No dicionário do brasiliense, “política” é palavrão, aponta pesquisa Metrópoles/Dados
“Péssima” foi a palavra mais usada pelos entrevistados para definir o enredo dos Três Poderes da República. Os inconformados vão direto ao ponto e decretam que a política é uma “merda”
atualizado
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A novela da política brasileira tornou-se um fracasso de público. O enredo estapafúrdio e sem núcleos de mocinhos desiludiu a audiência. Em pesquisa encomendada pelo Metrópoles ao Instituto Dados, os eleitores do Distrito Federal foram provocados a definir em uma palavra o que pensam da política na cidade. E sabe qual o resumo desta triste ópera? “Péssima”, foi o termo escolhido por 17,5% dos eleitores.
Cheios de revolta, os brasilienses soltaram o verbo para expressar o que sentem diante do folhetim político do país. Ao todo, 75,9% dos entrevistados escolheram “merda”, “fraca”, “mediana”, “horrível”, “lixo”, “sujeira”, “vergonha”, “descaso”, “corrupção”, “podre”, “mentirosa”, “incompetência”, “quadrilha”, “facção” e “inoperante” como as palavras que mais representam o que pensam da política.Não é de se estranhar, já que essa trama choca cotidianamente os espectadores. Em episódios recentes, a presidente da República tem enfrentado uma impopularidade enorme dentro e fora das salas de reuniões políticas. Aliados e adversários estão absorvidos pelo processo de impeachment, pauta que fechou o ano do Judiciário, indicando para o início de 2016 cenas dos próximos capítulos dessa crise política.
E no núcleo do Palácio do Planalto não tem par romântico. O partido aliado do governo está dividido. O vice, magoado, escreveu uma carta à chefe, reclamando do papel decorativo que exerce. A plateia de milhões de brasileiros ficou chocada com a cena. E toma-lhe substantivos para definir esse sentimento: “hipócrita”, “sarcástica”, “falsa”, “traição”.
A “tristeza” e o “lamento”, como apontou a pesquisa, foram sentimentos comuns dos cidadãos sobre o tema. “Destruída”, a política chegou ao nível de “desrespeito”, bradaram os espectadores.
Nem adianta olhar o roteiro local com um ar de esperança. Aqui a saga não é menos dramática. Mergulhado em uma grande crise, o governo local não paga salários, aumenta impostos, deixa faltar remédios nos hospitais. A irritação do povo só aumenta. E o cidadão sentencia: é tudo “bandalheira” e “cachorrada”.
A lista de impropérios sacados pelos entrevistados é longa. Das 45 palavras apontadas pelas 1.202 pessoas ouvidas durante o levantamento, apenas cinco são positivas. “Paz”, “trabalho”, “boa”, “ótima” e “honestidade” só foram mencionadas por 0,6% das pessoas ouvidas.
E, obviamente, que não dá para falar de política sem que o clímax seja “pizza”. É o que temos para hoje.