Possível união entre Cristovam e Arruda é criticada pelo PT
Encontro entre as lideranças do Distrito Federal deve ocorrer em fevereiro. No cardápio, a discussão de uma chapa de oposição a Rollemberg
atualizado
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A tentativa de se costurar uma grande aliança para colocar do mesmo lado personagens antagônicos, como o ex-governador José Roberto Arruda (PR) e o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), tem despertado críticas, principalmente por parte da militância histórica do Partido dos Trabalhadores, legenda pela qual Buarque governou o Distrito Federal em 1994.
Nessa sexta-feira (5/1), o presidente do PTB-DF, Alírio Neto, confirmou que um encontro “suprapartidário” deve ocorrer até a primeira quinzena de fevereiro para tentar unir nomes da política local contrários ao governo de Rodrigo Rollemberg (PSB).
Em conversa com o Metrópoles, a deputada federal Erika Kokay, presidente do PT-DF, criticou duramente a possibilidade da possível aproximação entre Cristovam e Arruda, visto que são conhecidos adversários na política recente do Distrito Federal. “Ele [Cristovam] está se aliando a um passado completamente nefasto. Parece é que está desesperado, buscando de forma macabra reconquistar o espaço perdido por sua total incoerência, e justamente ao lado de quem destruiu Brasília”, disparou a petista.Cristovam confirmou à reportagem a intenção de ouvir os possíveis aliados no próximo mês, apesar de descartar a participação direta de Arruda na composição final. “Todo mundo está conversando com todo mundo. O Arruda não está se colocando na chapa. Digamos que faço parte desse grupo, e dele deve sair uma chapa ou mais de uma. Isso vai depender do objetivo que temos e como isso será visto pelos olhos do eleitor”, avaliou.
O senador lembrou que, no processo democrático do Brasil, várias alianças tidas como impossíveis acabaram sendo concretizadas em prol, segundo ele, da população. “Getúlio [Vargas] se aliou a Carlos Prestes para fazer a democracia. O processo democrático uniu também Ulysses [Guimarães] e [José] Sarney, radicalmente diferentes entre eles. Ninguém põe duvidas de que eram alianças com fins de interesse nacional. Mas tem que parecer assim aos olhos dos eleitor”, ponderou Cristovam.
A chamada “Frente em prol de Brasília” tenta concluir a difícil missão de colocar na mesma mesa lideranças insatisfeitas com os rumos do atual comando do Governo do Distrito Federal (GDF). Além de Cristovam, Arruda e Alírio, o encontro contará ainda com a participação de Jofran Frejat, possível candidato ao GDF pelo Partido da República. Não é descartada a presença do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT).
“O que queremos é reunir nomes preocupados com a cidade e, a partir daí, compor uma aliança realmente preocupada com o futuro do Distrito Federal. Esse é o nosso objetivo fundamental”, explicou Alírio. O ex-distrital esteve nessa sexta-feira (5) com o ex-governador José Roberto Arruda – na ocasião, tratou do encontro. Para Alírio, o momento é de tentar abrigar as diferentes lideranças numa única chapa majoritária.
Convergência
Fundador do PT no Distrito Federal, o deputado distrital Chico Vigilante minimizou a possível aproximação entre os personagens políticos antagônicos de Brasília, ao lembrar as constantes variações de posicionamento político dos integrantes da possível aliança. “Esse tipo de reunião não significa nada. Na história recente, Alírio apoiou o governo de Arruda e o de Agnelo [Queiroz]. Cristovam apoiou Agnelo e Rollemberg. Esse encontro definitivamente não representa muita coisa”, reforçou.
O ato de ouvir diferentes grupos políticos não necessariamente sinaliza a concretização de uma aliança única, explica Cristovam. O primeiro passo, diz ele, será encontrar os nomes que realmente disputarão as eleições e, vencida essa etapa, convencer o eleitorado sobre a possível união. “Como fazer para que a aliança apareça como patriótica e não como oportunista? Se não formos capazes de chegar ao convencimento do motivo de estarmos juntos, é melhor não ter aliança. Essa reunião pode até acabar tanto em aperto de mão quanto com um aceno de despedida.”