Proposta de redução de supersalários não vingará, dizem distritais
Projeto com o mesmo teor já tramita na Casa desde 2013 e, segundo Celina Leão, não avança por resistência da própria base
atualizado
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A Proposta de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) para a redução dos supersalários nas estatais do Distrito Federal, anunciada nesta segunda-feira (6/3) pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), não é nova. Desde 2013, tramita na Câmara Legislativa projeto semelhante, que até hoje não foi votado. Trata-se do Pelo nº60, de autoria da deputada distrital Celina Leão (PPS), principal adversária do socialista na Casa. De acordo com a parlamentar, é a própria base do governo quem evita a votação.
A ideia de limitar os supersalários pelo governador foi tratada com desconfiança entre os parlamentares. Alguns deles acreditam que Rollemberg não vai encaminhar a proposta para a Câmara, uma vez que a promessa de redução do próprio vencimento, feita ainda no primeiro ano de gestão, não foi colocada em votação na Casa pela base governista até agora.
Segundo o líder do governo na Câmara Legislativa, Rodrigo Delmasso (Podemos), aos distritais, o governador disse que estudaria a melhor forma de regulamentar os salários das empresas públicas. Entretanto, diferentemente do que foi anunciado por Rollemberg, a proposta não deve chegar nesta terça (7/3) na Câmara, mas somente no final de março e começo de abril.
“Não sei se a proposta será aprovada pela a Câmara, mas haverá um grande debate sobre o assunto. Algumas empresas não podem se submeter ao teto constitucional, por conta do mercado. O presidente do BRB (Banco de Brasília), por exemplo, hoje, já tem o salário muito abaixo do que de outros bancos. Isso deixa a instituição pouco competitiva”, disse o líder do governo.
Justiça trabalhista
O deputado Wasny de Roure (PT) acredita que o governo precisa ser mais cauteloso, já que a forma como as empresas públicas atuam está prevista na Constituição Federal e alguma mudança pode causar maiores problemas com a Justiça do Trabalho.
“Acredito que essa é uma atitude demagógica. O governador precisa consultar melhor a sua área jurídica e a Procuradoria-Geral do DF para saber se é possível tomar esse tipo de medida. Do contrário, ele pode criar um problema com a Justiça do Trabalho, que tem regras duras para a redução de salário”, explica Wasny. Ele chama a atenção para o fato de Rollemberg tomar conhecimento dos altos salários das empresas públicas somente dois anos após o início de sua gestão.
O líder do PT na Casa, Ricardo Vale, também foi cauteloso e disse que vai aguardar a chegada da proposta para se reunir com a bancada e tomar uma decisão em conjunto. Para ele, mexer com os salários dos servidores pode ser prejudicial aos trabalhadores, por conta das conquistas das categorias.