Reprovação a Rollemberg chega a 73,4%, diz pesquisa Metrópoles/Dados
Estudo indica que maioria da população considera a gestão do socialista ruim ou péssima. Ao mesmo tempo, aprovação cai
atualizado
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Às vésperas do último ano de gestão e prestes a ingressar na campanha eleitoral de 2018, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) continua a ser mal avaliado pela população do Distrito Federal. A cada 10 brasilienses, sete estão insatisfeitos com o comando do socialista, e quatro dão nota zero à administração atual. Enquanto os índices de reprovação chegam aos níveis mais altos desde o início do governo, as taxas de aprovação caem. Hoje, apenas 6% da população faz uma avaliação positiva do Governo do Distrito Federal (GDF).
Segundo a pesquisa, 73,4% dos brasilienses avaliam negativamente o governo: entre os entrevistados, 48,2% classificaram-no como péssimo, e 25,2%, como ruim. Os índices representam um novo recorde na reprovação do Buriti, em relação aos últimos dois anos, com aumento de mais de cinco pontos percentuais.
Os números fazem parte de uma pesquisa de opinião encomendada pelo Metrópoles ao Instituto Dados. Realizado entre os dias 6 e 12 de dezembro, o levantamento ouviu 1,2 mil eleitores da capital federal. As entrevistas foram feitas pessoalmente e abrangeram moradores de 30 regiões do DF. A margem de erro é de 2%, e o nível de confiança, de 95%.
Ao fim de 2015, 38,8% dos eleitores consideravam o governo Rollemberg péssimo, e 15,1%, ruim, somando 53,9%. Já no ano passado, esses índices ficaram em 44,2% e 24%, respectivamente. O total de reprovação chegou a 68,2%.
Enquanto os indicadores negativos sobem, o conjunto de brasilienses que avalia positivamente a atual gestão do Buriti diminui e chega aos seus menores patamares desde 2015. Segundo a pesquisa Metrópoles/Dados, apenas 6% dos eleitores aprovam a administração: 1,3% a consideram ótima, e 4,7%, boa. Há dois anos, esse grupo representava 15,4% (1,2% ótima e 14,2% boa). Já em 2016, a taxa caiu drasticamente, para 6,3% (0,5% ótima e 5,8% boa) e, neste ano, sofreu uma nova redução.
O aumento na reprovação do governo ocorre no ano em que Rollemberg apresentou medidas polêmicas na capital. Entre os projetos controversos, estavam a transformação do Hospital de Base do DF em instituto e a reforma da Previdência para servidores da administração local.Para 18,6%, a gestão foi regular – número inferior aos registrados em 2015 (25,2%) e 2016 (23,9%). Já os que não souberam ou não quiseram responder compuseram 2,2% do total.
A falta de resolução para problemas antigos e novos reveses também podem ter contribuído para o naufrágio da aprovação do governador. O reajuste salarial que deveria ter sido pago, a partir de 2015, a diversas categorias do funcionalismo público, todavia, continua apenas uma promessa, e o déficit de servidores ainda afeta boa parte dos serviços prestados à população. Enquanto isso, a crise hídrica sem precedentes que impõe, desde janeiro, o racionamento de água à população do DF também deixou má impressão nos brasilienses.
Notas
A pesquisa Metrópoles/Dados perguntou aos entrevistados a nota que dariam para a gestão de Rodrigo Rollemberg à frente do Palácio do Buriti. Mais uma vez, as reações de desaprovação foram expressivas. Entre os respondentes, 41,5% deram nota zero à administração do socialista. O segundo maior grupo, formado por 11,2% dos eleitores, deu nota 2 ao governador.
No ano passado, a nota zero foi a escolha de 30,3% dos eleitores, seguida pela nota 5, escolhida por 15,2% dos entrevistados. Na pesquisa deste ano, o grupo que considerou a administração atual abaixo ou na média, com notas entre zero e 5, somou 87,4% do total.
Já os que deram avaliações entre 6 e 10 totalizaram 11,1%. Apenas 0,7% e 1,1% do todo concederam notas 9 ou 10, respectivamente. Não souberam ou não quiseram responder 1,8% dos entrevistados.
Abaixo do esperado
O levantamento aponta ainda que a maioria dos brasilienses teve as expectativas sobre o governo de Rodrigo Rollemberg frustradas. Segundo a pesquisa Metrópoles/Dados, a gestão está aquém do esperado para 73,6% dos entrevistados. Mais uma vez, o índice é superior aos registrados no ano passado (62,1%) e em 2015 (46,7%).
Quem considera a performance do governo melhor que o esperado somou 3% do total. No ano passado, essa faixa era de 3,2%. Em 2015, a avaliação era muito mais positiva, pois 11,7% achavam a gestão superior à expectativa. Para 21,3%, a administração foi igual ao esperado. E apenas 2,2% não quiseram ou não souberam responder.
Especialistas
Para o mestre em ciência política e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) Alessandro Costa, os baixos índices de aprovação de Rollemberg expressam a insatisfação do público com a falta de melhorias visíveis na capital.
Estamos a um ano do fim do governo, e algumas propostas que ainda estão na mente dos cidadãos não foram cumpridas. Isso gera insatisfação. O cidadão comum não tem interpretado as ações do governo como algo que tenha modificado o seu dia a dia
Alessandro Costa, cientista político
O especialista atribui a deterioração dos índices de aprovação do governador à diminuição da esperança que ele um dia representou. “A gente costuma dizer: a centelha vai se apagando à medida que as promessas feitas ao eleitor não vão se concretizando. Este período de fim de ano também é de reflexão. Os cidadãos fazem uma análise do período e percebem que não tiveram aumento de salário e passaram a pagar mais pelo transporte público, por exemplo. Tudo se reflete negativamente, e essa pesquisa aponta isso de forma concreta”, finaliza.
Para o analista político do Instituto Lampião-Reflexões e Análises da Conjuntura Melillo Dinis, o aumento na descrença popular sobre a administração está relacionado ao não cumprimento da nova proposta apresentada por Rollemberg.
Há uma polarização muito grande na política de Brasília. O governo atual vem nessa ânsia de representar uma terceira via, mas acaba não resolvendo os grandes problemas. Neste momento histórico, depois da sucessão de gestões ruins no DF, não basta resolver questões como o lixo, algumas obras ou combate à grilagem, marcas que o governador tenta implantar
Melillo Dinis, analista político
O especialista acredita ainda que faltou diálogo, entre GDF e eleitores, a respeito dos principais problemas enfrentados nos últimos anos. “É verdade, as contas do governo estavam quebradas, mas o GDF não conseguiu dialogar bem com a população sobre esse déficit fiscal. Outro exemplo é a crise hídrica. O governador falhou ao não aprofundar o debate com a população, antes do início da crise”, explica.
Para Melillo Dinis, “em véspera de ano eleitoral, esses números devem ser motivo de preocupação para o governador Rollemberg e seus estrategistas”. O cientista político Alessandro Costa discorda: “A pesquisa de avaliação dos cidadãos é diferente do levantamento de intenção de votos. O governo precisa trabalhar na contrainformação, para conseguir deixar visíveis ao público as ações que tem feito”.