metropoles.com

“Relacionamento normal”, diz Wilmar Lacerda sobre sexo com adolescente

Futuro senador da República disse que envolvimento com jovem era consentido e atribui denúncia à perseguição política

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Agência Senado
Wilmar
1 de 1 Wilmar - Foto: Agência Senado

Prestes a representar o Distrito Federal no Senado, o ex-secretário de Administração Pública Wilmar Lacerda (PT), 57 anos, divulgou nota nesta sexta-feira (17/11) para explicar o “relacionamento normal” que manteve com uma adolescente em Planaltina. O Metrópoles revelou que foi registrada ocorrência na 31ª Delegacia de Polícia da cidade, em que uma garota de 17 anos afirmou ter transado com o petista em troca de lanches.

Lacerda confirmou que manteve “uma relação afetiva” com uma jovem, porém, desconsiderou em sua defesa a idade dela. Segundo ele, à época (final do ano passado), estava separado da esposa. “O relacionamento não ocorria às escondidas ou por meio de pagamento de qualquer espécie”, disse. O político ressaltou que os encontros eram de conhecimento da mãe da adolescente. “Portanto, não foi ilegal a relação que tive”, justificou.

Ele assumirá, no dia 1º de dezembro, a cadeira ocupada por Cristovam Buarque (PPS), que se licenciará do cargo para percorrer o país em pré-campanha presidencial. Caso, de fato, tome posse no cargo de senador da República, a investigação deverá ser remetida à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido à prerrogativa de foro por função.

De acordo com Wilmar Lacerda, “os chamados ‘lanches’ eram, nada mais, que refeições que fazíamos em locais públicos, como restaurantes e shopping”. Os depoimentos contidos na ocorrência, porém, trazem outra versão dos fatos. Em sua narrativa, a adolescente conta ter conhecido o político por meio de uma mulher chamada Rebeca, suposta agenciadora de jovens bonitas para homens ricos da região de Planaltina, base eleitoral do político.

Encontros
O primeiro encontro entre os dois, segundo ela contou, teria ocorrido em um bar da Quadra 5 da cidade. Em outro, os dois teriam almoçado no Torre de Pisa, no Shopping Conjunto Nacional. Após a refeição, o petista teria convidado a jovem para o apartamento dele, ocasião em que aconteceu a primeira relação sexual entre os dois.

Apesar das promessas de Rebeca de que seria bem remunerada, relatou a adolescente, Wilmar se recusava a lhe dar dinheiro. Ela disse que teria mantido sexual com o político por cinco vezes, o qual nunca pagou em espécie, pois dizia que não tinha dinheiro, mas que ele sempre pagava um lanche.

Após o primeiro encontro, Lacerda e a menina trocaram mensagens pelo WhatsApp e teriam saído mais quatro vezes. Ela conta que, apesar dos pedidos, o futuro senador se recusava a usar camisinha.

Recorda que Wilmar não gostava de usar preservativo e dizia que não havia risco de a declarante engravidar, pois havia feito um procedimento de retirada de sêmen e guardado em uma clínica

Trecho do depoimento dado à polícia pela jovem

Favorecimento 
O Metrópoles ouviu especialistas e promotores de Justiça para entender se Lacerda pode responder criminalmente pelo envolvimento com a menor. Um promotor que preferiu não se identificar disse que o caso configura, sim, um delito. “Em tese, atrai a incidência da figura típica equiparada ao favorecimento da prostituição de adolescente prevista no artigo 218 do Código Penal Brasileiro”, destacou o integrante do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que, por não ter o caso em mãos, preferiu falar na condição do anonimato.

O advogado Tales Castelo Branco tem opinião semelhante. Para ele, caso as investigações concluam que há, de fato, a ocorrência de um crime, o ilícito pode ser tipificado como violação sexual mediante fraude, previsto no artigo 215 do Código Penal. O criminalista, no entanto, ressaltou que a presunção de inocência deve ser levada em consideração.

“É importante lembrar que no direito penal nós lidamos com prova. Há a necessidade de ter essa prova e de que ela seja plena”, concluiu. Já o criminalista Paulo Emílio Catta Preta lançou dúvidas sobre a situação. “O fato de pagar um lanche, fazer uma refeição, após o ato, não configura por si só esse favorecimento”, disse.

Quanto ao fato de ele manter um relacionamento com uma adolescente, a Lei nº 12.015/2009 criou no Código Penal a figura do estupro de vulnerável, tornando crime qualquer ato de cunho sexual com menores de 14 anos, incluindo um simples beijo na boca. Acima dessa idade não é considerado delito.

Outros citados
Para Wilmar Lacerda, “é estranho” o registro policial ter sido feito somente agora, um ano depois do relacionamento, a poucos dias de ele ocupar o cargo público de senador. No entanto, o nome do político está citado no boletim policial ao lado de outros quatro homens que também teriam pago para fazer sexo com a menina.

O caso teria vindo à tona após o pai da garota, revoltado ao descobrir que a filha era explorada na cidade, obrigá-la a contar às autoridades policiais tudo o que sabia. A adolescente narrou que sequer sabia da influência política de Lacerda e que só ficou sabendo depois de ver uma foto dele retirada do Google por uma amiga.

A garota ainda disse que, fora Wilmar Lacerda — que alegava nunca ter dinheiro —, os outros quatro homens lhe pagavam R$ 50 por cada saída.  (Colaborou Juliana Cavalcante)

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?