Reforma de Rollemberg aumenta resistência dentro da Câmara Legislativa
Distritais se sentem desprestigiados e prometem complicar ainda mais a vida do governador na Casa
atualizado
Compartilhar notícia
Rodrigo Rollemberg (PSB) tem, na teoria, uma base de apoio que seria suficiente para aprovar projetos de interesse do governo local na Câmara Legislativa. Na prática, no entanto, a vida do GDF este ano não tem sido fácil na Casa. E o anúncio da reforma administrativa, feito na tarde de terça-feira (13/10), desagradou ainda mais aos parlamentares.
A reclamação de vários deles é que o GDF não dialoga e ainda tem jogado para a Câmara responsabilidades que seriam exclusivamente do Executivo. Um exemplo, segundo os distritais, foi a aprovação do uso de recursos do Instituto de Previdência dos Servidores do Distrito Federal (Iprev-DF) para o pagamento dos salários que caíram na conta do funcionalismo este mês. “O discurso do governo era que só teria condições de fazer os pagamentos se o projeto fosse aprovado. Ele joga para a Casa a obrigação que é dele, de pagar os salários. Os deputados aprovam e não têm nada em troca”, reclamou um dos deputados, que pediu anonimato.
Para Chico Vigilante (PT), as medidas de Rollemberg não terão resultados. “Faz uma reforma que não muda nada. Vai continuar do mesmo jeito. Ele (Rollemberg) demonstrou que não teve força de fazer uma verdadeira reforma. Aqui na Câmara, não agradou a ninguém. Ele continua sem base”, disparou. Wellington Luiz (PMDB) também criticou a atuação do governo. Para ele, a reforma causou insatisfação entre os distritais. “Essa reforma sai pior do que entrou. Se governador não tiver outras medidas de diálogo, vai ter muita dificuldade”, afirmou.
Reajustes
Wellington Luiz reclamou ainda da resistência do GDF em pagar os reajustes salariais dos servidores. “Logo depois de aprovarmos o Iprev, o governo fez uma reunião falando que reajustaria os salários porque a Casa não aprovou aumento de impostos. Ou seja, falta habilidade do governo. Fizemos a nossa parte, mesmo com dúvida da legalidade. Ele tem que lembrar que o aumento é direito.”
Apesar de ter mantido as pastas de Meio Ambiente e de Agricultura, a pedido dos distritais da Rede e de Joe Valle (PDT), respectivamente, nenhum parlamentar foi contemplado com uma pasta. “Foi como fazer uma reforma em casa com o que já tinha. Só trocou as pessoas de lugar e não levou nenhum deputado. O governo combina uma coisa e não cumpre”, reclamou um integrante da Câmara.
PDT
Uma das pastas, a supersecretaria, que englobará as secretarias do Trabalho e do Empreendedorismo, a de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e a de Desenvolvimento Humano e Social, ainda está com o chefe indefinido, mas será da cota do PDT, segundo o governador.
Há a possibilidade de Valle assumir o novo órgão, que terá o nome de Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Mas, logo depois do anúncio de Rollemberg, o deputado fez um desabafo misterioso na Câmara: “O PDT quer ajudar o governo. Estou tentando ajudar, mas a gente só ajuda quem quer ser ajudado”.
Ao Metrópoles, Valle amenizou. “É fundamental a questão de reforma do Estado para enxugar custos. Precisamos dar um tempo, fiscalizar para ver se vai diminuir custo ou se é somente um efeito cosmético”, resumiu. Agaciel Maia (PTC) foi pelo mesmo caminho. “O governo tem oito meses para reduzir as despesas pessoais, de 52% para 48%, e sair do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não tem outra saída.”
Jogo de forças
A formação do apoio e da oposição a Rollemberg começou no primeiro dia do ano. Na ocasião, a bancada do PT — Chico Leite, Chico Vigilante, Ricardo Vale e Wasny de Roure — assumiu a oposição, mantida até hoje. No mesmo dia, Rafael Prudente (PMDB), Wellington Luiz (PMDB), Robério Negreiros (PMDB) e Cristiano Araújo (PTB) também anunciaram que não estavam ao lado do governador, mas nem todos permaneceram com a posição.
Rede
A recém-criada Rede Sustentabilidade, partido da ex-presidenciável Marina Silva, assumiu papel de independência. Conta com três distritais — Cláudio Abrantes, Chico Leite e Luzia de Paula. Os integrantes da Rede garantem que têm liberdade para apoiar ou contrariar o governo, de acordo com o que for apresentado.
Os outros distritais assumem o papel de base, mas difícil mesmo é saber quem apoia Rollemberg. “O governo faz promessas e não responde. Joga projetos para a Câmara, mas não dá retorno. O jogo está desequilibrado, principalmente com relação aos cargos que os deputados têm. Não vejo uma base para ele”, reclamou um deles.