou.
Sobre o apoio do deputado federal Eduardo Cunha, preso nos escândalos de corrupção da Lava Jato, à sua candidatura a presidente da Câmara dos Deputados, em 2017, o postulante disse estar tranquilo. “Os partidos do centro entenderam que o nosso nome tinha o perfil de conduzir com mais serenidade o dia a dia”, explicou.
Questionado sobre a razão de não ter adotado, quando foi governador-tampão, em 2010, as iniciativas prometidas agora, Rogério Rosso alegou que a cidade estava em uma grande crise política e precisou focar questões mais urgentes, como os hospitais públicos. “Tinha um pedido de intervenção federal, e eu precisava implantar medidas emergenciais. Não foi possível planejar”, admitiu.
Dentre as medidas que tomou naquele período, foram destacados os processos licitatórios para as construções do Estádio Nacional Mané Garrincha e do Centro Administrativo (Centrad). Na época, ele teria dito que as obras não se tornariam elefantes brancos.
Rosso defendeu o Centrad: “Obviamente, questões legais e jurídicas têm que ser equacionadas, mas ele foi concebido para ter atividades administrativas”. Sobre o estádio, o candidato disse que não interferiu na licitação. “Eu simplesmente deixei, após a aprovação do TCDF, que corresse conforme a lei”, defendeu-se. Segundo ele, é preciso analisar, agora, o que fazer com a estrutura. “O que não pode é não fazer nada. Devemos utilizar [a arena] para a população”, concluiu.
Contas públicas
O candidato afirmou ter estudado a questão financeira e tributária do DF. Segundo ele, se houver corte de gastos e aumento das receitas públicas, será possível pagar a última parte do reajuste salarial aprovado em 2015 aos servidores locais, além de equiparar a remuneração dos policiais civis e federais. “Eu afirmo que há espaço para pagar a terceira parcela ainda no primeiro semestre de 2019. E nosso fundo constitucional pagaria facilmente a paridade”, garantiu.
Segundo Rosso, mesmo com os aumentos é possível fazer a redução gradativa de impostos no Distrito Federal. “Quando a gente estimula o ganho do servidor, isso volta para a cidade.” Ele acredita que as contas públicas estarão melhores no próximo ano. “Se analisar o desempenho do sistema fiscal e financeiro de 2015 até o momento, a impressão é de que o Estado estará com contas mais equilibradas”, afirmou.
No caso dos programas de incentivos ao empresariado local, como o Pró-DF, Rogério Rosso prometeu colocar uma lupa sobre os benefícios e contratos. Ele ressaltou que a iniciativa deveria servir para descentralizar a geração de economia, movimentando as regiões administrativas.
Rosso também criticou as medidas da atual gestão que remanejaram recursos do Iprev para quitar a folha de pagamentos do GDF. Ele disse que está elaborando um plano para recomposição do fundo. “É uma prioridade do nosso governo e a gente precisa criar um programa de compensação mês a mês para chegar ao fim do governo com os valores equacionados”, apontou.
Gestão
Se eleito, Rosso pretende implementar um tipo de gestão itinerante. Ele repetiu uma promessa de Agnelo Queiroz (PT) feita nas eleições de 2010: governar de dentro dos hospitais públicos. “Ele não fez, mas eu vou fazer. Se [o governador] não estiver na ponta, a informação não chega completa”, pontuou. O candidato prometeu cobrar o mesmo dos seus subordinados. “Secretário meu que estiver em gabinete será demitido.”
O deputado federal pretende reabrir as delegacias de polícia que fecham as portas no período da noite no DF. “Eu tenho andado muito em Brasília. Não apenas nesse período de eleição, mas desde o início do meu mandato. A sensação é de total insegurança”, avaliou.
Sem perder a oportunidade de alfinetar o ex-aliado Rodrigo Rollemberg, Rosso disse que o atual governador não dialogou com a bancada dos parlamentares do Distrito Federal para defender temas de interesses locais no Congresso, como a manutenção do Fundo Constitucional. “Nós fazemos as nossas reuniões, principalmente sobre as emendas. Não me lembro de nenhuma com ele”, atacou.
Dinâmica
A dinâmica da sabatina funcionou da seguinte forma: primeiro, o candidato fez uso da palavra por um minuto para se apresentar. Em seguida, respondeu perguntas elaboradas pelas entidades sindicais patrocinadoras do evento – os questionamentos, previamente gravados, foram exibidos em um telão. Por fim, os jornalistas interpelaram os postulantes ao Palácio do Buriti. No total, a conversa teve duração de 1 hora e 15 minutos.
Foram realizadas perguntas das seguintes entidades: Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), Sindicato dos Professores do DF (Sinpro), Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol), Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepo), Sindicato da Categoria dos Peritos Oficiais Criminais (SindiPerícia) e o Sindicato dos Bancários de Brasília, além da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
No primeiro dia, foram sabatinados Alberto Fraga (DEM), Renan Arruda (PCO), Júlio Miragaya (PT), Ibaneis Rocha (MDB), Alexandre Guerra (Novo) e Fátima Sousa (PSol). No segundo, participaram a postulante Eliana Pedrosa (Pros), Antônio Guillen (PSTU) e general Paulo Chagas (PRP). O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não compareceu.