Novo presidente do PMDB, Jucá diz que pedir novas eleições é golpe
“A saída está na regra, está na Constituição. Qualquer outra saída mirabolante, desculpem-me, aí sim é golpe”, afirmou
atualizado
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Em seu primeiro discurso no plenário como presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) rebateu, nesta terça (5/4), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que mais cedo havia dito ver com “bons olhos” a realização de eleições gerais para superar a crise política.
Num duro pronunciamento, o peemedebista classificou como “golpe” uma solução dessa forma, advogou o uso do instituto do impeachment como saída para o impasse e ainda saiu em defesa de Michel Temer, a quem diz ficar numa “situação difícil” de ao mesmo tempo ser vice-presidente e dirigente do maior partido do País.
“A saída está na regra, está na Constituição (o impeachment). Qualquer outra saída mirabolante, desculpem-me, aí sim é golpe. Eleições gerais para todo mundo está na Constituição? Não. Todo mundo renuncia está na Constituição? Não. Traduzindo para a população, a regra tem que ser cumprida. Para saber se a regra é cumprida não precisa ir no Supremo não”, afirmou.
Na fala, o peemedebista – que já declarou publicamente ser a favor do afastamento da Dilma – fez uma digressão para apontar fatores que levaram o partido a decidir, na semana passada, a entrega dos cargos de ligados à legenda no governo federal. Ele lembrou que, na eleição de 2014, o PMDB decidiu manter Temer como vice de Dilma, mesmo ele pessoalmente tendo anunciado o voto no tucano Aécio Neves.
Numa cutucada ao governo, que tem criticado o vice, Jucá afirmou que na campanha passada Temer não fez ataque a ninguém. Mas, como economista, disse que após as eleições de 2014 ruiu o “castelo de cartas” e o quadro se desnudou com o não cumprimento de promessas feitas. Para ele, o governo perdeu as condições de oferecer credibilidade, segurança jurídica e previsibilidade para a economia e se transformou desde então numa “eternidade de incompetência”.
O novo presidente do PMDB disse que, na semana passada, 82% do diretório partidário aprovou a saída da base e a entrega imediata dos cargos que ocupam no governo Dilma. E questionou Renan Calheiros, que presidia a sessão durante o discurso sem citá-lo nominalmente, que a decisão da legenda havia sido “precipitada”.
“Alguns levantaram que a decisão seria precipitada ou até pouco inteligente. Pois bem, não acho que a posição foi precipitada. Aliás, minha posição foi antecipada em 2014. Acho que a posição (do PMDB) veio na hora certa”, defendeu Jucá, ao destacar que a sociedade que estava nas ruas esperava uma posição do maior partido do País.
Para o peemedebista, o governo quer dar um cheque pré-datado para partidos da base aliada para depois da votação do impeachment na Câmara. Ele disse que é uma incógnita saber se o pedido de afastamento vai passar, mas, se a saída não sair de dentro da própria esfera política, sairá de fora com uma “bravata” ou um “outsider” sem saber para onde o País vai. “Vamos pagar um preço maior”, disse.
O presidente do PMDB afirmou que cabe ao Congresso encontrar uma saída nos dois anos e meio, mas ressalvou está enganando quem acredita que resolve o problema barrar um impeachment com 180 votos – são necessários ao menos 172 dos 513 na Câmara para impedir a abertura.
No discurso, Jucá ressaltou que não vai descredenciar, como presidente do partido, quem pensa diferente dele. O senador disse que o PMDB não está pregando o golpe e que ainda não decidiu como votará no pedido de afastamento da presidente. O peemedebista afirmou que não se pode cobrar o PMDB pela crise econômica e afagou Renan ao mencionar que o correligionário ajudou o governo em uma série de votações e propostas.
Para o presidente do PMDB, o partido não pilotou esse avião e Temer não era o copiloto – “estava fora da cabine”. “Nós éramos do PMDB (comissários de bordo). A gente segurava as pessoas, mandava apertar o cinto e dava um saquinho para vomitar”, disse.