Mariana Lovis, ex de Cristiano Araújo, também tinha cargo junto ao PP
Ela ganhava R$ 11.829,80. A relação entre o distrital e o Partido Progressista foi levantada em operação da PF no âmbito da Lava Jato
atualizado
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Embora esteja filiado ao PSD, as relações do deputado distrital Cristiano Araújo com o PP, comandado nacionalmente pelo senador Ciro Nogueira, ultrapassam o fato de ambos ocuparem cargos eletivos no Poder Legislativo. Além da lotação da mãe do parlamentar do DF, Maria de Lourdes Nogueira de Araújo, no gabinete da 2ª Vice-Presidência da Câmara federal por indicação do federal André Fufuca (PP-MA), a ex-mulher de Cristiano Araújo, Mariana Lovis, também trabalhava para o PP na Câmara dos Deputados.
Mãe de um filho de Cristiano Araújo, Mariana Lovis ocupou entre fevereiro de 2016 e 23 de maio de 2018 o cargo de secretária parlamentar no gabinete do ex-deputado pastor Franklin Roberto de Lima Souza, do PP mineiro. No período, recebeu mensalmente pelos serviços prestados R$ 11.829,80.
A publicitária já havia atuado no Legislativo federal. Em outubro de 2015, Mariana era lotada no gabinete do senador Hélio José, no PSD à época e hoje no Pros. Com remuneração similiar, de R$ 11.820,22, a suspeita sobre a então esposa de Cristiano Araújo era de ser funcionária fantasma. No entanto, ela ressaltou que trabalhava de casa.“Eu não preciso estar lá para ajudá-lo [o senador Hélio José], trabalho de casa”, disse na ocasião.Pouco depois, a situação mudou e Mariana Lovis foi engrossar as fileiras dos servidores progressistas. A ligação entre a legenda, que abriga boa parte dos familiares do deputado distrital em cargos comissionados, só foi exposta após Operação da Polícia Federal.
Busca e apreensão realizada na casa do senador e presidente nacional do partido, Ciro Nogueira, em 24 de abril, levaram a um envelope com dinheiro e contracheques de Rogério Cavalheiro. Nome pouco comum no cenário político, Cavalheiro estava lotado na Liderança do PSD na Câmara Legislativa do Distrito Federal, cargo que pressupõe indicação de Cristiano Araújo.
Questionado pelas autoridades da força-tarefa, o funcionário assumiu devolver parte dos R$ 11,7 mil que recebia mensalmente para a mulher de Nogueira, a deputada federal Iracema Portella, também do Partido Progressista.
Em depoimento à Polícia Federal, Cavalheiro reconheceu entregar para a deputada mais de R$ 7 mil de sua remuneração e guardar os outros R$ 4 mil a pedido da congressista. O caso ainda é alvo de apuração. No entanto, o servidor foi exonerado por Cristiano Araújo nessa quarta-feira (27/6).
Amizade
Amigo de Ciro Nogueira, Rogério Cavalheiro ocupou o disputado cargo do Legislativo distrital desde janeiro de 2017, sob a chancela de Araújo. A mãe do parlamentar do DF, Maria de Lourdes Nogueira Araújo, era nomeada no cargo de secretária particular da 2ª Vice-Presidência da Câmara dos Deputados, ocupada atualmente por André Fufuca, filiado ao partido comandado por Nogueira.
Mariana Lovis seguiu os passos de amigos e familiares e iniciou o trabalho com Franklin Roberto de Lima Souza. Ela só foi exonerada em 23 de maio de 2018 porque o pastor Franklin, como é conhecido, foi afastado do cargo de titular do mandado após recontagem de votos na Legislatura 2015-2019.
Um concorrente do pastor para o cargo de deputado federal em Minas Gerais pediu a recontagem do resultado das eleições proporcionais de 2014 e teve a solicitação deferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por meio de nota, o deputado distrital Cristiano Araújo (PSD) informou que “não tem relações políticas com o senador Ciro Nogueira ou com a deputada Iracema Portella”. Disse ainda não ter “o que declarar sobre assuntos que possam envolver o nome da ex-mulher, em relação a cargo de assessoria que tenha ocupado em gabinete de parlamentar do PP, na Câmara dos Deputados.” Mariana Lovis e Cristiano Araújo separaram-se em abril de 2017.