Ao Metrópoles, Rollemberg admite que falhou na articulação política
O chefe do Executivo local foi entrevistado nesta segunda-feira (1º/10)
atualizado
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Governador do Distrito Federal e candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB) admitiu falhas na articulação política no decorrer de sua gestão. O socialista não tem apoio de antigos aliados, como seu adversário Rogério Rosso (PSD) e os senadores Cristovam Buarque (PPS) e José Reguffe (sem partido). “Reconheço que tivemos falhas. Nos dedicamos muito à arrumação das contas e isso acabou, de certa forma, nos afastando da política”, argumentou em entrevista ao Metrópoles, nesta segunda-feira (1º/10).
A respeito dos embates com categorias do funcionalismo público, Rollemberg disse que os servidores foram prioridade em sua gestão. “Nós priorizamos o servidor público. Quando chegava por volta do dia 20, a gente suspendia todos os pagamentos de fornecedor para garantir salário em dia”, explicou. O buritizável pontuou outros feitos, como o aumento de sete para 30 dias do período destinado à licença-paternidade.
Mas, apesar do discurso do governador de que priorizou a categoria, os funcionários públicos do GDF são os que mais criticam a gestão do atual chefe do Palácio do Buriti e responsáveis por parte significativa da rejeição de 52% do eleitorado ao nome de Rollemberg.
Em relação ao slogan de sua campanha – Casa Arrumada, Hora da Virada –, principalmente quando perguntado acerca das frequentes reclamações de pacientes da rede pública de saúde, o buritizável reconheceu que ainda há muito o que fazer. Após questionar relatório de auditoria do Tribunal de Contas do DF (TCDF) sobre problemas em 90% das escolas administradas pelo GDF, Rollemberg garantiu não ter sido notificado. “Nunca recebi esse documento”, alegou. E insistiu que a desobstrução da Orla do Lago Paranoá é uma de suas principais ações no atual mandato.
Tenho caminhado pelas ruas das cidades e sentido o ambiente cada vez melhor. É claro que existe uma rejeição natural. Uma indignação justa da população com tudo que vem acontecendo com o Brasil e com Brasília. O que a gente foi capaz de fazer, reconhecendo que o nosso governo tem falhas, foi colocar as contas em dia
Rodrigo Rollemberg
O chefe do Executivo local tem 12% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada na sexta (28/9). O socialista está empatado tecnicamente com Eliana Pedrosa (Pros), que tem 16%. Alberto Fraga (DEM) aparece com 10% e Rogério Rosso (PSD), 8%. À frente de todos, Ibaneis Rocha (MDB) soma 24%.
Veja a entrevista:
Corrupção
Questionado pela diretora-executiva do Metrópoles, Lilian Tahan, sobre as recentes operações policiais que investigam corrupção dentro do Governo do Distrito Federal, Rollemberg saiu em defesa de sua gestão e afirmou que as ações começaram por iniciativa da administração pública. “Tem gente aí presa ligada a outros candidatos”, destacou.
Na Operação (12:26), por exemplo, Carlos Augusto Rollemberg, o Guto, advogado e irmão do governador, é apontado como o principal foco das apurações que envolvem, nas palavras dos investigadores, suspeitas de “advocacia administrativa” e “tráfico de influência” praticados por uma “organização criminosa”.
As operações Checklist, em 2017, e Trickster, este ano, também investigam fraudes no transporte público da capital na gestão do socialista.
A operação mais recente, deflagrada em 18 de setembro, tem como alvo a concessão de benefícios à empresa R2 Produções, organizadora do Na Praia. De acordo com a Polícia Civil, o inquérito teve início em 2017, durante o mandato de Rollemberg, a partir de suspeita de desvio de recursos que deveriam ser usados em projetos sociais por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
“Crime”
O governador ainda defendeu a transformação do Hospital de Base em instituto, uma ação de seu governo que sofre críticas de adversários, Ministério Público e sindicatos. Sobre as promessas de concorrentes de voltar ao modelo antigo, o socialista afirmou ser “um crime contra a saúde”. “Descobrimos o modelo adequado, e se a gente adotar no Hmib, Hospital do Gama, de Ceilândia, vai melhorar”, completou.
O político disse estar convicto de que avançará nas eleições. “Me traga no dia 8 aqui, porque certamente virei para falar de segundo turno”, desafiou.
Promessas
No rol das promessas para um segundo eventual mandato, Rollemberg ressaltou que irá investir em moradia. O governador se comprometeu, caso reeleito, a construir 50 mil unidades habitacionais. Garantiu ainda que todas as pessoas receberão suas escrituras e que vai dar continuidade, “com celeridade”, ao processo de regularização de condomínios.
Na educação, previu a criação de 25 mil vagas para colocar “todas as crianças de 6 meses a 5 anos em creches ou na educação infantil”. O governador em busca da reeleição também prometeu expandir a cobertura em 100% do programa Saúde da Família.
Perfil
Com 59 anos, Rollemberg termina seu mandato no Palácio do Buriti e se coloca na disputa para reeleição com apoio de Rede, PDT, PV e PCdoB. O candidato a vice da chapa Brasília de Mãos Limpas é o presidente do PV-DF, Eduardo Brandão.
Formado em história pela Universidade de Brasília (UnB), chegou a trabalhar como colaborador em Textos Políticos da História do Brasil de Roberto Amaral e Paulo Bonavides, um dos livros de referência histórica do país.
É filiado ao PSB desde 1985. Foi duas vezes deputado distrital (de 1995 a 1996 e de 1999 a 2002), secretário de Turismo (de janeiro de 1996 a abril de 1998), secretário de Inclusão Social do Ministério de Ciência e Tecnologia (de 2004 a 2006), deputado federal (de 2007 a 2010) e senador (de 2011 a 2014).
Entrevistas
Em agosto, o Metrópoles sabatinou 10 dos 11 candidatos ao Governo do Distrito Federal: Alberto Fraga (DEM), Alexandre Guerra (Novo), Eliana Pedrosa (Pros), Fátima Sousa (PSol), general Paulo Chagas (PRP), Guillen (PSTU), Ibaneis Rocha (MDB), Júlio Miragaya (PT), Renan Rosa (PCO) e Rogério Rosso (PSD).
Nesta nova rodada de entrevistas, já foram entrevistados: Alexandre Guerra, Eliana Pedrosa, Fátima Sousa, Júlio Miragaya, Alberto Fraga e Paulo Chagas.