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Perícia rastreou provas que podem levar à condenação de réus da Drácon

Laudos do Instituto de Criminalística indicam evidências colhidas em materiais apreendidos pela operação, que completa um ano nesta quarta

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1 de 1 operação-drácon - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Há exatos 366 dias, policiais civis e promotores deflagravam a Operação Drácon, o maior escândalo do Legislativo do Distrito Federal até hoje. Acusados de desvios em emendas parlamentares destinadas à saúde, cinco deputados distritais entraram no alvo das investigações, entre eles a então presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS). Durante esse período, eles foram denunciados e se tornaram réus. Mas, passado um ano, ainda não há desdobramentos na Justiça.

Promotores que atuam no caso, no entanto, estão convictos de que haverá condenações tão logo o processo se aproxime de um desfecho judicial. Documentos anexados à ação revelam que o Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal encontrou indícios das acusações sustentadas pelos integrantes do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Em um documento de 233 páginas, ao qual o Metrópoles teve acesso, os peritos criminais detalham os resultados de 21 perícias realizadas em materiais apreendidos na Drácon. Eles analisaram computadores, celulares, tablets, pen-drives, CDs e DVDs.

Em dois laudos, os policiais afirmam que “foram extraídos dados relacionados ao objetivo pericial”. Eles não detalham os itens encontrados, mas, de um aparelho celular danificado na tela e na carcaça, e ainda sem cartões de memória e SIM, retiraram registros de contatos e de chamadas, lista de aplicativos instalados, contas de usuários, histórico de navegação, itens pesquisados, e-mails e mensagens enviadas via SMS e Facebook.

Já no relatório do trabalho feito em dois pen-drives, os peritos extraíram dados de pastas denominadas “Faturamento.rar”, “Enfermagem.rar” e CaixaPostal.rar”. Dentro deste último havia “grande quantidade de e-mails”, segundo os integrantes da Polícia Civil. O documento também diz que “os arquivos podem estar relacionados ao objetivo pericial”, ou seja, conter provas contra os réus.

Veja trechos do relatório pericial anexado ao processo da Drácon

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Uma cópia de cada uma das mídias permanece arquivada no Instituto de Criminalística. Os documentos não indicam o local de apreensão de cada material, mas tudo o que passou por perícia foi apreendido e encaminhado à Justiça pelos promotores e policiais civis ligados à Drácon.

O MPDFT diz que espera uma atuação serena do Judiciário, “respeitando o interesse público em ver a questão resolvida da forma mais rápida possível, sempre respeitando, é claro, os direitos dos acusados”. Para os promotores envolvidos no caso, “as provas apresentadas são consistentes e capazes de levar à condenação de todos os acusados”.

Segundo os integrantes do MPDFT, a acusação de corrupção passiva feita contra os deputados se baseia em provas apresentadas com a denúncia e outras que decorrem do resultado das medidas cautelares determinadas judicialmente, segundo foi informado ao Metrópoles.

Recursos ainda sob análise

Apesar do detalhamento apresentado pelos promotores e de um ano ter se passado desde que a ação foi desencadeada, o caso teve pouco andamento no Judiciário. Os advogados de Celina e Cristiano Araújo (PSD) impetraram um recurso especial questionando as acusações e tentam anular o processo com a justificativa de “inépcia da denúncia”. Eles alegam que as provas são fracas.

Ainda há a possibilidade de o recurso ser negado no TJDFT e os advogados apelarem ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar disso, este mês foi aberta a ação penal contra os distritais, o que possibilita a coleta de depoimentos de testemunhas. Mas não há prazo para interrogatório dos réus. Além de Cristiano e Celina, respondem criminalmente Raimundo Ribeiro (PPS), Julio Cesar (PRB) e Bispo Renato Andrade (PR).

O grupo foi gravado pela também deputada Liliane Roriz (PTB), à época vice-presidente da CLDF, supostamente negociando a aprovação de emendas parlamentares para a área de saúde em troca de propina. Os deputados teriam liberado R$ 30 milhões, que foram utilizados para pagar prestadores de serviço de UTI na rede pública.

Em março deste ano, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça e Territórios (TJDFT) tornou os cinco parlamentares réus. Com isso, eles passaram a responder criminalmente no Judiciário. Apesar de aceitar a denúncia proposta pelo MPDFT, os desembargadores decidiram pelo não afastamento dos distritais de seus cargos no Legislativo brasiliense e eles continuam trabalhando normalmente na Câmara Legislativa.

Em maio, mesmo depois de os distritais terem se tornado réus, a Mesa Diretora da Câmara arquivou os pedidos de cassação de mandatos dos cinco investigados. E não foi a primeira vez que a Casa ignorou as acusações contra os integrantes da CLDF. Em dezembro do ano passado, um mês após os deputados terem sido denunciados pelo MPDFT, o plenário escolheu dois deles para compor a Mesa Diretora. Raimundo Ribeiro ficou com a terceira secretaria, tendo Cristiano Araújo como suplente.

A Operação
Deflagrada em 23 de agosto de 2016, a Drácon cumpriu 14 mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a depor) na Câmara Legislativa e em residências de parlamentares, servidores e ex-servidores. Além dos deputados, que respondem no Conselho Especial do TJDFT, três ex-comissionados da CLDF respondem na primeira instância: Valério Neves, ex-secretário-geral da Mesa Diretora, Alexandre Braga Cerqueira, então secretário-executivo da terceira secretaria, e Ricardo Cardoso, ex-diretor do Fundo de Saúde do DF.

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Agentes saem da Câmara depois de três horas cumprindo mandados de busca e apreensão
Advogado dos distritais disse que eles se apresentaram espontaneamente
Computadores e documentos apreendidos foram levados para a Decap, no SIA
Operação do MPDFT, com apoio da Polícia Civil, começou por volta das 6h
Operação mobilizou cerca de 60 agentes, 10 delegados e 10 promotores
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Um cofre apreendido chega à Decap

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Agentes saem da Câmara depois de três horas cumprindo mandados de busca e apreensão

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Advogado dos distritais disse que eles se apresentaram espontaneamente

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Operação do MPDFT, com apoio da Polícia Civil, começou por volta das 6h

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Operação mobilizou cerca de 60 agentes, 10 delegados e 10 promotores

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Sobra virou grampo
Liliane Roriz teria começado a grampear os colegas no fim de 2015, quando os deputados decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Câmara Legislativa. Em um primeiro momento, os recursos seriam destinados ao GDF para custear reformas nas escolas públicas. De última hora, no entanto, o texto do projeto de lei foi modificado e o dinheiro – R$ 30 milhões de um total de R$ 31 milhões – acabou realocado para a Saúde. O valor foi destinado ao pagamento de serviços vencidos em UTIs da rede pública.

Na ocasião, Liliane teria questionado a presidente da Câmara sobre a mudança na votação. No áudio, é possível ouvir Celina Leão (PPS) falando que o “projeto” seria para um “cara” que ajudaria os deputados. A presidente da Casa disse ainda que Liliane não ficaria de fora: “Você [Liliane] tá no projeto, entendeu? Você tá no projeto. Já mandei o Valério [ex-secretário-geral] falar com você.”

O outro lado
Daniel Gerber e Bernardo Fenelon, advogados de Julio Cesar e Renato Andrade, dizem que a ação penal “será uma excelente oportunidade para esclarecer a verdade e provar a inocência dos parlamentares em um processo cujo único fundamento são as declarações mentirosas de um lobista/delator”.

Raimundo Ribeiro, Celina Leão e Cristiano Araújo informaram que não vão se pronunciar sobre o caso. Os outros denunciados não foram localizados pela reportagem.

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