Onde estão elas? Presença de mulheres é pequena na política do DF
Embora 53% do eleitorado sejam do sexo feminino, elas têm pouca representatividade na formação de chapas para o pleito de outubro
atualizado
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As mulheres são poucas nos holofotes e nos bastidores políticos. Nas reuniões de pré-campanha, são raras as presenças femininas em papel de protagonismo. As perspectivas de renovação não se mostraram animadoras, principalmente nas chapas para cargos majoritários da capital da República.
Exemplo disso é que, dos sete pré-candidatos lançados para o Governo do Distrito Federal (GDF), apenas duas são mulheres: Eliana Pedrosa (Pros) e Fátima Sousa (Psol).
Os grupos encabeçados pelo deputado federal Izalci Lucas (PSDB) e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), dois dos mais movimentados, são predominantemente masculinos. A situação se repete nas articulações dos pré-candidatos Alexandre Guerra (Novo) e Paulo Chagas (PRP).
Nas reuniões da terceira via, chapa de Izalci, coordenada pelo senador Cristovam Buarque (PPS), as mulheres quase não são vistas. Na coalizão formada pelo PR, Progressista, MDB, Avante e DEM, Flávia Arruda (PR) representa o gênero. Entretanto, não disputará cargo majoritário. Com o apoio do marido, o ex-governador José Roberto Arruda, ela se declarou pré-candidata à Câmara dos Deputados.
Atual governador e pré-candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB) é o que aparece com frequência ao lado de mulheres focadas em disputar o pleito de outubro. A companhia mais comum é a da fiel escudeira, a ex-secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão Leany Lemos (PSB), pré-candidata ao Senado.
Efeito nas urnas
Mas não é apenas nas articulações antecedentes ao período eleitoral que as mulheres ficam de fora. Embora elas representem 53,83% do eleitores do Distrito Federal, de acordo com levantamento de junho do TSE, esse percentual não foi alcançado nas urnas no último pleito.
A representatividade feminina na bancada do DF no Congresso Nacional é de 9,09% (dos 11 parlamentares, só há a deputada federal Erika Kokay, do PT). Na CLDF, é de 20,83% (de 24 vagas, cinco são ocupadas por mulheres: Celina Leão (PP), Liliane Roriz (Pros), Luzia de Paula (PSB), Sandra Faraj (PR) e Telma Rufino (Pros).
O que elas dizem
A legislação eleitoral prevê que, no mínimo, 30% das candidaturas dos partidos devem ser femininas. A cota, porém, não tem se mostrado efetiva. Na tentativa de garantir competição igualitária, o TSE determinou, neste ano, a destinação para as candidatas de ao menos 30% das verbas públicas enviadas às siglas, além da mesma divisão para propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV.
Na opinião da ex-distrital Eliana Pedrosa, as mais recentes normas podem modificar o cenário. “Acredito que possamos, daqui a umas duas ou três eleições, começar a ter participação feminina maior”, pontuou.
Conforme destacou a deputada federal e presidente do PT-DF, Erika Kokay, os partidos inseriam mulheres nas nominatas apenas para estarem de acordo com a lei, o que beneficiou o sexo masculino. “Avançamos agora com 30% de tempo de rádio e TV e de verbas públicas. Entretanto, não podem ser os homens a decidir como irão implementar esses 30%”, ponderou.
De acordo com entendimento da professora do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) Teresa Cristina Marques, após vencer as barreiras como as que impediam o voto, o sexo feminino se deparou com os problemas culturais. “Não é considerado natural que mulheres tenham ambições políticas”, assinalou.
Autora do livro O Voto Feminino no Brasil, Teresa defende ser necessário haver presença maior feminina no movimento partidário. Mas alerta: não será fácil. “Dentro de um ambiente partidário, uma mulher que queira ascender a uma posição de liderança terá de competir em várias etapas. Ela vai receber crítica moral quanto à sua conduta, o que não acontece com o homem”, concluiu.