Marta recusa convite para ser vice de Meirelles e sai da política
De saída do partido, a senadora ainda comunicou ao presidente do MDB, Romero Jucá, que não pretende disputar reeleição
atualizado
Compartilhar notícia
A senadora Marta Suplicy (MDB-SP) comunicou nesta sexta-feira (3/8) ao presidente nacional do partido, Romero Jucá (RR), que não será candidata a vice na chapa ao Palácio do Planalto, encabeçada pelo ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A senadora ainda informou a Jucá que está de saída do MDB e que não pretende disputar sua reeleição.
“Estou deixando a vida parlamentar e partidária, mas tenho muitos planos e estudo novas trincheiras de participação política na sociedade”, disse.
Marta estava desde setembro de 2015 no MDB, após ter deixado o PT, partido no qual construiu sua carreira política. Ela está no último ano do mandato no Senado.
Na saída, Marta entregou ao partido a “Carta aos Paulistas”, na qual agradece os 8,5 milhões de votos que teve para o Senado em 2010 e critica os rumos da política brasileira.
Leia a íntegra da carta abaixo:
Carta aos paulistas
“Muitas vezes, vi-me em tempos de travessia. Em alguns deles, acreditei ter luzes no outro lado do rio. Agora, com toda a energia necessária para continuar remando, tomei a decisão sobre o futuro da minha vida política, encarando a realidade de frente, para poder seguir com coerência, ousadia e coragem.
Anuncio que não concorrerei à reeleição a senadora da República pelo Estado de São Paulo e comunico a minha desfiliação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Não é novidade que os partidos políticos brasileiros, de forma geral, encontram-se fragilizados, acuados e sem norte político. Não mais conseguem dar respostas à crise de credibilidade que se abateu sobre eles e nem tampouco estão empenhados na mudança de posturas que os levaram à mais grave crise de suas histórias. Orientam suas movimentações políticas pela lógica exclusiva de fazerem crescer suas bancadas parlamentares com o objetivo perverso e mesquinho de fortalecerem-se na divisão e loteamento de cargos e espaços de poder.
A relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável “toma lá dá cá”, afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado.
O Congresso Nacional, hoje, na sua maioria, não tem se colocado a favor das causas progressistas, fundamentais para o avanço da sociedade. Ao contrário, tornou-se refém de uma agenda atrasada dos costumes da sociedade, negando-se a reconhecer e a regulamentar as relações entre as pessoas de forma a contemplar as diversidades das sociedades modernas e a respeitar os direitos individuais do ser humano.
Quero agradecer aos 8,3 milhões de paulistas que me deram a oportunidade de, nos últimos 8 anos, trabalhar como senadora defendendo as bandeiras que me levaram à vida pública: o combate às desigualdades e às injustiças sociais, a militância pelos direitos de cidadania das mulheres e da população LGBTI e pela igualdade de oportunidades para todos.
Neste momento, creio que poderei contribuir mais para mudanças atuando na sociedade civil do que continuando no parlamento. Permanecerei participando politicamente da vida pública brasileira. A partir de 2019, não mais como parlamentar, mas em todas as trincheiras que me levem ao lado da defesa dos interesses dos mais pobres, dos injustiçados e na luta pelo empoderamento das meninas e das mulheres.
Estou convencida de que o Brasil precisa de um projeto nacional de desenvolvimento estruturado que abranja setores fundamentais para o crescimento do país. Temos de aumentar, significativamente, a produção e a riqueza. Isso possibilitará todo brasileiro e toda brasileira terem educação de qualidade, saúde, segurança e um emprego para trabalhar e viver com dignidade.
São Paulo, 03 de agosto de 2018.
Senadora Marta Suplicy”
Confira, abaixo, nota do MDB sobre a decisão de Marta Suplicy:
“O presidente do MDB, senador Romero Jucá, confirma o pedido de desfiliação da senadora por São Paulo, Marta Suplicy, que sai por motivos pessoais. Os dois se falaram há pouco pelo telefone. O partido lamenta, mas respeita a decisão da senadora. Pessoalmente, o senador afirma “ter carinho e respeito por toda sua trajetória ao longo dos anos na vida pública e política do país”. A senadora estava filiada ao MDB desde setembro de 2015″.