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“Lá no meu gabinete tá cheio de analfabeto”, diz Celina em novo áudio

Em mais um grampo de Liliane Roriz, a presidente da Câmara revela que contratou apoiadores apenas por terem votado nela e insinua que Rollemberg fuma maconha demais

atualizado

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Uma nova gravação da distrital Liliane Roriz (PTB) entregue ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) tensiona ainda mais a crise aberta na política local a partir das denúncias de um esquema de propina que envolveria integrantes da Mesa Diretora da Câmara Legislativa.

No áudio, a presidente da Casa, Celina Leão (PPS), que tem como interlocutora Liliane Roriz, admite que contratou analfabetos para o próprio gabinete e que distribuiu cargos de confiança para quem votou nela. Em um dos trechos, Celina dá a entender que alguns servidores não têm o costume de bater ponto, o que poderia ser uma referência a funcionários fantasmas.

No início do grampo, é mencionada uma pessoa que “fuma maconha demais”. Segundo reportagem de O Globo, que divulgou o áudio na noite desta quarta-feira (17/8), Celina estaria se referindo ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

“O Fabrício acha que ele fuma maconha demais”, diz Celina, citando o próprio marido, Fabrício Faleiro Ferreira Hizim. “É, já me falaram isso”, completa Liliane.

Tanto o áudio divulgado na noite desta quarta-feira (17) quanto os vazados no início da tarde foram editados. Por essa razão, não é possível ter certeza sobre o contexto em que os diálogos ocorreram.

Ouça a gravação:

Por meio de nota, o governador Rodrigo Rollemberg afirmou que não vai comentar o grampo, e alfineta as distritais.

O próprio conteúdo da conversa demonstra a qualidade dos interlocutores

Rodrigo Rollemberg, governador do DF

Celina Leão não atendeu aos telefonemas da reportagem para explicar o teor da conversa.

Confira a transcrição dos áudios

Maconha
Celina Leão: Sei lá, não sei. O Fabrício acha que fuma maconha demais
Liliane Roriz: Já me falaram isso
Celina: (…) Você foi naquele dia em dezembro?
Liliane: Fui não.
Celina: A gente foi lá. A conversa dele estava estranha (risos). Que conversa de maconheiro da porra que é aquela, Celina? O Fabrício falou desse jeito. E é verdade. Ele só falava de planta. Não falava dos problemas da cidade, só falava do pequi. Que ele vai plantar não sei o que, entendeu?

Analfabetos e folha de ponto
Celina Leão:
Lá no meu gabinete tá cheio de analfabeto lá, que não sabe fazer nada, mas são as pessoas que me ajudaram. Tem hora que falta gente para escrever um ofício. Eu chamei meu grupo agora no começo do ano. O que que aconteceu? Tinha gente que as meninas ligavam para assinar a folha de ponto e reclamou: “Ah tem que assinar folha de ponto”. Chamei todo mundo. Falei que quem não fosse na reunião, (…) eu já ia mandar embora. A pessoa não pode ir na reunião, eu chamo uma vez por ano, não tem tempo para mim? Tchau. né?

Licitação
Celina Leão:
A empresa que ganhou a licitação foi a Confederal, nós vamos ter lá 17 vagas, vou dar uma pra cada um que votou em mim, vai sobrar uma (…) Tô te contando agora, vou dar, tenho que dar pra galera que tá comigo, é instrumento de poder, é o que eu tenho para dividir com as pessoas que estão no nosso projeto político.

“Sacanagem”
Celina Leão:
Se a gente não se proteger ali, nós somos deputados, sacanagem rola solta em cima da gente, e fiz isso com todo mundo, até com Chico Vigilante, de segurar três pedidos de informações dele pro Ministério Público, a resposta quem fez foi nem eu, foi o chefe de gabinete dele, mesmo depois dessa confusão inteira. 

Crise
Os primeiros grampos foram divulgados horas depois de Liliane Roriz renunciar à vice-presidência da Câmara Legislativa. Segundo a distrital contou ao MPDFT, haveria um suposto esquema de desvio de recursos instalado na saúde envolvendo integrantes do Legislativo local.

Liliane teria começado a grampear os colegas no fim do ano passado, quando os parlamentares decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Casa. Em um primeiro momento, os recursos seriam destinados ao GDF para custear reformas nas escolas públicas. De última hora, no entanto, o texto do projeto de lei foi modificado e o dinheiro – R$ 30 milhões de um total de R$ 31 milhões – realocado para a Saúde. O valor foi destinado ao pagamento de serviços vencidos em UTIs da rede pública.

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