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Partidos nanicos discutem união para eleger representantes em 2018

Com medo da cláusula de barreira, legendas como PSol, PSTU, PCB e PCdoB estudam alianças para permanecerem vivos

atualizado

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Divulgação/PSOL
Bandeira PSOL
1 de 1 Bandeira PSOL - Foto: Divulgação/PSOL

A possibilidade de ficar sem recursos do Fundo Partidário e sem inserções de televisão tem deixado os partidos nanicos assustados. Mesmo legendas da chamada esquerda ideológica, que sempre tiveram restrições quanto a coligações, estão considerando unir forças para continuar recebendo os benefícios e, assim, exercer influência no debate político.

Tudo porque a reforma eleitoral aprovada recentemente estipula que é necessário eleger pelo menos 1,5% da Câmara dos Deputados, representando no mínimo nove estados. Sem isso, será impossível desfrutar dos quase R$ 2 bilhões do Fundo Partidário distribuídos, hoje, entre 35 legendas, dependendo do tamanho da representação.

O PSol, por exemplo, estuda sentar à mesa para conversar com agremiações como PCB, PSTU e PCdoB. A afinidade ideológica entre as três legendas poderia ser um facilitador, já que esse grupo tem resistência por composições tidas como fisiológicas ou pragmáticas, feitas apenas para conseguir vencer eleições, sem respeitar bandeiras partidárias.

“Vamos conversar entre os membros do partido. Mas não adianta se coligar apenas para superar a cláusula de barreira. Nenhuma aliança nossa será feita com base em toma lá dá cá. Teremos diálogo apenas com aqueles que tiverem afinidade nos temas que defendemos”, avisa Fábio Félix, recém-eleito presidente local do PSol.

Toninho do PSol, candidato ao Palácio do Buriti em três oportunidades e um dos fundadores do partido, vê com bons olhos a novidade, contanto que a coligação seja integrada por legendas de ideias próximas. Mesmo a Rede, que é tida como um partido ideológico por Toninho, é uma das opções, mas precisa resolver questões internas.

Se tiverem uma postura de oposição forte a Temer, como no caso do deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), e romperem com Rollemberg, o que tem uma chance muito grande de acontecer, acredito que podemos dialogar. Mas sempre temos ressalvas quanto à posição adotada por Marina Silva, que já demonstrou apoio ao PSDB e não tem nada a ver com o PSol

Toninho do PSol

O partido decidiu que terá candidato próprio aos cargos majoritários, mas não como em outras eleições. Toninho tentará uma vaga como deputado distrital, e sua esposa, Maninha, puxará votos para a Câmara dos Deputados, justamente pensando em representatividade.

A legenda trabalha com pelo menos quatro pré-candidatos ao Buriti: o sindicalista Clayton Avelar, as servidoras públicas Anjuli Tostes e Talita Victor, e a professora da Universidade de Brasília (UnB) Beatriz Vargas. O nome de Maninha também é ventilado para a chapa majoritária, mas ainda é preciso buscar consenso.

Gabriel Pereira/MetrópolesO ex-candidato a governador Toninho e a ex-deputada federal Maninha, ambos do PSol

 

Para Jamil Magari, secretário político do PCB-DF, unir forças é um quadro possível. “Passamos por isso na ditadura militar e tínhamos que registrar candidaturas em outros partidos. De qualquer forma, já falamos frequentemente com grupos que estão próximos ideologicamente da gente. Então, as alianças dependerão do que cada legenda achar melhor para 2018.”

Opiniões divergentes
Mas para algumas siglas como o PSTU, uma composição com outros partidos não será tão simples.  Candidato a vice-governador na chapa de Toninho em 2014, Ricardo Guillen afirma não se importar com a cláusula de barreira. “Somos um partido do cotidiano, que usa a disputa eleitoral para denunciar as próprias eleições”, afirma.

Sobre 2014, quando esteve ao lado do PSol, Guillen ressaltou mais as diferenças do que as semelhanças entre as siglas. “Quando nos coligamos, foi uma luta incluir o transporte público estatizado, que é uma de nossas bandeiras, como uma das propostas. Enquanto eles lutam por uma mudança profunda da sociedade, nós acreditamos na revolução socialista”, explica.

PT
O caso do PCdoB é diferente. A proximidade com o PT não impediria os comunistas de dialogarem com partidos mais radicais. Segundo Augusto Madeira, presidente local, essa amizade “mais à esquerda” existe, mas coligações não estão entre as prioridades.

“Queremos reunir o máximo de filiações possíveis. Acredito que a melhor forma de alcançar a cláusula de desempenho será elegendo parlamentares próprios. Claro que não excluímos a possibilidade [de se unir a outros partidos], mas vamos esperar março do ano que vem para ver a conjuntura e qual o tamanho da nossa força e dos outros”, pondera.

Procurada, a direção da Rede no Distrito Federal não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

Como foi na última disputa
Em 2014, cada coligação no DF precisou de 181 mil votos para eleger um deputado federal e 63 mil para a Câmara Legislativa. Mesmo que disputassem a eleição juntos, PSol, PSTU e PCB passariam longe de conseguir representatividade. Naquela época, a Rede não tinha sido registrada na Justiça Eleitoral.

Os três partidos conseguiram, respectivamente, 19.853, 4.735 e 656 votos para deputado federal. Se estivessem coligados, seriam 25.244. Quando se fala na briga por uma cadeira de deputado distrital, os números foram ligeiramente melhores: 27.185, ainda considerando a união das três legendas. Apenas o PSol responde por 25.836 desses votos.

O PCdoB disputou as eleições proporcionais unido a outros partidos. Ao lado de PT, PRB, PP, PSC e Pros, o grupo somou 391 mil votos e elegeu os deputados federais Érika Kokay (PT) e Ronaldo Fonseca (Pros). Os políticos comunistas estão entre os suplentes dos parlamentares.

Para a Câmara Legislativa, o PCdoB se uniu a PPL e PTN (rebatizado de Podemos), mas também ficou sem vaga, mesmo com a chapa conquistando 129 mil eleitores. Os votos alcançados serviram para eleger os distritais Telma Rufino, hoje no Pros, e Rodrigo Delmasso (Podemos).

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