Ponte Honestino Guimarães é novamente alvo de protestos por defensores do antigo nome
Autor da lei que substituiu homenagem a Costa e Silva por líder desaparecido na ditadura diz que pedirá investigação policial
atualizado
Compartilhar notícia
A Ponte Honestino Guimarães, que liga o Lago Sul ao Plano Piloto, foi novamente alvo de intervenções. No lugar da homenagem ao líder estudantil desaparecido durante a ditadura militar, a placa que identifica a ponte recebeu nesta terça (3/11) uma colagem em referência ao seu antigo nome, Costa e Silva – marechal que comandou o Brasil no período do golpe militar. Até o momento, não foi identificada a autoria do protesto.
O DFTrans informa que vai enviar ainda nesta terça uma equipe ao local para reparar a placa de sinalização da ponte Honestino Guimarães.
Há exatamente um mês, no dia 3 de outubro, um grupo protestou em frente à ponte contra a mudança do nome. Na ocasião, os manifestantes afirmaram que não se tratava de um protesto a favor da ditadura, mas sim contra o governador. “O nome foi trocado sem seguir os trâmites legais. Não houve audiência pública”, alegou o servidor público aposentado Stelson Ponce, em outubro, ao Metrópoles.Autor da Lei 5.523/2015, que alterou o nome para homenagear o ex-estudante da Universidade de Brasília Honestino Guimarães, o deputado distrital Ricardo Vale (PT) informou que solicitará a abertura de uma investigação policial para apurar o caso. Segundo ele, “a danificação do patrimônio público, que custa dinheiro à população, é inadmissível”.
O petista classificou a atitude como “extremamente preconceituosa e radical” e cobrou a identificação dos autores do protesto. Ricardo Vale ressaltou, também, que é perceptível o “avanço de grupos conservadores e reacionários no país inteiro”.
O projeto não foi feito, de forma alguma, da maneira autoritária que eles estão alegando. Teve um processo democrático, que passou pelas comissões. Os deputados foram, em sua maioria, a favor. Provavelmente, até mesmo parlamentares eleitos por esses grupos por trás do protesto. Agora, precisamos saber quem são eles e o que está por trás disso.
Ricardo Vale, autor da lei Lei 5.523/2015
Desde a alteração no nome, algumas placas ainda não foram atualizadas. É o caso da que indica o acesso à ponte por quem dirige do Lago Sul em direção ao Plano Piloto. Ricardo Vale afirmou que aproveitará o incidente para solicitar ao GDF a alteração imediata das placas.
Histórico
Após uma série de intervenções artísticas de movimentos sociais que pediam o fim da homenagem ao ditador militar, Vale apresentou um projeto de lei que renomeava a ponte em referência ao líder estudantil desaparecido em 1972. Aprovada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, a lei foi sancionada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em agosto deste ano.
A medida foi comemorada por integrantes da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB, a qual havia recomendado a mudança do nome em seu relatório final. Em artigo publicado à época, os professores Cristiano Paixão e José Otávio Guimarães compararam a alteração à “metáfora de uma passagem de uma geração a outra, de um período de obscuridade a um presente transparente que anuncie um futuro democrático”.