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Políticos e analistas preveem recorde de votos nulos e brancos no DF

Estimativa é que, somado às abstenções, o voto de protesto represente até 40% em outubro, deixando a disputa pelo Buriti ainda mais acirrada

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1 de 1 urna_eleitoral-840×577 - Foto: Elza Fiúza/ABR

A disputa pelo Palácio do Buriti terá em 2018 uma característica diferente das demais corridas pelo GDF. Na avaliação de políticos e especialistas, a população demonstra tanta descrença com a política atualmente que a previsão é de altíssimo índice de votos brancos e nulos, sem mencionar os eleitores que nem sequer pretendem ir às urnas.

As previsões de especialistas e integrantes de partidos é que o índice de abstenção, somado aos votos brancos e nulos, na capital da República chegue a 40%. Assim, os brasilienses poderiam ter, por exemplo, um governador eleito com apenas pouco mais dos 30% dos votos de todo o eleitorado do DF, o que tornaria a disputa ainda mais acirrada.

Para se ter ideia, no pleito de 2014, quando a capital tinha 1,8 milhão de eleitores aptos, o resultado final do primeiro turno foi de 20,19% da mesma soma. Nesse caso, 3,69% de brancos; 4,83% nulos e 11,67% de abstenções.

A tendência de que haja alto índice de rejeição às urnas em outubro já foi verificada em 2018: em 6 de junho, quando Tocantins realizou eleições suplementares. Os votos brancos, nulos e as abstenções somaram 43,54% no primeiro turno da votação para governador. O segundo turno será neste domingo (24).

E no DF?
Hoje, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 2 milhões de pessoas estão habilitadas a votar em outubro no Distrito Federal. No entanto, o número de votos válidos – os que não são nem brancos nem nulos, desconsideradas as abstenções – deve ficar muito abaixo do teto.

“A sociedade está descrente da representação política, não está vendo mudança. Não conseguimos alcançar hoje um panorama com atores de renovação, com novas propostas. Por isso, a tendência é rejeitar o processo como um todo”, afirmou o cientista político e professor Aurélio Maduro.

O especialista relata que a falta de vontade em participar do pleito é tanta que motiva brincadeiras entre analistas e grupos de amigos na internet. Uma das frases que circulam no WhatsApp é: “Justificar o voto custa quase R$ 4, o litro de gasolina está cerca de R$ 5, então, vamos todos ficar em casa”.

Barreiras da abstenção
O presidente do PSB no DF, Tiago Coelho, acompanha o raciocínio tanto nas eleições presidenciais quanto nas municipais e no DF. Para ele, a abstenção deve atingir 40%. “Muito do que está ocorrendo deve-se às fake news, que desmotivam e influenciam negativamente as pessoas. O eleitor tem visto política como sinônimo de politicagem”, lamentou Coelho.

Para o dirigente partidário, uma infeliz consequência do alto índice de abstenção é reduzir a representatividade nas eleições. “Quando você tem um número maior de pessoas indo votar, favorece a inclusão de vários segmentos. Quando isso é reduzido, tendem a procurar o pleito aqueles que têm a mesma ideologia. Isso é ruim”, avaliou.

Para o presidente da Juventude do PDT, Léo Bijos, a população tem associado a política a pautas ruins. “Sempre há algum tipo de irregularidade. É enriquecimento ilícito, corrupção, problema que não é resolvido. Tudo isso provoca um mau sentimento, de desconfiança”, disse.

No entanto, Bijos faz um apelo aos eleitores. “Não se pode pensar em política somente de quatro em quatro anos. Política se faz todo os dias: na educação do filho, na conta do mercado, no imposto que se paga. É preciso ‘ressignificar’ esse sentimento.”

Pré-candidata ao Buriti e presidente do Pros no DF, Eliana Pedrosa acredita que será uma campanha difícil. “Nenhum dos nomes colocados trabalhou o coração do eleitor. É uma eleição de conquista, numa época em que a política está tão desgastada. Espero realmente que seja uma disputa limpa.”

Hélio Doyle, ex-chefe da Casa Civil de Rodrigo Rollemberg e hoje filiado ao PDT, acredita que, com o atual cenário, a possibilidade de ter um percentual muito grande de votos nulos e abstenções é alta. “Pelo que vemos, quase 50% dos eleitores estão sem candidato. Corremos o risco de ter um governador eleito com apenas 25% dos votos. Caso isso aconteça, será um governante que não representa a vontade popular, mas, sim, o ‘não voto'”, avaliou.

De última hora
Apesar da descrença, o cientista político Gabriel Amaral acredita em uma tendência do eleitor em decidir o voto na última hora. O que daria ainda uma esperança de conquista no atual ambiente de pré-campanha e nos 45 dias de campanha oficial previstos pelo TSE.

“Vamos ter uma eleição bem interessante e disputada. Não podemos falar em favoritos, pois todos os candidatos trabalham com um índice de rejeição altíssimo. Temos chances reais de um segundo turno”, afirmou Amaral.

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